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Copiadores ficam à espreita durante semanas de moda

Estilistas mostram nas passarelas suas criações, mas versões mais baratas chegarão em um mês às vitrines, graças aos estilistas das grandes lojas

Desfile em Milão: para alguns, inspiração. Para outros, se trata apenas de cópia (Tiziana Fabi/AFP)
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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2014 às 12h40.

Paris - Os estilistas mostram durante esta temporada nas passarelas suas criações de prêt-à-porter, mas versões mais baratas chegarão em um mês às vitrines, graças aos estilistas das grandes lojas, que assistem e decompõem os looks.

Para alguns é pura inspiração, mas para outros se trata apenas de cópia.

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O fenômeno chegou a tal ponto que é quase impossível combatê-lo.

Em plena Semana de Moda de Milão e faltando poucas horas para o início do evento de nove dias em Paris , que começa nesta terça-feira, esses estilistas estão a toda velocidade, analisando as imagens disponíveis na internet em busca dos looks que prometem virar moda.

Existem equipes preparadas para "produzir algo literalmente em 24 horas", disse em entrevista à AFP Jane Banyai, da organização de estilistas britânicos Acid, encarregada de lutar contra as cópias.

Nos anos 1950, os exemplares da revista Paris Match mostravam imagens dos desfiles de moda, mas com grandes linhas pretas para impedir a cópia dos modelos. Naquela época os desfiles eram verdadeiros acontecimentos reservados a poucos privilegiados.

Hoje as imagens das passarelas dão a volta ao mundo em um dia através dos smartphones.

"É extremamente fácil reproduzir as peças. Uma fotografia chega à Ásia em alguns segundos e pode passar para fase de fabricação em poucos minutos", explica Jane Banyai.

As revistas femininas se acostumaram a dedicar páginas inteiras com a comparação de modelos de estilistas e as outras "para o público em geral".

Obrigados a ceder

Segundo Kal Raustiala, professor da universidade americana Ucla, esta prática é tão comum que a maioria dos estilistas se sentem desarmados para enfrentar.

"As imitações estão por toda parte. Se considera praticamente que fazem parte da realidade do nosso mundo", disse Raustiala à AFP. O professor se interessou pelo tema depois que um amigo que trabalha no mundo da moda contou que viajou para Londres para fazer "shopping comparativo".

"Ele foi para Londres para observar as peças, fazer fotos e trazer as coisas para copiar. Me surpreendi ao ver que era legal e algo recorrente", contou.

Michael Chan, advogado especializado em direito de propriedade intelectual, desaconselha até que seus clientes levem à justiça os casos de cópias de suas criações.

"A não ser que exista realmente um motivo concreto, alguém é obrigado a deixar passar", disse.

"Se você faz uma estampa de leopardo e alguém faz outra apenas um pouco diferente, o ciclo é rápido demais para tentar algo" contra, explica.

Mas, às vezes, os estilistas atacam. Yves Saint Laurent levou Ralph Lauren para os tribunais pela falsificação de um vestido smoking e ganhou o processo em 1994.

Mais recentemente, em 2007, a grande cadeia de moda Topshop teve que destruir milhares de vestidos amarelos após ter sido denunciada pela marca Chloé.

A cadeia britânica negou que se tratava de uma cópia, mas aceitou pagar 12.000 libras (15.000 euros) em indenização e gastos judiciais para, segundo o presidente Philip Green, evitar uma batalha interminável.

Jane Banyai estima que a cópia causa mais problemas aos jovens estilistas que às empresas tradicionais.

"Para os pequenos, vender uma peça pode ser questão de sobrevivência. Os grandes, concentrados em suas outras três coleções, não parecem muito preocupados e podem considerar (a cópia) um elogio”, conclui.

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