Da Escócia para a selva amazônica
Macallan apresenta nova estratégia da marca para estreitar as relações com o Brasil
Guilherme Dearo
Publicado em 10 de dezembro de 2019 às 07h00.
Última atualização em 10 de dezembro de 2019 às 08h00.
A venda de uma garrafa de uísque Macallan por US$ 1,9 milhão em outubro mostra o tamanho do fascínio exercido pelo single-malt escocês. A cifra, um recorde, foi desembolsada em um leilão promovido pela Sotheby’s em troca de um exemplar de 60 anos, destilado em 1926, da série Fine and Rare.
Feitas as contas, cada dose degustada pelo comprador, mantido no anonimato, terá o sabor de US$ 111 mil, um quinto de quanto a Sotheby’s estimava amealhar com a garrafa toda.
O recorde anterior pertencia à mesma destilaria e foi registrado no ano passado, quando um exemplar daquele mesmo lote foi arrematado por US$ 1,2 milhão em um leilão.
Importados pela Aurora, os uísques da marca à venda no Brasil custam entre R$ 450 e R$ 3.600.
O mais em conta é o The Macallan Triple Cask 12 anos, que envelhece durante esse tempo todo em barris de três tipos - carvalho europeu, carvalho americano usado anteriormente para acondicionar jerez e carvalho americano usado na produção de bourbon.
O The Macallan Rare Cask é o mais caro. É a combinação de single malts envelhecidos em 16 tipos de barris raríssimos, alguns impossíveis de replicar.
Entusiastas dos single malts tendem a considerar os valores cobrados mais do que justos. Convencer quem não tem muita intimidade com o assunto são outros quinhentos - para efeito de comparação, o single malt Glenfiddich 12 anos custa R$ 375; o Johnnie Walker Double Black, um blended, sai por R$ 222, a garrafa de 1 litro.
No Brasil, o principal responsável por esmiuçar os diferenciais da Macallan é Maurício Leme, o gerente local da marca. “A Macallan gasta 12 vezes mais com barris do que as demais destilarias e isso faz toda a diferença”, diz ele.
Em novembro, ele promoveu um fim de semana de experiências etílicas no Cristalino Lodge, situado numa reserva particular de 11 mil hectares em Alta Floresta, no Mato Grosso (as diárias partem de R$ 1.400, mais taxas).
Os hóspedes puderam participar de uma degustação guiada dos principais single malts da destilaria, de um jantar harmonizado com uísque e de uma happy hour com direito a uma variação do drinque Blood and Sand feita com cupuaçu.
O fim de semana de experiências, que deverá ser repetido duas vezes em 2020, em datas ainda não definidas, dá início à nova estratégia da marca para estreitar as relações com o Brasil. “A Macallan quer mostrar a conexão com o país”, diz Leme, que pretende replicar a iniciativa em outras regiões.
O Cristalino foi escolhido para reforçar que o luxo promovido pela destilaria é o despojado - as atividades promovidas pelo hotel se resumem a caminhadas, observação de animais, passeios de barco e caiaque.
Já o drinque escolhido para a happy hour, o Blood and Sand com cupuaçu, é quase uma provocação de Leme. “Nós nunca vamos promover Whisky Highball ou Whisky Soda com Macallan”, promete, alfinetando as marcas que pretendem aumentar as vendas com drinques do tipo, extremamente refrescantes.
“Nossos uísques merecem ser degustados sem nada, com umas gotas de água, para realçar os aromas, ou em coquetéis que não destruam suas características”, completa ele.