Animação "Zarafa" critica colonialismo francês na África
Filme é alternativa aos excessos e à falta de diversidade temática dos filmes infantis vindos dos Estados Unidos
Da Redação
Publicado em 25 de julho de 2013 às 15h00.
São Paulo - Poética e relevante, a animação francesa "Zarafa" é uma alternativa aos excessos e à falta de diversidade, ao menos temática, dos filmes infantis vindos dos Estados Unidos.
Dirigido por Rémi Bezançon ("Um Evento Feliz") e Jean-Christophe Lie (animador de filmes como "Kiriku - Os Animais Selvagens" e "As Bicicletas de Belleville"), o longa busca inspiração na história da primeira girafa levada da África para a França.
O filme estreia em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador e Santos, em versões dubladas e legendadas.
Uma das primeiras coisas a chamar a atenção em "Zarafa" não é apenas sua paleta de cores fortes, mas a facilidade com que a trama, assinada por Bezançon e Alexander Abela, é capaz de se comunicar com as crianças.
Usando uma linguagem simples, mas nunca infantilizada, o filme evita aquele velho clichê do cinema infantil de animação de Hollywood: seja você mesmo e tudo vai dar certo. Aqui, há tintas políticas sutis, assim como uma crítica ao colonialismo francês num paralelo entre a ida da girafa para a França e o saque promovido pelo país em suas colônias na África.
O protagonista é o pequeno sudanês Maki, no século 19, capturado para ser vendido como escravo. O garotinho consegue fugir e faz amizade com uma girafa, que é morta por um mercador, deixando seu filhote, ao qual o garoto se apega. Quando o animal é capturado por Hassan, um egípcio a caminho da Alexandria, o garoto decide ir junto. Mas ao chegar à cidade, descobrem que ela caiu sob domínio dos turcos. Hassan é enviado pelo paxá local para pedir ajuda ao rei da França, Carlos 10, e, para isso, levará a pequena girafa como um presente.
A viagem é uma grande aventura, já que é realizada num balão, levando Hassan, Maki, o francês Malaterre, condutor do balão, a girafa e duas vacas que fornecem leite. Na França, no entanto, os viajantes não encontram bem o que esperavam. Várias pessoas são corruptas, exploradoras e mal-educadas -- a começar pelo rei e sua corte.
O monarca, ao ver o garoto Maki, diz, para diversão dos que o cercam, que o menino "se parece com um macaco que fugiu da jaula". O mesmo rei esnobe receberá o troco mais tarde, com a chegada de um novo animal ao zoo. Tal qual a girafa ("zarafa", em árabe), pessoas e riquezas foram tiradas da África e levadas para a Europa -- não apenas a França. Nesse sentido, o longa faz um retrato metafórico e bastante honesto sobre essa questão.
São Paulo - Poética e relevante, a animação francesa "Zarafa" é uma alternativa aos excessos e à falta de diversidade, ao menos temática, dos filmes infantis vindos dos Estados Unidos.
Dirigido por Rémi Bezançon ("Um Evento Feliz") e Jean-Christophe Lie (animador de filmes como "Kiriku - Os Animais Selvagens" e "As Bicicletas de Belleville"), o longa busca inspiração na história da primeira girafa levada da África para a França.
O filme estreia em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador e Santos, em versões dubladas e legendadas.
Uma das primeiras coisas a chamar a atenção em "Zarafa" não é apenas sua paleta de cores fortes, mas a facilidade com que a trama, assinada por Bezançon e Alexander Abela, é capaz de se comunicar com as crianças.
Usando uma linguagem simples, mas nunca infantilizada, o filme evita aquele velho clichê do cinema infantil de animação de Hollywood: seja você mesmo e tudo vai dar certo. Aqui, há tintas políticas sutis, assim como uma crítica ao colonialismo francês num paralelo entre a ida da girafa para a França e o saque promovido pelo país em suas colônias na África.
O protagonista é o pequeno sudanês Maki, no século 19, capturado para ser vendido como escravo. O garotinho consegue fugir e faz amizade com uma girafa, que é morta por um mercador, deixando seu filhote, ao qual o garoto se apega. Quando o animal é capturado por Hassan, um egípcio a caminho da Alexandria, o garoto decide ir junto. Mas ao chegar à cidade, descobrem que ela caiu sob domínio dos turcos. Hassan é enviado pelo paxá local para pedir ajuda ao rei da França, Carlos 10, e, para isso, levará a pequena girafa como um presente.
A viagem é uma grande aventura, já que é realizada num balão, levando Hassan, Maki, o francês Malaterre, condutor do balão, a girafa e duas vacas que fornecem leite. Na França, no entanto, os viajantes não encontram bem o que esperavam. Várias pessoas são corruptas, exploradoras e mal-educadas -- a começar pelo rei e sua corte.
O monarca, ao ver o garoto Maki, diz, para diversão dos que o cercam, que o menino "se parece com um macaco que fugiu da jaula". O mesmo rei esnobe receberá o troco mais tarde, com a chegada de um novo animal ao zoo. Tal qual a girafa ("zarafa", em árabe), pessoas e riquezas foram tiradas da África e levadas para a Europa -- não apenas a França. Nesse sentido, o longa faz um retrato metafórico e bastante honesto sobre essa questão.