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A Tal da Castanha: de leite vegetal à sociedade com 3 Corações (e R$ 125 milhões)

Irmãos e sócios, Felipe e Rodrigo Carvalho criaram produto após inspiração dos EUA; agora, há café latte e cappuccino prontos para beber

Felipe (esq.) e Rodrigo Carvalho (dir.), irmãos e sócios da Positive Co (Positive Brands/Divulgação)
GA

Gabriel Aguiar

Publicado em 6 de julho de 2022 às 12h21.

Última atualização em 6 de julho de 2022 às 18h22.

Sabia que a 3 Corações comprou metade da A Tal da Castanha – na verdade, da Positive Co, que faz o leite vegetal – há dois anos? É verdade que o casamento era discreto e, de lá para cá, só o Ultracoffee (espécie de mistura de grãos e especiarias para dar mais energia) indicava a aproximação do gigante dos cafés. Mas isso mudou: a sociedade rendeu versões de café com leite e cappuccino prontas para beber, sem açúcar na receita, e que trazem, na própria embalagem, ambos os logotipos.

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“Nós fundamos A Tal da Castanha há sete anos e focamos na joint venture para manter a liderança e continuar com crescimento no momento no qual o mercado se abria para outras marcas. Tocamos o negócio de maneira independente, mas aproveitamos a sinergia para operações, já que a 3 Corações cuida de toda distribuição e venda. É por isso que conseguimos expandir a presença em todo o Brasil e lançar novos produtos”, diz Felipe Carvalho, sócio e diretor de marketing da companhia.

Café Latte e Cappuccino marcam joint venture com 3 Corações (Positive Brands/Divulgação)

Tanto café com leite quanto cappuccino terão novas opções em potes, sachês e cápsulas (específicas para máquinas da 3 Corações) em breve. Só que os próximos meses serão dedicados principalmente aos produtos culinários – como o já lançado creme de castanhas que substitui o creme de leite – e às linhas profissionais dedicadas à indústria alimentícia e restaurantes. Para este ano, o executivo prevê crescimento de 75% no faturamento, que deverá fechar em torno de 125 milhões de reais.

Crescimento durante a pandemia

“Nós crescemos 100% por dois anos consecutivos durante a pandemia. Não foi fácil, analisando pelo lado humano e de funcionários, mas percebemos uma mudança no comportamento do consumidor para a alimentação mais saudável, consciente e equilibrada. Já existia esse processo, mas os últimos meses aceleraram ainda mais. Tanto é que já projetamos crescimento para os próximos três anos, só que sempre ligados a hábitos saudáveis”, afirma Rodrigo Carvalho, sócio e diretor comercial.

Mais que novas linha de produtos, a Positive Co – e, consequentemente, A Tal da Castanha – tem projetos para redução da pegada de carbono em toda a cadeia produtiva. Com base em mapeamento de uma consultoria externa, a empresa prevê a diminuição das emissões de carbono como solução à compensação. Por outro lado, existem parcerias com cooperativas de reciclagem para reaproveitar o equivalente de todo o material (como papel e plástico das embalagens) que sai ao mercado.

História dos empreendedores

Família com indústria de beneficiamento de castanhas há 30 anos (Positive Brands)

É verdade que A Tal da Castanha só chegou ao mercado em 2015, mas a ligação da família de Felipe e Rodrigo Carvalho com o fruto existe há mais de três décadas: o pai dos empreendedores tem uma indústria para beneficiamento de castanha-de-caju no Ceará. Não por acaso, a sede da Positive Co fica em Fortaleza (CE). Mas a ideia do leite vegetal surgiu quando os irmãos decidiram apostar além do atacado e criar opções feitas especificamente para mercado de varejo e consumidor final.

“Entre 2013 e 2014, a gente já tinha essa ideia de criar um produto. Lançamento um desafio interno e procuramos alternativas à castanha embalada, porque não teria diferencial competitivo. E aí vimos que, nos Estados Unidos, já existia leite vegetal de amêndoas. E tudo começou assim. Mas ainda não havia cadeia de leite vegetal por aqui e tivemos que construir todo o processo, a partir do zero, até a formulação. Mesmo com histórico para castanha-de-caju, tivemos que aprender”, diz Felipe.

É mais barato que leite de vaca?

Não bastasse todo o processo criado do zero, a produção de leite vegetal está baseada em pequenos agricultores para fornecimento de 95% das castanhas-de-caju. De acordo com os sócios, isso explica, em parte, os preços até duas vezes mais altos que para leite de vaca. Só que também existem outros fatores: de um lado, benefícios fiscais ao produto de origem animal, que pode ganhar até isenção de ICMS, dependendo do estado; de outro, testes mais caros para evitar contaminação cruzada.

“Percebemos que o leite animal teve rápido aumento de preços devido à inflação de insumos e isso reduziu a diferença em relação ao leite de castanha. Mas ainda é uma grande diferença. Nós sempre pensamos em maneiras de tornar a opção vegetal mais democrática e isso passa pela castanha, mas talvez não só por ela. Podemos pensar em novos produtos que sejam alinhados em nutrição e sabor. É difícil conseguir hoje, mas acredito na equiparação em dez anos”, diz o diretor de marketing.

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