10 coisas que o filme dos Guardiões da Galáxia não conta
Como em toda boa obra cinematográfica da Marvel, há algumas diferenças grandes entre os personagens mostrados no filme e os das inúmeras HQs da editora
Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2014 às 11h18.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h04.
Considerado o filme mais ousado lançado pela Marvel até agora, “Guardiões da Galáxia” já está em cartaz nos cinemas brasileiros há três semanas. É tempo de sobra para muita gente ter assistido ao divertido longa-metragem até mais de uma vez e decorado os nomes dos cinco heróis principais e até de alguns vilões. Mas, como em toda boa obra cinematográfica da Marvel, há algumas diferenças grandes entre os personagens mostrados no filme e os das inúmeras HQs da editora – por exemplo, no impresso, a raça de Gamora não é exterminada por Thanos, exatamente. Além disso, há alguns pontos do longa que não foram muito bem explicados, como a origem dos Nova Corps e a história do cachorro que aparece na casa do Colecionador. Saiba mais sobre esses e mais sete pontos na galeria a seguir.
Criada por Stan Lee e Jack Kirby, a gentil árvore apareceu pela primeira vez como um vilão na edição 13 da HQ “Tales to Astonish” (“Contos para Surpreender”, em tradução livre), de 1959. Na história principal, Groot, “O Invencível” monstro e monarca do Planeta X, bem mais falante, veio à Terra para coletar espécimes humanas, que seriam analisadas no planeta natal do alienígena. Os esforços da polícia não foram suficientes para derrotá-lo, e a tarefa caiu nas mãos do personagem Leslie Evans – que desenvolveu cupins geneticamente modificados e, curiosamente, só apareceu nesta história, segundo o Marvel Database. Aliás, na edição 27 desta mesma série de quadrinhos, a editoria mostrou ao mundo o primeiro Homem-Formiga, que ganhará um filme no ano que vem.
Da mesma forma que acontece com outros personagens da Marvel em seus respectivos filmes, a origem de Star-Lord (ou Peter Quill, se preferir) é um tanto diferente nas HQs. Na história original, finalizada na edição 11 de “Marvel Preview” (1977), Quill, aos 11 anos, vê a mãe assassinada por alienígena chamado Rruothk'ar, o Senhor da Confederação Ariguan. Alguns anos perturbados depois, já como Star-Lord, o herói encontra e mata o assassino para finalmente conhecer seu pai, o Imperador Jason, de Spartoi. Como no longa-metragem a mãe de Peter Quill não tem um destino parecido, é bem provável que a história seja um pouco diferente em “Guardiões da Galáxia 2” – James Gunn inclusive já afirmou que o pai do líder dos Guardiões “definitivamente não será o mesmo dos quadrinhos”.
Apesar de ser retratado no filme como sendo de outra raça, Drax nasceu como um ser humano chamado Arthur Douglas nas HQs. A história é curiosa, bem confusa e foi revelada na edição 32 do “Capitão Marvel”, ainda em 1974. Viajando junto da filha e da esposa, Douglas tem o carro atacado pela espaçonave de Thanos, o vilão-mor, que estava em uma missão de reconhecimento pela Terra. Ele morre, mas seu espírito é colocado por Kronos, outra entidade poderosa, em um novo corpo, bem mais preparado e cujo objetivo era apenas destruir o mesmo Thanos que o matou. A experiência foi feita a pedido de Mentor, que precisava de um herói para proteger o planeta Titan da fúria do vilão. Mentor, aliás, é pai do malvado, e ainda adotou a filha de Drax, sobrevivente do “acidente”. Aliás, o Destruidor, de costas na imagem, consegue acabar com seu arqui-inimigo.
No decorrer de “Guardiões da Galáxia”, o guaxinim Rocket chega a dizer que foi fruto de uma experiência genética, desmontado e remontado algumas vezes. E sua origem nos quadrinhos é até bem parecida (e relativamente longa): Rocky era parte de um grupo de bichinhos comuns levado por uma raça de humanoides ao planeta de Halfworld. Por lá, esses alienígenas criaram uma espécie de manicômio, onde mantiveram isolados os loucos de sua sociedade – que contavam com a companhia apenas dos animais durante o tratamento. Os ETs tiveram que abandonar o local, mas não sem antes criar alguns robôs, que assumiram a tarefa de cuidar dos pacientes (apelidados posteriormente de “Loonies”). As máquinas, no entanto, desenvolveram a própria inteligência – e para se livrar do dever, modificaram geneticamente os inocentes bichinhos de estimação, passando a responsabilidade a eles. No grupo de novos cuidadores, que recebiam suprimentos e armas de seus criadores, estava Rocket – cujo nome é referência à música “ Rocky Raccoon ”, dos Beatles, aliás. A historia é explicada na edição 271 do “Incrível Hulk”, de 1982, que aparece ao lado.
