Audi R8: dirigimos o superesportivo que já serviu até super-heróis
Com motor de 610 cv, o modelo marca o fim dos ícones que cederão lugar aos carros elétricos
Gabriel Aguiar
Publicado em 17 de junho de 2022 às 12h00.
É verdade que o Audi R8 vai totalmente contra os princípios do fabricante – que já prometeu acabar com os carros a combustão até 2033. Tanto é que o superesportivo não tem previsão de vendas nos próximos meses e, para quem quiser colocar na garagem, o jeito é apelar aos seminovos. Mas o que o mundo perderá quando o modelo for aposentado de vez? Eu te conto em seguida.
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Para começar, havia muita expectativa para conhecer um dos principais ícones da marca alemã. Não só por mim, mas também por amigos e pela família. Aliás, descobri que dificilmente andaria sozinho enquanto o Audi R8 estivesse comigo: fosse até outra cidade ou à esquina ao lado, todos queriam ir como passageiro. Mas dei a preferência ao meu irmão de 12 anos (e um fã de carros).
Confesso que não esperava tanto apelo entre crianças e adolescentes, mas fui surpreendido como se fosse o próprio Tony Stark – lembrando que o Homem de Ferro também dirigiu o modelo e os filmes da Marvel costumam ter apelo entre os jovens. Para quem duvida que as novas gerações gostam dos carros, minha dica é aparecer na frente de qualquer colégio com esse superesportivo.
Por incrível que pareça, todas características criadas ao custo de noites sem dormir dos engenheiros (como freios com discos de cerâmica, câmbio de dupla embreagem com sete marchas ou sistema de tração nas quatro rodas) passaram desapercebidas. Nem mesmo o gigantesco motor V10 5.2 de 610 cv de potência foi atração principal. Parte da culpa é a chamativa cor Amarelo Vegas.
Depois de desviar da multidão juvenil que aplaudiu e fotografou o Audi R8 – e transformou o caçula da família em estrela do TikTok –, segui viagem até o interior de São Paulo. Mas percebi que a fama persegue donos de superesportivos. No primeiro pedágio, notei alguns olhares curiosos e celulares apontados; no segundo, fui abordado: “Você passou por Itapeva? Me mandaram a foto”.
Concordo que submeter uma obra da engenharia a rotinas cotidianas (como trânsito paulistano ou viagens que respeitassem o limite de velocidade) seria como passear com um tigre na coleira. E não é que o carrão se saiu bem no dia a dia? É verdade que desviar de rampas exige planejamento para não raspar o para-choque. Mas o superesportivo é suave e, na rodovia, beirou 7 km/l.
Para quem está acostumado a carros “convencionais”, a combinação de carroceria larga e pequenas janelas pode parecer assustadora. Só não se deixe intimidar, porque é fácil se acostumar às medidas pensadas para as pistas. E, para compensar o contorcionismo para entrar na cabine, o acabamento é digno dos modelos mais luxuosos e existem diferentes ajustes elétricos para os bancos.
Só não espere piloto automático adaptativo, alerta de permanência em faixa ou de ponto cego, que poderiam facilitar a vida do motorista. Nem dá para dizer que esse são cortes em nome do purismo, porque outros detalhes revelam que esses são reflexos da idade: faltam portas USB-C ou carregador por indução; conectividade com Apple CarPlay sem-fio; ou até a popular câmera de ré.
Depois de inspirar as redes sociais alheias e ser abordado por 12.345 motociclistas, me restava uma missão: mostrar o Audi R8 ao porteiro do prédio. “Era um sonho da minha vida”, confessou o rapaz, que sempre espiou os carros que eu provo – e nunca com o mesmo entusiasmo. Então descobri que mérito do superesportivo não é acelerar até 100 km/h em 3,2 s; é conquistar sorrisos.