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Com FHC, "Quebrando o Tabu" discute questão das drogas

O diretor Fernando Grostein Andrade acerta em não fazer um filme panfletário nem de apologia ao consumo de maconha, disfarçado de direito à liberdade individual

Banner de filme com FHC: "Pensar num mundo livre de drogas é uma coisa utópica" (Fotomontagem/Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 2 de junho de 2011 às 19h41.

São Paulo - O mundo perdeu a guerra contra as drogas e as experiências de tolerância zero adotadas, em especial pelos Estados Unidos, se mostram ineficientes. Pior: a repressão aos usuários -- vistos como bandidos, não como doentes -- não apenas reforça os equívocos dos métodos utilizados, como ampliam a crise social provocada pela dependência química.

Em linhas gerais, essas são as questões que o diretor Fernando Grostein Andrade traz para o debate com o documentário "Quebrando o Tabu". Conhecido por "Coração Vagabundo", no qual segue uma turnê de Caetano Veloso pelo mundo, o jovem cineasta quer agora iniciar um diálogo social sobre as drogas, principalmente no que tange à descriminalização do usuário da maconha.

Para isso, chamou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para ser âncora de seu filme. Ele estabelece uma linha de credibilidade ao que é apresentado na tela, juntamente com depoimentos dos ex-presidentes dos EUA Bill Clinton e Jimmy Carter, além de famosos como o escritor Paulo Coelho, o ator mexicano Gael Garcia Bernal e o oncologista Drauzio Varella, entre outros.

O diretor acerta em não fazer um filme panfletário, nem de apologia ao consumo de maconha, disfarçado de direito à liberdade individual. Além de apresentar os fatos como são, por meio de um cioso trabalho de pesquisa, joga luz em experiências que deram certo e errado no mundo na questão do tratamento dedicado aos dependentes.

Um exemplo são os cafés holandeses, que vendem maconha legalmente para o consumo de seus clientes, mas, paradoxalmente, precisam comprar ilegalmente o entorpecente de traficantes. Outro é o projeto português de despenalização do consumo de drogas. Quem é flagrado portando alguma substância é levado a um comitê, que analisa o caso e prescreve um melhor tratamento de desintoxicação, pago pelo governo.

O filme, enfim, não é uma tese, cuja conclusão se chega ao final da projeção. Como o próprio autor defende, é o início de uma discussão sobre o tema com dados e indicadores - em que as animações representam uma boa saída. Longe de seu conteúdo social, o documentário se mostra bem produzido, leve (apesar da gravidade do que se apresenta) e conduzido de forma eficaz.

No entanto, o que se percebe também em "Quebrando o Tabu" é a falta de um gancho forte, de uma polêmica sincera. De algo que possa retirar os espectadores da catarse provocada pela opinião de que determinados assuntos não têm solução. Nesse sentido, a ambição de promover um debate nacional sobre o tema perde força.

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São Paulo - O mundo perdeu a guerra contra as drogas e as experiências de tolerância zero adotadas, em especial pelos Estados Unidos, se mostram ineficientes. Pior: a repressão aos usuários -- vistos como bandidos, não como doentes -- não apenas reforça os equívocos dos métodos utilizados, como ampliam a crise social provocada pela dependência química.

Em linhas gerais, essas são as questões que o diretor Fernando Grostein Andrade traz para o debate com o documentário "Quebrando o Tabu". Conhecido por "Coração Vagabundo", no qual segue uma turnê de Caetano Veloso pelo mundo, o jovem cineasta quer agora iniciar um diálogo social sobre as drogas, principalmente no que tange à descriminalização do usuário da maconha.

Para isso, chamou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para ser âncora de seu filme. Ele estabelece uma linha de credibilidade ao que é apresentado na tela, juntamente com depoimentos dos ex-presidentes dos EUA Bill Clinton e Jimmy Carter, além de famosos como o escritor Paulo Coelho, o ator mexicano Gael Garcia Bernal e o oncologista Drauzio Varella, entre outros.

O diretor acerta em não fazer um filme panfletário, nem de apologia ao consumo de maconha, disfarçado de direito à liberdade individual. Além de apresentar os fatos como são, por meio de um cioso trabalho de pesquisa, joga luz em experiências que deram certo e errado no mundo na questão do tratamento dedicado aos dependentes.

Um exemplo são os cafés holandeses, que vendem maconha legalmente para o consumo de seus clientes, mas, paradoxalmente, precisam comprar ilegalmente o entorpecente de traficantes. Outro é o projeto português de despenalização do consumo de drogas. Quem é flagrado portando alguma substância é levado a um comitê, que analisa o caso e prescreve um melhor tratamento de desintoxicação, pago pelo governo.

O filme, enfim, não é uma tese, cuja conclusão se chega ao final da projeção. Como o próprio autor defende, é o início de uma discussão sobre o tema com dados e indicadores - em que as animações representam uma boa saída. Longe de seu conteúdo social, o documentário se mostra bem produzido, leve (apesar da gravidade do que se apresenta) e conduzido de forma eficaz.

No entanto, o que se percebe também em "Quebrando o Tabu" é a falta de um gancho forte, de uma polêmica sincera. De algo que possa retirar os espectadores da catarse provocada pela opinião de que determinados assuntos não têm solução. Nesse sentido, a ambição de promover um debate nacional sobre o tema perde força.

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