Os bastidores do documentário de Scorsese sobre George Harrison
Fã do trabalho do ex-Beatle, o cineasta foi capturado pelo olhar do guitarrista em uma de suas gravações
Da Redação
Publicado em 8 de novembro de 2011 às 19h02.
São Paulo – George Harrison queria fazer seu próprio filme. Por isso, gravava muitos dos lugares por onde passava. Morto por um câncer de pulmão, em 2001, o ex-guitarrista dos Beatles não teve tempo de cumprir seu objetivo, mas todas as fitas e fotografias feitas por ele não se perderam com o tempo.
O que deveria ter sido um filme feito por Harrison acabou se tornando um documentário sobre ele, com a direção de ninguém menos do que Martin Scorsese. “George Harrison: Living in the Material World” tem três horas e meia de duração e aborda toda a vida do músico, conhecido por sua personalidade mais “low profile” do que a dos outros Beatles.
Não foi fácil chegar ao resultado. Após receber o convite da viúva de Harrison, Olivia, para dirigir o documentário, Martin Scorsese hesitou bastante: não se sentia capaz de se dedicar como deveria. Mas, alguns meses depois, o cineasta mudou de ideia e, durante cinco anos, produziu o filme lançado em DVD no mês passado. Confira a seguir o que levou Scorsese a abraçar esse projeto.
O olhar de Harrison
Na première de Londres, no início de outubro, o diretor contou que foi quando estava em um quarto de hotel, sozinho, que resolveu fazer o filme. Ele tinha em mãos algumas imagens em DVD gravadas pelo guitarrista e colocou uma delas para rodar.
Na tela, um campo cheio de tulipas, o barulho do vento, o som de um assovio e uma pessoa que surge entre as flores. Era George Harrison, que lança um olhar para a câmera. “O jeito como ele olhou me fez sentir que ele estava olhando para mim”, disse Scorsese. Foi neste momento que ele teve certeza de que o filme deveria ser feito. E aquela seria sua primeira cena.
O empenho de Olivia
Depois de assistir ao documentário “No Direction Home – a Vida e a Música de Bob Dylan”, de Martin Scorsese, Olivia, a viúva de Harrison, teve certeza de que ele seria o diretor certo para concretizar o plano de seu marido.
Com um acervo de vídeos inéditos gravados pelo músico e fotografias acumuladas durante anos, ela foi atrás do cineasta para fazer a proposta. Apesar de ouvir um “não”, ela deixou com Scorsese uma amostra do material que tinha guardado. E foi esse empenho de tentar honrar seu marido, sua música e sua vida que deu o pontapé inicial para a criação de “George Harrison: Living in the Material World”.
A identificação entre Scorsese e Harrison
Desde que ouviu pela primeira vez “I Want to Hold Your Hand” no rádio, em 1964, Martin Scorsese se tornou um fã dos Beatles, principalmente do quieto George Harrison. Apesar de isso contribuir para a sua hesitação incial, Scorsese acabou por se permitir criar algo sobre alguém com quem tinha muito em comum.
George Harrison gostava de cinema e de filmar, e, por essa paixão, fundou a Handmade Films, produtora admirada por Scorsese que lançou “A Vida de Brian”, do grupo Monty Python. Além do cinema, a música, não apenas dos Beatles, é um ponto comum entre os dois.
Assim como Harrison, Scosese tem um interesse especial pela cítara. O instrumento, adotado por Harrison após se aproximar da cultura indiana, despertou a curiosidade do diretor, por seu som calmo e, ao mesmo tempo, raivoso.
E, com esses pontos em comum, um material rico e inédito, além d e um olhar arrebatador, Scorsese não teve alternativa a não ser devolver ao mundo o mesmo olhar que ele viu naquele quarto de hotel.
São Paulo – George Harrison queria fazer seu próprio filme. Por isso, gravava muitos dos lugares por onde passava. Morto por um câncer de pulmão, em 2001, o ex-guitarrista dos Beatles não teve tempo de cumprir seu objetivo, mas todas as fitas e fotografias feitas por ele não se perderam com o tempo.
O que deveria ter sido um filme feito por Harrison acabou se tornando um documentário sobre ele, com a direção de ninguém menos do que Martin Scorsese. “George Harrison: Living in the Material World” tem três horas e meia de duração e aborda toda a vida do músico, conhecido por sua personalidade mais “low profile” do que a dos outros Beatles.
Não foi fácil chegar ao resultado. Após receber o convite da viúva de Harrison, Olivia, para dirigir o documentário, Martin Scorsese hesitou bastante: não se sentia capaz de se dedicar como deveria. Mas, alguns meses depois, o cineasta mudou de ideia e, durante cinco anos, produziu o filme lançado em DVD no mês passado. Confira a seguir o que levou Scorsese a abraçar esse projeto.
O olhar de Harrison
Na première de Londres, no início de outubro, o diretor contou que foi quando estava em um quarto de hotel, sozinho, que resolveu fazer o filme. Ele tinha em mãos algumas imagens em DVD gravadas pelo guitarrista e colocou uma delas para rodar.
Na tela, um campo cheio de tulipas, o barulho do vento, o som de um assovio e uma pessoa que surge entre as flores. Era George Harrison, que lança um olhar para a câmera. “O jeito como ele olhou me fez sentir que ele estava olhando para mim”, disse Scorsese. Foi neste momento que ele teve certeza de que o filme deveria ser feito. E aquela seria sua primeira cena.
O empenho de Olivia
Depois de assistir ao documentário “No Direction Home – a Vida e a Música de Bob Dylan”, de Martin Scorsese, Olivia, a viúva de Harrison, teve certeza de que ele seria o diretor certo para concretizar o plano de seu marido.
Com um acervo de vídeos inéditos gravados pelo músico e fotografias acumuladas durante anos, ela foi atrás do cineasta para fazer a proposta. Apesar de ouvir um “não”, ela deixou com Scorsese uma amostra do material que tinha guardado. E foi esse empenho de tentar honrar seu marido, sua música e sua vida que deu o pontapé inicial para a criação de “George Harrison: Living in the Material World”.
A identificação entre Scorsese e Harrison
Desde que ouviu pela primeira vez “I Want to Hold Your Hand” no rádio, em 1964, Martin Scorsese se tornou um fã dos Beatles, principalmente do quieto George Harrison. Apesar de isso contribuir para a sua hesitação incial, Scorsese acabou por se permitir criar algo sobre alguém com quem tinha muito em comum.
George Harrison gostava de cinema e de filmar, e, por essa paixão, fundou a Handmade Films, produtora admirada por Scorsese que lançou “A Vida de Brian”, do grupo Monty Python. Além do cinema, a música, não apenas dos Beatles, é um ponto comum entre os dois.
Assim como Harrison, Scosese tem um interesse especial pela cítara. O instrumento, adotado por Harrison após se aproximar da cultura indiana, despertou a curiosidade do diretor, por seu som calmo e, ao mesmo tempo, raivoso.
E, com esses pontos em comum, um material rico e inédito, além d e um olhar arrebatador, Scorsese não teve alternativa a não ser devolver ao mundo o mesmo olhar que ele viu naquele quarto de hotel.