Colecionador colombiano Jorge Salazar e suas muitas edições de 'Cem anos de solidão'. (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 25 de outubro de 2022 às 14h10.
Última atualização em 25 de outubro de 2022 às 14h39.
Ele tem exemplares em tâmil, armênio, azeri e outras 45 línguas da obra-prima do Prêmio Nobel de Literatura colombiano. Jorge Iván Salazar coleciona, há 16 anos, edições de Cem Anos de Solidão, o famoso romance de Gabriel García Márquez.
Cuidadosamente organizados, centenas de livros se alinham nas prateleiras de sua biblioteca particular na cidade de Armênia (centro-oeste), em homenagem ao maior representante do realismo mágico.
No total, são 379 edições, incluindo a primeira de 1967, sua favorita.
"É a minha preferida, porque eu a consegui no México com um livreiro. Foram feitas apenas 8 mil cópias desta edição", conta à AFP este colecionador de 59 anos.
Em sua casa coberta de livros, Salazar mostra as capas dos exemplares mais preciosos, alguns ilustrados com pinturas de famosos artistas europeus.
Ele se descreve como engenheiro civil, construtor, colecionador "apaixonado" e admirador de García Márquez, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura há 40 anos (1982).
A coleção começou quando ele tinha 43 anos e, desde então, aproveita cada viagem para ampliar sua biblioteca dedicada à história da família Buendía e a Macondo, a cidade fictícia em que viviam.
Embora não tenha um certificado, Salazar acredita ter a maior coleção de Cem Anos de Solidão existente. Há seis meses, escreveu para os responsáveis do livro Guinness dos Recordes para ser avaliado. A resposta foi que não há um recorde semelhante para ser comparado.
Em um catálogo, ele indexa cada exemplar com os dados mais relevantes e a imagem de sua capa. Cada um deles tem sua própria história, e Salazar não hesita em bagunçá-los diante das câmeras para compartilhá-los.
Sorrindo, ele mostra um livro "pirata" assinado por García Márquez na China para seu tradutor, quando uma versão oficial ainda não estava em circulação.
Assim como Salazar, os colombianos prestam inúmeras homenagens ao escritor caribenho quatro décadas depois de receber o maior prêmio da literatura em Estocolmo, quando proferiu seu memorável discurso "A Solidão da América Latina".
Ao ser perguntado quantas vezes já leu o livro, o colecionador confessa que três "e meia".
"A 'meia' foi na escola, que não terminei (...) não gostei tanto", conta, entre risos.
Em seguida, compartilha outras joias de sua coleção, como um exemplar escrito em russo, que não tem os trechos eróticos da história, censurados pelo governo russo a pedido da Igreja Ortodoxa.
O romancista colombiano mais famoso do mundo faleceu na Cidade do México, em 2014.