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Após o casamento de “Dona Baratinha”, a ostentação acabará?

Cerimônia para a união de Beatriz Barata e Francisco Feitosa Filho, herdeiros de famílias dominantes do setor de transportes, foi marcada por protestos


	Para Claudia Matarazzo, excesso de luxo e ostentação nos casamentos não só pode como deve ser reduzido
 (Jeff Belmonte/WIkimedia Commons)

Para Claudia Matarazzo, excesso de luxo e ostentação nos casamentos não só pode como deve ser reduzido (Jeff Belmonte/WIkimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 17 de julho de 2013 às 20h40.

São Paulo – A alta sociedade do Rio de Janeiro viveu, no último final de semana, o que a colunista social Hildegard Angel chamou de “baile da Ilha Fiscal do nosso século”, em referência ao último banquete realizado durante o Império no Brasil. Beatriz Barata e Francisco Feitosa Filho, ambos herdeiros de famílias dominantes do setor de transporte no Rio e no Ceará, se casaram em meio a um protesto que terminou com um ferido, bombas de gás lacrimogêneo, vidros quebrados e spray de pimenta.

Em um momento conturbado da política nacional, a cerimônia que, segundo o jornal Folha de São Paulo, pode ter custado 3 milhões de reais, soou como uma afronta aos ativistas, que recentemente sairam às ruas pedindo melhorias na qualidade do transporte público e redução dos preços das passagens. Depois da confusão no chamado casamento da “Dona Baratinha”, a pergunta que fica é: a ostentação em festas como essa está mesmo com os dias contados?

A especialista em comportamento Claudia Matarazzo acredita e torce para que sim. Claudia, que lançou recentemente o livro “Gafes no Palácio”, sobre os bastidores do poder, considera que, há décadas, o mercado de casamentos do Brasil é marcado pelos excessos e pela ostentação, na contramão do que acontece no mundo.

“Por exemplo, no casamento Real, da Kate Middleton e do Príncipe William, a festa foi para só 300 convidados. Aqui no Brasil, um casamento de uma família com mais condições tem a partir de 600 pessoas”, afirma. Para ela, essa diferença foi, de certa forma, estimulada pela indústria desse tipo de evento ao longo dos anos, mas, hoje, mesmo quando cerimonialistas especializados em luxo tentam desencorajar seus clientes a esbanjar demais, as pessoas se mostram resistentes à simplicidade.

Com relação à confusão do último final de semana, Claudia avalia que houve falta de sensibilidade da organização da cerimônia diante do momento pelo qual o país passa. “O casamento aconteceu no sábado, mas os protestos estavam acontecendo há mais de um mês. Dava para enxugar um pouco, fazer algo menor. Claro que não é culpa da noiva. É uma cultura que vem sendo disseminada há anos”, afirma.

Na visão da especialista, as pessoas passarão a pensar duas vezes antes de fazer uma celebração como esta, feita na igreja N. Sra. do Monte do Carmo e no Copacabana Palace para 1.200 convidados. “É impossível não mudar. Essas manifestações são o Brasil acordando. Às vezes, a pessoa quer fazer um casamento na catedral, mas ela fica em uma região onde há muita pobreza. Isso é cutucar a onça com a vara muito curta. O que as pessoas querem provar fazendo uma festa desse tamanho? Será que vale a pena?”, diz.

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