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Cancelamento da prova Hero Cross deixa competidores na lama

Corrida com obstáculos foi definitivamente cancelada com informação de que competidores não teriam reembolso do valor pago nas inscrições

Competidores correndo na lama em uma pravo do Hero Cross: corrida aconteceria nos dias 27 e 28 de abril foi definitivamente cancelada no último dia 18 (Reprodução)
DR

Da Redação

Publicado em 24 de abril de 2013 às 12h41.

São Paulo - O enredo está se tornando corriqueiro. A galera se programa, ajusta os treinos, paga passagem, hotel, mobiliza a família e meses ou dias antes do evento, vem o comunicado: a prova foi cancelada. Geralmente por causa de alguma liminar da prefeitura, um evento paralelo, uma autorização que tinha tudo pra sair, mas ficou na vontade. Chateia, revolta, desanima.

Mas, em boa parte dos casos, depois de certa boa vontade e profissionalismo por parte dos organizadores, os ânimos se acalmam. O enredo mudou de rumo com o cancelamento da prova Hero Cross. A corrida com obstáculos – participantes escalam paredes, rastejam sob arame farpado, correm entre labaredas – e inscrição salgada (de 140 a 180 reais, dependendo do lote) que aconteceria nos dias 27 e 28 de abril foi definitivamente cancelada no último dia 18.

Os participantes receberam a notícia, em um comunicado no Facebook de que não teriam reembolso do valor pago nas inscrições. Simples assim. Você pode ler o comunicado de Adriano Dias Maciel na íntegra, mas destaco aqui alguns trechos que resumem bem o recado dado pela organização:

“Por inexperiência em realizar eventos no Brasil, não sabia que para um evento simples como este, esportivo, de saúde e bem estar, existiriam tantas exigências como as que me foram feitas pela legislação em vigor. (...) Por isso, é com pesar que informo a todos vocês que o HERO CROSS ITU está definitivamente cancelado, assim como os próximos eventos, pelo menos até que se possa encontrar um parceiro disposto a investir em um evento que insisto, será um sucesso!

Aproveito para solicitar a colaboração e a compreensão de todos os atletas que estavam inscritos, no sentido de que os reembolsos das taxas de inscrição somente poderão ser feitas caso ocorram novos eventos, pois acredito firmemente que encontrarei parceiros dispostos a investir nesse evento esportivo, o nosso HERO CROSS. Caso eu não encontre essa colaboração de todos vocês, infelizmente, sou obrigado a dizer que a falência será certeira e com isso o fim do meu sonho e também de muitos atletas”.

Em um primeiro momento, a prova aconteceria no dia 24 de março. No dia 23 foi adiada. “À tarde, o povo todo já estava lá em Itú, pronto para correr, retirando kit. Soube que havia um clima sombrio no ar. Um semblante preocupado dos envolvidos. E a noite veio a bomba, pouco antes das 20h, pelo Facebook”, conta Augusto Verrengia, um dos 3000 inscritos na prova.


“Eu não tive custo de passagem e hospedagem como muitos, mas deixei de fazer outras provas que queria por causa dessa. Essa situação é lamentável”, afirma o jornalista AntonioColucci. Com o cancelamento definitivo do evento no dia 18 de abril, grupos já se organizam para entrar com uma ação coletiva contra a Hero Cross.

“Paguei três inscrições: minha, da minha mulher e do meu filho. O Marcio, diretor da minha assessoria, a Pro Runner entrou em contato com a organização e nada. Agora entraremos com uma ação coletiva , pois o prejuízo foi grande : só da minha equipe tem uns 50 inscritos”, afirma Ricardo Morgado, de Suzano (SP) .

Prejuízo esse que não deve ser sanado tão cedo. Na noite de sexta 19 falamos por telefone com o organizador Adriano Maciel, direto de Atlanta, nos Estados Unidos, onde ele mora há 16 anos. Com misto de nervosismo e angustia na voz, ele alega estar de mãos atadas. “Não tenho 1 centavo para dar aos atletas. Não tenho nenhum bem. Nada no meu nome. Nem aqui nem no Brasil. Tudo que tinha investi nessa prova, coloquei 210 mil reais do meu bolso”, afirma. Questionado se o lucro com essa edição da Hero Cross não poderia ser usado para reembolsar os participantes, ele afirmou: “Nosso objetivo era fazer a marca Hero Cross crescer no Brasil, fazer algo realmente grandioso. Só nas próximas edições, com 4000, 5000 participantes teríamos lucro. Ali, a ideia era só empatar”, afirma.

Desmente os rumores de que estaria devendo para fornecedores. Diz que estão todos pagos e que só para a empresa Capuzo (responsável por parte da infraestrutura da prova, como as tendas) já desembolsou 100 mil reais. Mas, ao longo da conversa, deixa escapar que falta pagar o pessoal das camisetas, do gelo... Se diz solidário com os atletas, mas impotente. E afirma não entender até agora porque a prova não aconteceu.

No primeiro adiamento, conta que teve um problema com o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros). A empresa que deveria ter providenciado a vistoria não o fez, os bombeiros não apareceram a tempo e uma novela impediu o evento. Para asegunda tentativa, ele conta que surgiu uma nova lista de demandas da prefeitura, “7 ou 8 novas exigências para fazer o evento, algumas descabidas como ‘placa de iluminação fosforescente num evento das 9h as 16h’. Não teríamos tempo hábil e nem certeza de obter a licença. Então cancelamos”, afirmou.

