Telstar 18: bolsa da Copa recebeu esse nome por homenagear sua parente distante que foi usada na Copa de 1970 (Twitter/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de janeiro de 2018 às 08h23.
São Paulo - Ela estará presente em todos os jogos da Copa e meses antes de a maior competição de futebol do planeta começar, já chama a atenção de todos.
A bola do Mundial voltou às origens e vai desfilar com seu preto e branco pelos gramados na Rússia.
Os painéis, antigamente chamados de gomos, chegam com um formato inédito e que despertou elogios dos "especialistas".
"Ela é muito bem feita e eu gostei bastante. É uma bola rápida, mas que não varia tanto como outras. Achei realmente muito boa", afirma o goleiro Cássio, do Corinthians.
Ele teve contato com o novo material na Florida Cup e sonha poder segurá-la na Copa - o jogador é cotado para ser um dos três goleiros do Brasil na Rússia.
Na evolução da bola, outro elogio de Cássio é em relação ao contato com suas luvas. "Outra coisa interessante é que ela não escorrega", comenta.
A intenção da fabricante, a Adidas, foi essa mesma: de possibilitar que a bola tenha uma boa trajetória durante o voo, mas que seja possível de defendê-la.
Só que para além do que os olhos enxergam, está uma alta tecnologia que será usada pela Fifa nesta edição.
O chip embutido na Telstar 18, que recebeu esse nome por homenagear sua parente distante que foi usada na Copa de 1970, possibilita uma série de ações. Para a entidade que cuida do futebol, as bolas que estarão nos campos russos poderão ser monitoradas em tempo real.
"O chip funciona como um código de barras. O importante é o leitor, o chip é apenas uma parte. Na Copa, a Fifa consegue ter todos os dados reais da bola, como deslocamento, velocidade, posicionamento global... A decodificação será feita só para a Fifa com as bolas da Copa", revela Bruno Almeida, gerente sênior de relações públicas da adidas.
"Para o torcedor, a bola terá um chip passivo, para evitar o hackeamento da bola. Ele foi desenvolvido para que o consumidor possa interagir", diz.
A história das bolas da Copa mostra justamente essa evolução tecnológica. Se as primeiras encharcavam a ponto de dobrarem seu peso em partidas debaixo de chuva, agora as bolas mais modernas são testadas em laboratório e absorvem apenas 0,8% de água, uma quantidade bem abaixo do limite permitido pela Fifa.
"Toda vez a bola da Copa é uma surpresa. A da Alemanha foi a primeira bola sem costura. Ela tinha os painéis arredondados, mas depois verificou-se que esse formato pode propiciar uma perda pequena na trajetória aérea. Por isso veio a ideia de fazer ângulos mais retos", explica Almeida.
Outro detalhe curioso é que nas últimas edições as bolas eram sempre coloridas. Só que para 2018 a fabricante voltou às origens e utilizou o preto e branco, para delírio de muito torcedor, que diz agora que ela é uma "bola raiz". "Quando ela está girando, lembra a bola de 1970 e tem uma ótima visibilidade. A gente não esquece nossas origens, mas valorizamos a criação", garante.
Ele lembra que os testes em laboratório indicam 20% da qualidade da bola. Os outros 80% vêm do feedback dos jogadores.
E se o torcedor ainda está se acostumando com a Telstar 18, na sede da empresa, na Alemanha, ela já faz parte do passado. O processo de criação da bola da Copa de 2022, no Catar, já começou.
"A cada ciclo de Copa começam os estudos e preparação para a próxima bola. Quando fui na empresa, já tinha uma parte interditada no laboratório por causa disso. É um segredo total", avisa.