Frédéric Arnault, novo presidente da TAG Heuer (LVMH/Divulgação)
Guilherme Dearo
Publicado em 8 de junho de 2020 às 17h27.
Última atualização em 24 de julho de 2020 às 17h42.
Frédéric Arnault nasceu no berço de uma das famílias mais ricas do mundo. Seu pai, o francês Bernard Arnault, é presidente do grupo LVMH, maior conglomerado de luxo do mundo que fatura mais de 53 bilhões de euros anuais. Seu pai também é o terceiro homem mais rico do planeta, atrás apenas de Jeff Bezos e Bill Gates, com uma fortuna de mais de 110 bilhões de dólares.
O jovem, que se formou na Ecole Polytechnique de Paris e que trabalhou no Facebook, já atuava, desde 2018, como diretor de estratégia e digital da TAG Heuer, uma das marcas do setor de relógios da LVMH. Agora, aos 25 anos, acaba de ser anunciado presidente da empresa. Assim, ele se torna o quarto filho de Arnault a se consolidar à frente dos negócios da família, depois de Delphine, Antoine e Alexandre. Antoine é presidente da Berluti e da Loro Piana, enquanto Alexandre é presidente da Rimowa e Delphine é vice-presidente executiva da Louis Vuitton. O quinto filho, Jean, tem 22 anos e ainda está na universidade.
Frédéric Arnault substitui Stéphane Bianchi, de 55 anos, no cargo. Bianchi, que desde setembro de 2018 também era presidente da divisão de relógios do grupo (com marcas que incluem Bulgari, Zenith e Hublot), agora será presidente da divisão de joias e relógios. Além das marcas de alta relojoaria do grupo, Bianchi cuidará das maisons de joias Chaumet e Fred. Zenith e Hublot continuam respondendo a ele, além da TAG Heuer. A Bulgari continuará, contudo, em um fluxo separado, com seu presidente Jean-Christophe Babin respondendo a Toni Belloni, managing director do grupo LVMH.
A divisão de joias e relógios gerou 4,4 bilhões de euros de receita em 2019 para a LVMH e cresceu 5% em 2019 em relação a 2018. Ambas as nomeações serão efetivadas a partir de 1º de julho. A TAG Heuer, segundo o ranking de 2018 das marcas suíças mais valiosas, vale, 1,56 bilhão de dólares.
Como diretor de digital e estratégia na TAG Heuer, Frédéric Arnault ajudou a companhia a desenvolver a terceira e quarta gerações do Connected, o primeiro smartwatch da marca. O último lançamento foi uma edição especial para amantes do golfe, com funcionalidades que ajudam esportistas e entusiastas em campo. O primeiro Connected foi criado em 2015, em parceria com o Google e dotado de sistema Android, no mesmo ano em que a Apple lançou seu Apple Watch.
O desafio de Arnault é fortalecer a TAG Heuer no mundo dos relógios digitais e inteligentes. A marca não abre mão da excelência de fabricação, dos relógios analógicos e dos complexos mecanismos mecânicos, mas não ignora o poder de penetração dos smartwatches. Em entrevistas, ele já disse que o objetivo da companhia, com o Connected, é ter um relógio moderno, mas que, uma vez no pulso, pareça um relógio de verdade, feito com maestria por um relojoeiro. A ideia é ter um produto que misture a herança de 160 anos da marca de relógios suíço com novas tecnlogias.
Diferentemente de marcas como Zenith, que ainda se vendem como marcas de alta relojoaria de extrema tradição suíça e acabam atraindo apenas um público mais adulto, a TAG Heuer tenta ser jovem. Uma das estratégias consiste em campanhas publicitárias e com parceiros do mundo dos filmes e dos esportes como Tom Brady, Chris Hemsworth e Max Verstappen.
Em janeiro de 2020, a LVMH promoveu sua primeira feira exclusiva de alta relojoaria, com a presença de Bulgari, Hublot, Zenith e TAG Heuer. O evento aconteceu em Dubai, nos Emirados Árabes, e indicou o que viria a seguir: a saída das marcas do grupo da feira suíça Baselworld, que vem perdendo parceiros, e a tendência de grupos como LVMH e Richemont criarem seus próprios espaços anuais. Na ocasião, a TAG Heuer marcou presença e Stéphane Bianchi conversou com jornalistas, mas foi a única marca do evento a não levar novos produtos a ser apresentados para a imprensa e para varejistas.
Atualmente, o grupo LVMH (LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton SE) conta com 75 marcas e fatura 53,7 bilhões de euros anuais, tendo um valor de mercado de 409 bilhões de euros. Sob seu guarda-chuva, estão de marcas de moda como Louis Vuitton, Emilio Pucci, Givenchy, Marc Jacobs a marcas de beleza como Kenzo e Sephora e de bebidas como Dom Pérignon, Moët & Chandon, Veuve Clicquot e Hennessy.
O movimento mais recente da empresa, que chacoalhou o mercado de luxo, foi a compra da americana Tiffany, por 16,2 bilhões de dólares, em novembro de 2019. Foi o maior negócio do mercado de alto consumo de todos os tempos.
O império não está, contudo, livre da depressão causada pela pandemia do novo coronavírus em 2020. Depois de seu faturamento crescer 18% em 2019 em comparação com 2018, o grupo espera uma queda no ano de 10% a 20%, diante do cenário de linhas de produção paralisadas e lojas e shoppings fechados ao redor do mundo.