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Com programa, Danilo Gentili é novo rei da noite

O sucesso, as mulheres e as piadas do programa de fim de noite de Danilo Gentili

Formato da atração segue o modelo dos programas de fim de noite da TV dos EUA, apresentados por nomes como David Letterman e Jay Leno (Thiago Bernardes/Contigo)
RK

Rafael Kato

Publicado em 21 de maio de 2012 às 14h04.

São Paulo - Depois de uma noite mal dormida, Danilo Gentili estava disposto para encarar as reuniões que antecedem a gravação do programa Agora é Tarde, da TV Bandeirantes. O motivo oficial de seu mal estar era —como os médicos gostam de dizer — uma virose. Mas o humorista não via razões para esconder algo pelo qual todo homem já passou. “Eu estava com uma caganeira”. Assim é Gentili, 32 anos, 3.238.149 (e contando) seguidores no Twitter e dono de uma língua rápida e feroz.

É bom não se deixar enganar pelo visual certinho que o humorista assumiu na televisão. O paletó e a gravata fazem parte do figurino da Band. Não é o seu verdadeiro jeito de ser. Ao chegar ao corredor dos camarins, Gentili vestia calça jeans, tênis e camiseta. E era ali mesmo, no corredor, que ele começa a organizar o programa daquela noite. Trocava sugestões com o diretor e com os companheiros de palco Léo Lins e Murilo Couto. A conversa só é interrompida quando a apresentadora do Vídeo News Nadja Haddad passa por eles com um vestido vermelho curtíssimo.

O programa de Gentili foi ganhando espaço ao poucos. Em junho de 2011, passava às quartas e quintas. Depois, ganhou a terça-feira. E, com picos de audiência de até seis pontos, recebeu também a sexta-feira. Mas a vida não está ganha. No mesmo dia em que foi negociar seu contrato com a presidência da emissora, Gentili recebeu broncas. “Falaram para eu maneirar no palavrão. Eu falo muito, então eles têm que colocar ‘pi’ o tempo todo”.

“Eu tive medo do programa não dar certo. Não sabia nem se o programa seria na Band. Mas, depois de gravarmos um piloto redondo, nós ficamos mais tranquilos e fomos acertando aos poucos”, diz o humorista. O formato da atração segue o modelo dos programas de fim de noite da TV dos EUA, apresentados por nomes como David Letterman e Jay Leno. Perguntado se o quadro em que são exibidos vídeos dos expectadores foi inspirado no talk-show do americano Jimmy Kimmel, Gentili não esconde: “Nós copiamos mesmo. Na cara dura”.

Mas toda a diferença do Agora é Tarde está no roteiro. “Não sou preguiçoso. E ninguém é preguiçoso aqui. Não vou ficar lendo e-mail e piadinha do espectador na abertura”, fala numa clara provocação a Jô Soares. Embora reescreva algumas piadas minutos antes de gravar, o trabalho é coletivo. Parte desse trabalho, por exemplo, acontece no camarim no qual Gentili se troca ao lado de Léo Lins, Murilo Couto e Marcelo Mansfield — não, eles não brigaram; tudo o que esta neste vídeo foi combinando. “Não tem reunião. Esta é a reunião”, brinca o último. As boas sacadas podem acontecer em qualquer lugar: no corredor, na maquiagem, na passagem do roteiro e, muitas delas, espontaneamente, no ar.


“Isso aqui é um programa de entretenimento. Você pega os americanos, eles vão se vender no Letterman e no Jay Leno. Fazem todo o circuito de Manhattan. Meu sonho é ver o entrevistado participando de uma piada combinada antes, como acontece lá. O cara ainda mostra para o público que é engraçado”, diz. Danilo só conseguiu combinar roteiro com Marília Gabriela. E isso foi no primeiro programa.

Seguindo a mesma linha, Gentili gostaria de levar Jô Soares ao seu sofá. “Seria do Car#$%. Mas eu sei que ele não toparia. Jô disse no Roda Viva [da TV Cultura] que era deselegante falar sobre meu programa. Mas eu sei que ele assiste. Deu para ver algumas mudanças lá. A gente criou o Jornal do Futuro e depois ele veio com o Jornal Irreal [o nome verdadeiro do quadro é Jornal Falhado]”, comenta o humorista. “Nos EUA, os apresentadores vão aos concorrentes, fazem piadas entre si. Isso não existe por aqui”.

