Chocolate com pimenta e jaca: Dengo terá novas receitas com cacau amazônico
A partir de 5 de setembro, a marca lança dois produtos feito com o cacau cultivado no Pará, a barra 70% Cacau da Amazônia e o Quebra-Quebra de Jaca com Pimenta Baniwa
Julia Storch
Publicado em 30 de agosto de 2022 às 08h30.
Última atualização em 30 de agosto de 2022 às 15h06.
Conhecida pela alta qualidade dos chocolates bean-to-bar com cacau cultivado na Bahia, os produtos da Dengo terão um novo terroir, com novos itens feitos a partir do fruto plantado na Amazônia paraense. Com expansão no norte do país, com dois produtores locais, a partir de 5 de setembro, a marca lança dois produtos feito com o cacau do Pará, a barra 70% Cacau da Amazônia e o Quebra-Quebra de Jaca com Pimenta Baniwa.
Há cinco anos no mercado, a chocolateria iniciou suas atividades promovendo uma rede de pequenos e médios produtores de cacau no Sul da Bahia. Porém, sempre houve procura de produtores paraenses. “Desde o terceiro ano da marca, muitos produtores já nos procuram com a intenção de vender cacau para a Dengo. Começa com relacionamento pequeno, como foi na Bahia em 2017 com seis produtores. Hoje já estamos com uma rede de pelo menos 150 famílias produtoras fornecendo uma base regular e frequente”, comenta Estevan Sartoreli, cofundador da Dengo.
Atualmente, são apenas dois produtores de cacau no Pará que irão fornecer para a marca. Com isso, os chocolates feitos com tais amêndoas não farão parte de todos os itens do portfólio. Mas, os produtos feitos a partir do cacau plantado na região amazônica terão diferentes combinações. É o caso do best-seller Quebra-Quebra, que ganha uma nova combinação de Jaca e Pimenta Baniwa e da barra com 70% de cacau.
Segundo Sartoreli, o intuito da Dengo é oferecer ao consumidor diferentes sabores dos biomas brasileiros. “Há diferenças sensoriais dos cacaus cultivados no nordeste e norte. O chocolate amazônico tem notas ligadas a frutas amarelas, frutas frescas e de maior suavidade. Já o cacau da Bahia, nativo da mata atlântica, notamos frutas marrons, amendoadas e amadeiradas. São diferentes, mas não significa que um é melhor que o outro”, diz Sartoreli.
Além do cacau amazônica, outros insumos da região também serão utilizados nas receitas, como a pimenta Baniwa. Os Baniwa fazem parte de um complexo cultural de 22 povos indígenas diferentes que vivem na fronteira do Brasil com a Colômbia e Venezuela. A pimenta é uma importante fonte de renda para a comunidade feminina dos Baniwa, protagonistas de toda a produção, ao todo são 78 espécies registradas. Elas utilizam o dinheiro para comprar produtos básicos para o dia a dia e para manter o bem viver nas comunidades.
“Vinculamos nosso compromisso com o cacau mas também com outros ativos sociais e da biodiversidade brasileira”, comenta. A intenção é que outros ingredientes não só da Amazônia sejam utilizados nos chocolates, como a castanha do Pará, que já é utilizada na Dengo. “E até artesanatos de algumas comunidades”, revela o empresário sem dar detalhes do futuro lançamento.
Além de um leque maior de produtos, a expansão de regiões visa contemplar mais famílias produtoras. “Para o produtor, queremos expandir esse modelo de impacto social, validado na Bahia, também para a região amazônica. Para os próximos anos, queremos aumentar essa rede”, diz o empresário sem deixar de mencionar a necessidade em respeitar o tempo da natureza e o aperfeiçoamento dos produtores em produzir frutos com maior qualidade.
Atualmente o Pará, principal estado produtor na região Norte, é o segundo maior produtor brasileiro de cacau, segundo dados de 2021 da Associação da Industria Processadora de Cacau (AIPC).
No último ano, cada produtor de cacau da Dengo recebeu, em média, 91% acima do valor de mercado para seu cacau de qualidade. O modelo de relacionamento da marca prevê prêmio de preço de 70% a 160% acima do valor de mercado, a depender da qualidade do cacau. Nos últimos 2 anos, os produtores da região baiana já acumulam acréscimo de 33% na renda média mensal. A meta da Dengo é dobrar a renda de 3.000 famílias até 2030.
“Para os próximos dez anos, poderemos ter uma representatividade equilibrada com a participação de cada um destes estados. Para os próximos dois anos, sem dúvida, o número da rede que temos na Bahia continuará sendo maior do que no Pará. Mas, queremos acelerar essa rede”, diz Sartoreli.