Diferente do que acontece no filme, o planeta de Gamora não é destruído pelo titã louco Thanos. O vilão, na verdade, encontra-a ainda criança, abandonada após toda a raça Zen-Whoberi ser dizimada pela Igreja Universal da Verdade, ou “Universal Church of Truth” – um império religioso que queria dominar a galáxia. Seu pai-adotivo a criou quase como uma filha (como dá para ver na imagem ao lado), para depois treiná-la e prepará-la para assassinar Magus, líder do culto. Ela se complica, mas cumpre a tarefa com a ajuda de Adam Warlock – que por acaso se torna um membro dos Guardiões da Galáxia em outras HQs. É após a missão que ela descobre quais os reais planos de Thanos, finalmente resolvendo se rebelar. O resultado, no entanto, não é nada bom: ela é destruída, e sua alma, única coisa que sobreviveu, é encontrada e colocada dentro da “Soul Gem” por Warlock.
O cachorro vestido de astronauta que aparece na casa do Colecionador (e depois na cena pós-créditos) é Cosmo, um cão extremamente inteligente e dono de poderes telepáticos. Sua origem nas HQs data da edição 8 do quarto volume de “Nova” (2008), e ele é retratado como um ex-animal de testes no programa espacial da União Soviética – daí o uniforme. Ele acaba parando em Knowhere (o planeta-estação-cabeça Luganenhum), onde posteriormente assume o cargo de chefe de segurança. Ele se torna um importante aliado dos Guardiões da Galáxia, apesar de sua relação com Rocket ser um pouco conturbada – afinal, Cosmo é um cachorro, animal que pode não ser muito amigo de guaxinins.
A história da “polícia” de Xandar deve ser melhor trabalhada no segundo filme dos Guardiões, mas vale entrar no assunto. A equipe aparece na primeira edição da própria HQ, “Nova”, de 1978, e tem como membro mais ilustre Richard Rider – ao lado, conhecido também como Nova, personagem que jogadores de “Marvel vs. Capcom” devem reconhecer. O herói ocupa o cargo de Nova Prime, que é também o posto de Irani Rael (papel da atriz Glenn Close) neste novo filme. Na história impressa, aliás, Rhomann Dey (papel de John C. Rilley) é o responsável por recrutar Rider para os Nova Corps, na edição 1 de "Nova".
A mulher rosada e assustada que auxilia o Colecionador – e é ameaçada por ele antes de explodir – aparece como Carina nos créditos do filme. Nas HQs, uma personagem de mesmo nome, Carina Walters, é filha do excêntrico personagem, mas tem um destino igualmente trágico: ela é mandada ao planeta Terra para seduzir o vilão Korvac, com quem acaba se casando. Ambos são aparentemente mortos em um confronto contra os Vingadores, que dura das edições 167 a 177, lançadas entre janeiro e novembro de 1978.
Dos Guardiões presentes no filme deste ano, nenhum fazia parte da equipe original, introduzida pela Marvel nas HQs em 1969, na 18ª edição de “Marvel Super-Heroes”. Star-Lord, Rocket, Gamora, Drax e Groot só vieram a compor o time nas histórias lançadas a partir de 2008. Antes deles, o grupo – que pertencia a um universo paralelo – era formado por Vance Astro (um astronauta terráqueo que viajou pelo espaço em animação suspensa durante mil anos), Charlie-27 (um soldado jupteriano), Martinex (um plutoniano), e Yondu, o pirata espacial azul que “adota” Peter Quill no longa-metragem. O personagem de Michael Rooker, aliás, era um arqueiro em sua versão original, capaz de controlar a flecha lançada usando assobios – o que explica a seta usada pelo pirata no filme.
Por fim, algumas curiosidades mais “reais”. Segundo o IMDB, ao saber que assumiria o papel de um herói da Marvel, Dave Bautista (o Drax) “desabou a chorar” e quase que imediatamente começou a ter aulas extras de interpretação. O mesmo site afirma que o diretor James Gunn ficou tão satisfeito com o teste do comediante Chris Pratt para o papel de Star-Lord que o contrataria mesmo se o ator continuasse um pouco fora de forma. Vin Diesel (o Groot), por sua vez, conta que precisou gravar a fala “I am Groot” mais de 1.000 vezes durante a produção, dando diferentes entonações e dizendo-a em mais de um idioma. O IMDB também revela que Zoe Saldana (Gamora) quase quebrou as costelas de Pratt em uma cena de luta. Tudo porque o ator se esqueceu de vestir o equipamento de proteção. Como não contou a ninguém, acabou levando um belo chute na região. Por fim, o modelo de Rocket foi feito com base em um guaxinim de verdade, que mora no Reino Unido e se chama Oreo.