Quem é Luiz Rocha, cientista brasileiro aclamado pela Rolex
Entre outras coisas, o mergulhador é uma das únicas pessoas no mundo capaz de mergulhar e guiar expedições em águas super profundas que podem chegar até 150 metros
Matheus Doliveira
Publicado em 22 de junho de 2021 às 16h33.
A Rolex , um dos maiores sinônimos da alta relojoaria no mundo, acaba de anunciar os cinco pioneiros que foram laureados com o prêmio Rolex de empreendedorismo.
Entre os vencedores, está o cientista brasileiro Luiz Rocha, um dos mergulhadores de águas profundas mais renomados do planeta, que dedica sua carreira a explorar e proteger recifes de corais nos oceanos mundo à fora.
Os Prêmios Rolex foram criados há 45 anos para marcar o aniversário de número 50 do primeiro relógio de pulso impermeável do mundo, o Oyster.
Por meio do programa, a marca apoia exploradores com projetos que ampliam o nosso conhecimento sobre o meio ambiente, ajudando a preservar os hábitats e as espécies nativas.
Neste ano de 2021, a Rolex premiou um estadunidense, um nepalês, uma britânica, uma chadiense e um brasileiro.
Quem é Luiz Rocha?
Único brasileiro entre os 5 laureados, Luiz Rocha começou a mergulhar ainda quando era adolescente e se apaixonou pelo mar e pela vida marinha.“Decidi ser biólogo quando tinha cinco ou seis anos de idade. Sempre senti essa atração de ir para o oceano e admirar a vida marinha”, conta.
Após concluir um doutorado em Ciências Aquáticas e da Pesca na Universidade da Flórida, o cientista brasileiro passou a ser considerado um especialista mundial em ictiologia (estudo dos peixes). Ele já publicou mais de 150 artigos científicos avaliando as condições de preservação de mais de 500 espécies
de peixes para a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e fez mais de 200 apresentações em conferências internacionais.
Hoje, Luiz divide sua rotina entre a academia e o mar. Ele é professor na Academia de Ciências da Califórnia e lidera até cinco expedições por ano. Em 2019, Rocha conquistou o prêmio inaugural Margaret M. Stewart Achievement Award por suas contribuições científicas para a ictiologia.
Mergulhos em águas super profundas
Uma das maiores marcas do cientista brasileiro é a capacidade de ser um dos únicos no mundo a mergulhar e guiar expedições em águas super profundas, que podem chegar até 150 metros abaixo do nível do mar.
Enquanto a maior parte dos pesquisadores da área estão familiarizadas com recifes mais rasos, como a Grande Barreira de Corais da Austrália, os recifes de coral profundos que Rocha explora são conhecidos como ecossistemas mesofóticos de coral, praticamente inexplorados.
Isso porque descidas aos recifes profundos requerem equipamento à base de gases mistos e que recicla a respiração do mergulhador após haver excluído o dióxidode carbono, permitindo um mergulho mais profundo. Luiz Rocha é um dos poucos cientistas marinhos capaz de realizar o trabalho de extremo rigor técnico.
Atualmente, o cientista está explorando o Oceano Índico, com o seu projeto de explorar, estudar, proteger e conhecer recifes profundos e catalogar novas espécies de peixes.
Os outros 4 premiados
Além do brasileiro Luiz Rocha, a Rolex também premiou outros 4 cientistas ao redor do mundo. São eles:
Felix Brooks-church, dos Estados Unidos, que atua no combate a desnutrição na Tanzânia equipando moinhos de farinha rurais com uma máquina “dosificadora”, que adiciona micronutrientes essenciais para fortificar alimentos básicos.
Hindou Oumarou Ibrahim, do Chade, (país da África Central que faz fronteira com a Líbia), que usa conhecimentos tradicionais dos povos indígenas para mapear recursos naturais e prevenir conflitos oriundos de alterações climáticas na região do Sahel, região entreo deserto do Saara e a savana do Sudão.
Rinzin Phunjok Lama, do Nepal, que por meio do engajamento das populações locais, trabalha pela proteção da rica biodiversidade dos ecossistemas da região trans-himalaia, lar de espécies emblemáticas de mamíferos em vias de extinção
Gina Moseley, do Reino Unido, que tem como meta liderar a primeira expedição a explorar cavernas no extremo norte do planeta a fim de aprimorar o nosso conhecimento sobre as mudanças climáticas no Ártico.