Ele também não finge cometer erros de Português. “Teve uma crítica que tentou me desmoralizar. Mas eu me zoo por causa disso desde o primeiro programa”. Danilo deixa claro que não sabe falar Inglês. “Eu só consigo ver esses programas legendados. É uma grande frustração minha”. O problema também aparece ao falar palavras estrangeira no ar. Quando estava passando o roteiro com a produção, leu revival com a pronúncia revivau. Foi imediatamente corrigido, olhou para mim e disse: “lá vai o jornalista escrever que eu não sei inglês”. Só que não teve jeito. Cometeu o erro no ar e Roger, vocalista do Ultraje a Rigor, precisou emendar a maneira certa de se falar.

Famoso e com dinheiro, não seria difícil imaginar que as mulheres correm atrás de Gentili. Só que são elas que o procuram. Elas querem a vaga de assistente de palco. A única regra da competição é a seguinte: ser gostosa. “Eu ainda nem sei se vou contratar uma delas. Acho que vamos fazer um pequeno reality com as melhores”. E está errado quem pensa que a vaga é só uma desculpa para o apresentador conhecer novas mulheres. “São todos lerdos aqui. Ninguém comeu ninguém”, afirma. O comportamento casto é confirmado por Léo Lins: “Aqui ninguém cheira, fuma ou come alguém. Nem parece que estou na TV”.

Só que não é assim que elas pensam. Uma das candidatas, a gaúcha Fabiana Blotz (que, por sinal, ficou hospedada na casa de Murilo Couto) se jogou sobre Gentili no palco e, nos bastidores, pediu para que o apresentador subisse o zíper do vestido — a mesma estratégia foi usada por ela para atrair minha atenção.

No final da gravação, Gentili estava sentado em uma cadeira de plástico, vestindo novamente jeans e moletom. Checava o seu Twitter pelo iPhone. Esgotado, Gentili queria apenas sair dali para jantar. Voltava a ser um cara comum, como qualquer outro. E que, de vez em quando, tem uma caganeira.

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São Paulo - Depois de uma noite mal dormida, Danilo Gentili estava disposto para encarar as reuniões que antecedem a gravação do programa Agora é Tarde, da TV Bandeirantes. O motivo oficial de seu mal estar era —como os médicos gostam de dizer — uma virose. Mas o humorista não via razões para esconder algo pelo qual todo homem já passou. “Eu estava com uma caganeira”. Assim é Gentili, 32 anos, 3.238.149 (e contando) seguidores no Twitter e dono de uma língua rápida e feroz.

É bom não se deixar enganar pelo visual certinho que o humorista assumiu na televisão. O paletó e a gravata fazem parte do figurino da Band. Não é o seu verdadeiro jeito de ser. Ao chegar ao corredor dos camarins, Gentili vestia calça jeans, tênis e camiseta. E era ali mesmo, no corredor, que ele começa a organizar o programa daquela noite. Trocava sugestões com o diretor e com os companheiros de palco Léo Lins e Murilo Couto. A conversa só é interrompida quando a apresentadora do Vídeo News Nadja Haddad passa por eles com um vestido vermelho curtíssimo.

O programa de Gentili foi ganhando espaço ao poucos. Em junho de 2011, passava às quartas e quintas. Depois, ganhou a terça-feira. E, com picos de audiência de até seis pontos, recebeu também a sexta-feira. Mas a vida não está ganha. No mesmo dia em que foi negociar seu contrato com a presidência da emissora, Gentili recebeu broncas. “Falaram para eu maneirar no palavrão. Eu falo muito, então eles têm que colocar ‘pi’ o tempo todo”.

