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Após escândalos, filme chinês com Bruce Willis estreia nos EUA

Air Strike é o filme mais escandaloso dos últimos tempos, sobre chineses que se mobilizaram diante de ataques aéreos japoneses durante a 2ª Guerra Mundial

 (Air Strike/Divulgação)

(Air Strike/Divulgação)

Júlia Lewgoy

Júlia Lewgoy

Publicado em 29 de outubro de 2018 às 05h00.

Última atualização em 29 de outubro de 2018 às 05h00.

Três anos atrás, Bruce Willis se deu conta de que realmente não estava em Hollywood quando seu jato particular pousou na China para filmar “Air Strike” e ficou claro que a produção não tinha dinheiro para pagar o depósito do hotel dele.

A saga do filme só ficou mais complicada depois disso. O produtor inicial fugiu do país após um escândalo no mercado de empréstimos diretos. O diretor Xiao Feng, que contou em seu blog o que aconteceu com Willis, precisou usar as próprias economias para terminar o filme.

Depois disso, a atriz Fan Bingbing desapareceu após envolvimento em um esquema de sonegação de impostos que abalou a indústria cinematográfica do país.

Apesar de tanto drama, o longa-metragem estreia nos EUA nesta sexta-feira com distribuição da Lions Gate Entertainment. Na China, não se sabe se o filme mais escandaloso dos últimos tempos conseguirá aproveitar tanta atenção porque a estreia está suspensa por tempo indeterminado. A Lions Gate se recusou a comentar.

O filme é sobre moradores de Chongqing que se mobilizaram diante de ataques aéreos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. Fora das telas, o filme reflete problemas de um setor em expansão na China, onde as bilheterias devem superar as dos EUA dentro em alguns anos.

“Os problemas de Air Strike destacam a falta de gestão profissional e entendimento de prevenção de riscos entre quem faz filmes na China”, disse April Ye, presidente local da Film Finances, que presta serviços para garantir que os filmes sejam terminados no prazo e dentro do orçamento. “É uma dor necessária que o setor tem de enfrentar para ficar melhor e mais transparente.”

Escândalo em "O Grande Mestre"

O produtor inicial do filme, Shi Jianxiang, já tinha outras dores de cabeça. Em 2016, parecia que ele iria ganhar muito dinheiro. “O Grande Mestre 3”, filme de kung-fu estrelando Mike Tyson e Donnie Yen, no qual ele investiu, fez algum sucesso. Mas depois descobriu-se que os dados de bilheteria tinham sido inflados, o que derrubou ações de empresas afiliadas a Shi.

Shi também tinha um empreendimento de empréstimos diretos por meio da Shanghai Kuailu Investment Group, que não pagou as devidas obrigações aos investidores.Quando as investigações se intensificaram, ele fugiu do país enquanto “Air Strike” ainda estava em fase de produção. No mês passado, promotores afirmaram a um tribunal de Xangai que as companhias de Shi levantaram mais de 40 bilhões de yuan (US$ 5,8 bilhões) de forma ilegal, de acordo com a publicação estatal Xinmin Evening News.

A reportagem não encontrou Shi para solicitar comentário.

Outra personagem do filme, uma das atrizes mais bem pagas da China, se envolveu em um escândalo de sonegação de impostos. O drama começou quando um ex-apresentador de televisão postou em rede social contratos que supostamente mostravam que Fan escondeu parte de sua renda. Ela desapareceu dos olhares do público e, depois de meses de especulação, reapareceu após o governo chinês afirmar que ela havia sido considerada culpada de declarar renda menor, inclusive o que ganhou por “Air Strike.” A multa foi uma das maiores já impostas ao setor de entretenimento do país. Fan se desculpou publicamente e aceitou pagar multas e impostos retroativos.

O inquérito ainda não terminou. Autoridades pediram que celebridades e estúdios confirmem pleno cumprimento da legislação tributária e paguem imediatamente valores devidos, de acordo com a Xinhua News Agency, também estatal.

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