“Já me chamaram de bandido, ladrão, estão me ameaçando de morte. Meu nome está na lama. Mas estou de mãos atadas. Fui sincero no facebook, estou tão revoltado como os atletas que não fizeram a prova. Era meu sonho. Só não tenho de onde tirar o dinheiro”, afirma. E se eles de fato entraram com uma ação contra o senhor?,perguntamos. “Infelizmente eles vão bater no muro”, afirmou.

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São Paulo - O enredo está se tornando corriqueiro. A galera se programa, ajusta os treinos, paga passagem, hotel, mobiliza a família e meses ou dias antes do evento, vem o comunicado: a prova foi cancelada. Geralmente por causa de alguma liminar da prefeitura, um evento paralelo, uma autorização que tinha tudo pra sair, mas ficou na vontade. Chateia, revolta, desanima.

Mas, em boa parte dos casos, depois de certa boa vontade e profissionalismo por parte dos organizadores, os ânimos se acalmam. O enredo mudou de rumo com o cancelamento da prova Hero Cross. A corrida com obstáculos – participantes escalam paredes, rastejam sob arame farpado, correm entre labaredas – e inscrição salgada (de 140 a 180 reais, dependendo do lote) que aconteceria nos dias 27 e 28 de abril foi definitivamente cancelada no último dia 18.

Os participantes receberam a notícia, em um comunicado no Facebook de que não teriam reembolso do valor pago nas inscrições. Simples assim. Você pode ler o comunicado de Adriano Dias Maciel na íntegra, mas destaco aqui alguns trechos que resumem bem o recado dado pela organização:

“Por inexperiência em realizar eventos no Brasil, não sabia que para um evento simples como este, esportivo, de saúde e bem estar, existiriam tantas exigências como as que me foram feitas pela legislação em vigor. (...) Por isso, é com pesar que informo a todos vocês que o HERO CROSS ITU está definitivamente cancelado, assim como os próximos eventos, pelo menos até que se possa encontrar um parceiro disposto a investir em um evento que insisto, será um sucesso!

Aproveito para solicitar a colaboração e a compreensão de todos os atletas que estavam inscritos, no sentido de que os reembolsos das taxas de inscrição somente poderão ser feitas caso ocorram novos eventos, pois acredito firmemente que encontrarei parceiros dispostos a investir nesse evento esportivo, o nosso HERO CROSS. Caso eu não encontre essa colaboração de todos vocês, infelizmente, sou obrigado a dizer que a falência será certeira e com isso o fim do meu sonho e também de muitos atletas”.

Em um primeiro momento, a prova aconteceria no dia 24 de março. No dia 23 foi adiada. “À tarde, o povo todo já estava lá em Itú, pronto para correr, retirando kit. Soube que havia um clima sombrio no ar. Um semblante preocupado dos envolvidos. E a noite veio a bomba, pouco antes das 20h, pelo Facebook”, conta Augusto Verrengia, um dos 3000 inscritos na prova.


“Eu não tive custo de passagem e hospedagem como muitos, mas deixei de fazer outras provas que queria por causa dessa. Essa situação é lamentável”, afirma o jornalista AntonioColucci. Com o cancelamento definitivo do evento no dia 18 de abril, grupos já se organizam para entrar com uma ação coletiva contra a Hero Cross.

“Paguei três inscrições: minha, da minha mulher e do meu filho. O Marcio, diretor da minha assessoria, a Pro Runner entrou em contato com a organização e nada. Agora entraremos com uma ação coletiva , pois o prejuízo foi grande : só da minha equipe tem uns 50 inscritos”, afirma Ricardo Morgado, de Suzano (SP) .

Prejuízo esse que não deve ser sanado tão cedo. Na noite de sexta 19 falamos por telefone com o organizador Adriano Maciel, direto de Atlanta, nos Estados Unidos, onde ele mora há 16 anos. Com misto de nervosismo e angustia na voz, ele alega estar de mãos atadas. “Não tenho 1 centavo para dar aos atletas. Não tenho nenhum bem. Nada no meu nome. Nem aqui nem no Brasil. Tudo que tinha investi nessa prova, coloquei 210 mil reais do meu bolso”, afirma. Questionado se o lucro com essa edição da Hero Cross não poderia ser usado para reembolsar os participantes, ele afirmou: “Nosso objetivo era fazer a marca Hero Cross crescer no Brasil, fazer algo realmente grandioso. Só nas próximas edições, com 4000, 5000 participantes teríamos lucro. Ali, a ideia era só empatar”, afirma.

Desmente os rumores de que estaria devendo para fornecedores. Diz que estão todos pagos e que só para a empresa Capuzo (responsável por parte da infraestrutura da prova, como as tendas) já desembolsou 100 mil reais. Mas, ao longo da conversa, deixa escapar que falta pagar o pessoal das camisetas, do gelo... Se diz solidário com os atletas, mas impotente. E afirma não entender até agora porque a prova não aconteceu.

No primeiro adiamento, conta que teve um problema com o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros). A empresa que deveria ter providenciado a vistoria não o fez, os bombeiros não apareceram a tempo e uma novela impediu o evento. Para asegunda tentativa, ele conta que surgiu uma nova lista de demandas da prefeitura, “7 ou 8 novas exigências para fazer o evento, algumas descabidas como ‘placa de iluminação fosforescente num evento das 9h as 16h’. Não teríamos tempo hábil e nem certeza de obter a licença. Então cancelamos”, afirmou.

“Já me chamaram de bandido, ladrão, estão me ameaçando de morte. Meu nome está na lama. Mas estou de mãos atadas. Fui sincero no facebook, estou tão revoltado como os atletas que não fizeram a prova. Era meu sonho. Só não tenho de onde tirar o dinheiro”, afirma. E se eles de fato entraram com uma ação contra o senhor?,perguntamos. “Infelizmente eles vão bater no muro”, afirmou.

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