Catherine Deneuve diz que campanha contra assédio é "puritanismo"
Catherine Deneuve e 99 outras mulheres francesas afirmam que a companha contra o abuso sexual de mulheres foi impulsionada por um "ódio aos homens"
Reuters
Publicado em 10 de janeiro de 2018 às 09h53.
Última atualização em 10 de janeiro de 2018 às 15h33.
Paris - A atriz Catherine Deneuve e 99 outras mulheres francesas denunciaram na terça-feira um ataque contra homens após o escândalo envolvendo o produtor Harvey Weinstein, dizendo que a campanha contra assédio sexual #MeToo (#EuTambém) equivale a "puritanismo" e que foi impulsionada por um "ódio aos homens".
Como resultado das acusações contra o produtor de cinema norte-americano, milhões de mulheres usaram as redes sociais para compartilhar suas histórias de agressões ou abusos sexuais, usando a hashtag #MeToo mundialmente ou #balancetonporc (#DenuncieSeuPorco) na França.
"Este impulso de enviar homens ao abatedouro, ao invés de ajudar mulheres a serem mais independentes, ajuda os inimigos da liberdade sexual", disseram as 100 mulheres, incluindo Catherine Deneuve, de 74 anos, uma das estrelas de cinema mais famosas da França, em coluna publicada pelo jornal Le Monde.
O direito do homem de "importunar" uma mulher é uma parte essencial da liberdade sexual, disseram, descrevendo a campanha como "puritanismo".
Marlene Schiappa, ministra francesa encarregada de reprimir a violência contra mulheres, disse em comentário à Reuters que o escândalo envolvendo Weinstein forçou uma mudança de pensamento em relação a assédio sexual na França, um país que se orgulha de sua imagem como terra da sedução e do romance.
Schiappa iniciou consultas por todo o país de uma lei que deve incluir medidas para lutar contra o assédio sexual nas ruas, assim como estender o tempo de prescrição para estupro de menores.
No final de outubro, manifestantes em Paris interromperam a estreia de uma retrospectiva das obras de Roman Polanski após surgirem novas acusações de estupro contra o diretor de cinema franco-polonês.
Mas, para Deneuve e outras signatárias da carta, incluindo escritoras e jornalistas, isto foi longe demais.
"Esta justiça (online) vigilante puniu homens em seus empregos, forçou alguns a renunciarem, quando tudo que fizeram foi tocar um joelho, tentar roubar um beijo, falar sobre questões 'íntimas' em um jantar de trabalho", escreveram.
"Nós defendemos o direito de importunar, que é vital à liberdade sexual", disseram.