“Eu tive medo do programa não dar certo. Não sabia nem se o programa seria na Band. Mas, depois de gravarmos um piloto redondo, nós ficamos mais tranquilos e fomos acertando aos poucos”, diz o humorista. O formato da atração segue o modelo dos programas de fim de noite da TV dos EUA, apresentados por nomes como David Letterman e Jay Leno. Perguntado se o quadro em que são exibidos vídeos dos expectadores foi inspirado no talk-show do americano Jimmy Kimmel, Gentili não esconde: “Nós copiamos mesmo. Na cara dura”.

Mas toda a diferença do Agora é Tarde está no roteiro. “Não sou preguiçoso. E ninguém é preguiçoso aqui. Não vou ficar lendo e-mail e piadinha do espectador na abertura”, fala numa clara provocação a Jô Soares. Embora reescreva algumas piadas minutos antes de gravar, o trabalho é coletivo. Parte desse trabalho, por exemplo, acontece no camarim no qual Gentili se troca ao lado de Léo Lins, Murilo Couto e Marcelo Mansfield — não, eles não brigaram; tudo o que esta neste vídeo foi combinando. “Não tem reunião. Esta é a reunião”, brinca o último. As boas sacadas podem acontecer em qualquer lugar: no corredor, na maquiagem, na passagem do roteiro e, muitas delas, espontaneamente, no ar.


“Isso aqui é um programa de entretenimento. Você pega os americanos, eles vão se vender no Letterman e no Jay Leno. Fazem todo o circuito de Manhattan. Meu sonho é ver o entrevistado participando de uma piada combinada antes, como acontece lá. O cara ainda mostra para o público que é engraçado”, diz. Danilo só conseguiu combinar roteiro com Marília Gabriela. E isso foi no primeiro programa.

Seguindo a mesma linha, Gentili gostaria de levar Jô Soares ao seu sofá. “Seria do Car#$%. Mas eu sei que ele não toparia. Jô disse no Roda Viva [da TV Cultura] que era deselegante falar sobre meu programa. Mas eu sei que ele assiste. Deu para ver algumas mudanças lá. A gente criou o Jornal do Futuro e depois ele veio com o Jornal Irreal [o nome verdadeiro do quadro é Jornal Falhado]”, comenta o humorista. “Nos EUA, os apresentadores vão aos concorrentes, fazem piadas entre si. Isso não existe por aqui”.

Ele também não finge cometer erros de Português. “Teve uma crítica que tentou me desmoralizar. Mas eu me zoo por causa disso desde o primeiro programa”. Danilo deixa claro que não sabe falar Inglês. “Eu só consigo ver esses programas legendados. É uma grande frustração minha”. O problema também aparece ao falar palavras estrangeira no ar. Quando estava passando o roteiro com a produção, leu revival com a pronúncia revivau. Foi imediatamente corrigido, olhou para mim e disse: “lá vai o jornalista escrever que eu não sei inglês”. Só que não teve jeito. Cometeu o erro no ar e Roger, vocalista do Ultraje a Rigor, precisou emendar a maneira certa de se falar.

Famoso e com dinheiro, não seria difícil imaginar que as mulheres correm atrás de Gentili. Só que são elas que o procuram. Elas querem a vaga de assistente de palco. A única regra da competição é a seguinte: ser gostosa. “Eu ainda nem sei se vou contratar uma delas. Acho que vamos fazer um pequeno reality com as melhores”. E está errado quem pensa que a vaga é só uma desculpa para o apresentador conhecer novas mulheres. “São todos lerdos aqui. Ninguém comeu ninguém”, afirma. O comportamento casto é confirmado por Léo Lins: “Aqui ninguém cheira, fuma ou come alguém. Nem parece que estou na TV”.

Só que não é assim que elas pensam. Uma das candidatas, a gaúcha Fabiana Blotz (que, por sinal, ficou hospedada na casa de Murilo Couto) se jogou sobre Gentili no palco e, nos bastidores, pediu para que o apresentador subisse o zíper do vestido — a mesma estratégia foi usada por ela para atrair minha atenção.

No final da gravação, Gentili estava sentado em uma cadeira de plástico, vestindo novamente jeans e moletom. Checava o seu Twitter pelo iPhone. Esgotado, Gentili queria apenas sair dali para jantar. Voltava a ser um cara comum, como qualquer outro. E que, de vez em quando, tem uma caganeira.

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