Quincy Jones redefiniu a música pop no século XX ao trabalhar com praticamente todas as estrelas do gênero (Frederic J. Brown / AFP)
Repórter colaborador
Publicado em 4 de novembro de 2024 às 09h07.
Tido como o maior produtor musical de todos os tempos, Quincy Jones morreu neste domingo, em Bel-Air, Califórnia, aos 91 anos.
Seus trabalhos com o Rei do Pop, Michael Jackson, ficaram eternizado na mente das pessoas. Vieram da batuta de Quincy Jones os álbuns "Off The Wall" (1979), "Thriller" (1983) e "Bad" (1987). Esses trabalhos foram realizados quando Michael já havia se desligado do The Jackson Five.
"Thriller", por exemplo, vendeu mais de 20 milhões de cópias somente no ano de seu lançamento. Continua sendo o disco mais vendido de todos os tempos - algo em torno de 120 milhões de cópias.
Outro trabalho memorável de Quincy foi em "We Are The World", que reuniu dezenas de estrelas da música em 1985, como Lionel Richie, Bob Dylan, Tina Turner, Stevie Wonder, Cindy Lauper e Bruce Springsteen, para arrecadar fundos para a luta contra a pobreza na África. Um documentário recente da Netflix, "A Noite que mudou o Pop", mostra os bastidores das gravações.
Quincy Jones trabalhou ao lado de nomes de peso da música mundial como Frank Sinatra, Aretha Franklin, Ella Fitzgerald, Donna Summer e Céline Dion. Com Sinatra, aliás, a parceria começou 1958, quando ele foi contratado por ninguém menos que Grace Kelly, princesa consorte de Mônaco, para conduzir e fazer arranjos para a bandar do artista em um evento de caridade. Jones e Sinatra continuaram trabalhando em projetos até o último álbum do cantor, LA Is My Lady, em 1984.
Aos 14 anos, começou a tocar em uma banda com Ray Charles, então com 16 anos, em clubes de Seattle no final da década de 40. Ele estudou música na Universidade de Seattle, transferindo-se para continuar seus estudos em Boston. Então se mudou para Nova York após ser recontratado pelo líder de banda de jazz Lionel Hampton, com quem ele havia feito turnês quando estava no ensino médio.
Na Big Apple, um de seus primeiros shows foi tocando trompete na banda de ninguém menos que Elvis Presley, numa de suas primeiras aparições na TV, conhecendo também nomes do quilate de Charlie Parker e Miles Davis (em 1991, Jones conduziu a última apresentação de Davis - isso dois meses antes de sua morte).
A carreira musical solo de Quincy decolou no final dos anos 1950, gravando álbuns sob seu próprio nome como líder de banda para conjuntos de jazz que incluíam lendas como como Charles Mingus, Art Pepper e Count Basie.
O produtor americano também trabalhou com estrelas da música do Brasil, como Milton Nascimento, Ivan Lins e Simone.
Jones e Milton mantiveram uma relação de amizade desde 1967. Durante a pandemia, o músico brasileiro postou em seu Instagram um print de uma chamada de vídeo que recebeu do lendário produtor.
Outro brasileiro que fez parte da história musical de Quincy Jones é o percussionista Paulinho da Costa. O músico era constantemente convidado pelo americano para participar de gravações em estúdio e colaborou com a trilha sonora de O Feiticeiro.
Jones ainda ganhou um Grammy por uma versão da música Velas, de Ivan Lins, e convidou a cantora Simone para participar de duas edições do tradicional Montreux Jazz Festival.
Entre suas premiações estão 28 Grammys, dois Oscars honorários e um Emmy.