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Campeões de bilheteria salvam salas de cinema da Netflix

Estúdios fazem superproduções para tirar até os mais preguiçosos do sofá para assistir filmes em telas gigantescas. E quanto maior a tela, melhor.

Sala de cinema: pelo menos por ora, estúdios ainda vencem plataforma. Mas muitos já demitem e realizam fusões ante a ameaça (aerogondo/Thinkstock)

Marília Almeida

Publicado em 4 de abril de 2019 às 05h00.

Última atualização em 4 de abril de 2019 às 05h00.

A indústria do cinema adora azarões. A menos que se seja a Netflix .

Netflix, Apple e Amazon Prime Video estão abalando o negócio de salas de cinema e viraram alvo de críticas e lamentações dos participantes da CinemaCon, uma convenção que reúne 3.700 donos de salas, executivos de cinema e jornalistas de 80 países em Las Vegas a partir desta segunda-feira.

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Os serviços de streaming de vídeo dificultam a vida desse pessoal e tiveram tanto sucesso que ameaçam os direitos exclusivos das salas de exibir filmes nos primeiros meses de lançamento.

Desde 2014, a receita global com streaming cresce a uma taxa anual de 28 por cento, enquanto as bilheterias aumentam 3 por cento, segundo a Bloomberg Intelligence. Nos EUA, o número de pessoas que usam streaming é maior do que o número de assinantes de TV a cabo. E os americanos passam mais da metade do tempo de mídia em alguma plataforma digital, de acordo com a associação do setor (Motion Picture Association of America).

Campeões de bilheteria ajudam os cinemas, pelo menos por ora. Os estúdios fazem superproduções para tirar até os mais preguiçosos do sofá para assistir filmes em telas gigantescas. E quanto maior a tela, melhor.

"Ano recorde"

“Para a Imax, acho que será um ano recorde’’, disse o presidente Rich Gelfond. “As superproduções que estão sendo feitas, nossa área de atuação em nível global, estão entre as mais atraentes que vi nos meus 25 anos de Imax.”

O burburinho gerado por personagens como os Vingadores, Buzz Lightyear, Homem-Aranha, Godzilla e Kylo Ren – que estarão nas telonas neste ano, junto como Simba e Nala, Coringa e o palhaço Pennywise -- é apenas temporário. Os estúdios pararam de brincadeira com os serviços de streaming. Walt Disney, Comcast e AT&T (que comprou a Warner Bros) vão concorrer com a Apple.

A fabricante do iPhone anunciou no mês passado que recrutou o cineasta Steven Spielberg e a apresentadora de TV Oprah Winfrey para fazer propaganda do serviço de streaming que será lançado ainda neste ano.

A janela

A verdadeira luta pela sobrevivência das salas de cinema será travada na chamada “janela’’ — o direito exclusivo das salas de exibir os filmes por três meses antes de serem liberados para as pessoas assistirem em casa.

O próprio Spielberg entrou no debate e há relatos de que ele quer mudar as regras do Oscar para considerar somente filmes que passam um bom tempo nas telonas. A reação veio depois do filme Roma, da Netflix, ter levado três estatuetas, embora tenha ficado poucas semanas em cartaz. A questão ainda não foi resolvida.

Alguns afirmam que o estreitamento da janela é inevitável, o que ameaça a renda das salas com a venda de pipoca, doces e refrigerantes.

Jogada da Disney

“É apenas questão de tempo”, disse Steve Mosko, presidente da Village Roadshow Entertainment Group. “Quem observa Disney e Warner vê claramente o futuro.’’

Após uma onda de aquisições, existem agora duas grandes redes de salas de cinema nos EUA, a AMC e a Cinemark. O crescimento do setor acontece para valer é na China, que deve superar os EUA como maior fonte de bilheteria.

Os estúdios também estão fazendo fusões e demitindo gente sabe fazer a mágica do cinema. Com a popularidade de empresas como a Netflix, não há mais espaço para seis grandes estúdios.

A WarnerMedia, agora braço de entretenimento da operadora de telefonia AT&T, anunciou uma série de aquisições. A Lions Gate Entertainment, que fez Jogos Vorazes, já teve duas rodadas de demissões.

Milhares de pessoas devem perder o emprego após a Disney ter comprado a 20th Century Fox e outros ativos por US$ 71 bilhões no ano passado.

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