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Casa em favela de BH ganha prêmio internacional de arquitetura

A casa de 66 m² com tijolos aparentes foi reconhecido esta semana como a "Casa do Ano" em um prêmio internacional de arquitetura

Casa do Ano pelo site especializado Arch Daily (AFP/AFP Photo)

Casa do Ano pelo site especializado Arch Daily (AFP/AFP Photo)

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Agência de notícias

Publicado em 25 de fevereiro de 2023 às 16h04.

À primeira vista, parece uma casa humilde como tantas outras nas favelas do Brasil. Mas este "barraco" de 66 m² com tijolos aparentes foi reconhecido esta semana como a "Casa do Ano" em um prêmio internacional de arquitetura.

Premiada pelo site especializado Arch Daily, a casa pertence a Kdu dos Anjos, um artista de 32 anos que vive na populosa comunidade de Aglomerado da Serra, situada em um morro na região centro-sul de Belo Horizonte.

"O projeto da casa representa um 'modelo' construtivo que utiliza materiais próprios da periferia, com uma implantação adequada e atenção à iluminação e ventilação, resultando em um espaço com grande qualidade ambiental", descreve o Arch Daily em seu site.

Para Kdu dos Anjos, fundador de um centro cultural na mesma comunidade, o prêmio tem um significado especial. 

Brazilian musical artist Kdu dos Anjos walks around his house, which was designated "Building of the Year 2023" by the specialized reference site ArchDaily, in Aglomerado da Serra, a favela complex on the outskirts of Belo Horizonte, Minas Gerais State, Brazil, on February 24, 2023. - The 66 m² property, built by the Levante Collective, competed with buildings from India, Mexico, Germany and Vietnam. (Photo by Douglas MAGNO / AFP) (Douglas MAGNO / AFP/AFP Photo)

"Sinto muito orgulho da minha casa ter ganhado esse prêmio porque as notícias que toda a mídia global costuma dar sobre a periferia são noticias sensacionalistas, fala de tiro, porrada e bomba, polícia, de barraco caindo. Aqui estamos mostrando o contrario, é um barraco subindo para o topo do mundo", comemora o jovem.

Entre suas muitas tatuagens, uma se destaca, feita recentemente em seu antebraço: o croqui de seu humilde "barraco", que superou na disputa construções muito mais imponentes de Índia, México, Vietnã e Alemanha.

A construção tem dois andares, é bem ventilada e tem bastante iluminação natural, com janelas de batentes horizontais e uma grande varanda, construída num terreno que ele comprou em 2017.

"Tenho certeza que minha casa não é a casa mais chique do mundo. Mas é um barraco de periferia bem construído", insiste Kdu, que vive ali desde 2020 com dois cachorros, uma gata e "mais de 60 plantas".

Brazilian musical artist Kdu dos Anjos looks at the distance from his house, which was designated "Building of the Year 2023" by the specialized reference site ArchDaily, in Aglomerado da Serra, a favela complex on the outskirts of Belo Horizonte, Minas Gerais State, Brazil, on February 24, 2023. - The 66 m² property, built by the Levante Collective, competed with buildings from India, Mexico, Germany and Vietnam. (Photo by Douglas MAGNO / AFP) (Douglas MAGNO / AFP/AFP Photo)

Os arquitetos fizeram mágica, "porque o espaço é muito pequeno, são 66 metros quadrados, mas aqui a gente já suportou umas 200 pessoas em dias de festas", garante.

- Conquista de vida -

O projeto foi elaborado pelo coletivo de arquitetos Levante, que oferece seus serviços de forma voluntária ou a preços módicos para projetos nas favelas.

"Essa casa foi concebida como uma casa que se parece muito com as casas da favela [...] no entanto ela é diferente, ela tem uma série de cuidados, de soluções, desde a segurança passando por questões ambientais, de ventilação, de iluminação naturais", explica o arquiteto Fernando Maculan, responsável pelo projeto.

Casa brasileira premiada em BH

Brazilian musical artist Kdu dos Anjos plays the guitar at his house, which was designated "Building of the Year 2023" by the specialized reference site ArchDaily, in Aglomerado da Serra, a favela complex on the outskirts of Belo Horizonte, Minas Gerais State, Brazil, on February 24, 2023. - The 66 m² property, built by the Levante Collective, competed with buildings from India, Mexico, Germany and Vietnam. (Photo by Douglas MAGNO / AFP) (Douglas MAGNO / AFP/AFP Photo)

Uma das diferenças em relação às casas do entorno é a disposição dos tijolos. Ao invés de colocá-los de pé, aproveitando seu lado de maior superfície para economizar material, eles estão deitados, em fileiras intercaladas, o que lhe dá maior solidez e isolamento.   

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