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10 coisas que as pessoas não entendem sobre a ansiedade

Reunimos aqui os dez mitos mais comuns sobre os transtornos de ansiedade e pânico


	Homem indeciso e ansioso: segundo professor adjunto na Universidade Johns Hopkins, há muitos enganos quando se trata de transtornos de ansiedade
 (Getty Images)

Homem indeciso e ansioso: segundo professor adjunto na Universidade Johns Hopkins, há muitos enganos quando se trata de transtornos de ansiedade (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 26 de março de 2014 às 21h10.

Talvez uma das dificuldades mais constantes dos ansiosos é que as pessoas não entendem muito sobre esse transtorno.

Segundo Joseph Bienvenu, professor adjunto de psiquiatria e ciências do comportamento na Universidade Johns Hopkins, há muitos enganos quando se trata de transtornos de ansiedade, e isso pode dificultar a solução do problema.

Esses conceitos errados são uma realidade comum para os que têm essa condição, conhecem alguém que luta contra ela ou acham que podem estar perto de um diagnóstico. Reunimos aqui os dez mitos mais comuns sobre os transtornos de ansiedade e pânico.

As pessoas que têm ansiedade são fracas.

"Muitas pessoas acham que ter esse transtorno significa que elas são temerosas ou fracas -- e isso certamente não é verdade", diz Bienvenu. Ele explica que, enquanto muitos transtornos de ansiedade e pânico podem derivar do medo, essa característica não é o único componente da condição -- e certamente não deve ser usada para definir a pessoa.

Em uma tentativa de explicar como é lidar com a ansiedade baseada no medo, o psicólogo clínico Bill Knaus detalhou as dificuldades cotidianas da condição em um post no blog da "Psychology Today". Ele descreve como a ansiedade também pode se manifestar a partir de algo que todos conhecemos bem: o remorso. "Ansiedades e medos recorrentes podem parecer paredes de cada lado de uma trilha pintada com murais de arrependimentos", escreveu ele.

Ter ansiedade não é uma coisa importante.

Segundo Allison Baker, uma psiquiatra de crianças e adolescentes e diretora do programa de adolescentes do Centro Médico da Universidade Columbia, o transtorno não é algo a ser escondido embaixo do tapete. Transtornos de ansiedade podem acompanhar ou ter o potencial de levar a outras doenças, como depressão ou problemas de abuso de drogas.

Quando se trata de crianças e adolescentes, Baker também diz que muitas crianças não falam sobre sua ansiedade porque não percebem que é uma coisa importante. "As crianças ansiosas, afinal, não são as mais ruidosas", explica Baker. "Elas com frequência apenas interiorizam a experiência ansiosa. Elas não levantam bandeiras ou causam problemas para ninguém, por isso são mais ou menos negligenciadas no processo."


A condição não é tão comum.

Os transtornos de ansiedade afetam aproximadamente 40 milhões de adultos americanos por ano, ou cerca de 18% da população do país. Segundo Baker, os transtornos de ansiedade também são uma das condições psicológicas pediátricas predominantes.

Problemas de ansiedade derivam de uma infância ruim.

Outra incompreensão comum sobre a ansiedade é que ela vem de problemas profundamente enraizados no passado. As experiências passadas certamente podem influir na ansiedade, mas Bienvenu diz que essa ideia é uma incompreensão. "Não que uma infância difícil não esteja totalmente relacionada, mas ter uma infância difícil pode se relacionar a todo tipo de coisa, não apenas a ansiedade", diz ele. "Algumas pessoas têm uma infância ótima e ainda têm ansiedade."

Segundo a Associação Americana de Ansiedade e Depressão, a maioria dos profissionais faz o paciente focar no aqui e agora durante o tratamento baseado em terapia, em oposição a refletir sobre o que ocorreu no passado. Estudos também descobriram que fazer meditação de conscientização pode ajudar a reduzir níveis de ansiedade e estresse mental.

As pessoas que sofrem de ansiedade devem evitar o que causa seu medo.

Em vez de fugir do medo, os especialistas sugerem exatamente o contrário. "Evitar não é uma boa estratégia", explica David Spiegel, catedrático adjunto de psiquiatria e ciências do comportamento na Universidade Stanford.

"Evitar [o que lhe causa medo] faz parecer que não está acontecendo – e, quanto mais você evita, pior fica. Para pessoas que têm fobias, a única experiência que elas têm [com esse fator de estresse em particular] é horrível, mas é possível normalizá-la. Quanto mais você lida com as coisas que lhe causam estresse, mais domínio você tem sobre elas."


Em um ensaio para o "New York Times", o professor de ciência neural da Universidade de Nova York Joseph LeDoux explicou que evitar um pouco pode ser útil em certos casos, mas o comportamento constante de evitar pode exacerbar a condição. "Pessoas com problemas de ansiedade social, por exemplo, podem facilmente contornar a ansiedade evitando situações sociais", ele escreveu.

"Isto resolve um problema, mas cria outros, já que as interações sociais são uma parte importante da vida cotidiana, incluindo a profissional e a pessoal. Mas se uma pessoa evita situações, em que existe uma probabilidade de ser encontrada, a oportunidade de extinguir os medos pela exposição nunca ocorre e a ansiedade continua indefinidamente."

O transtorno vai se resolver sozinho.

"Muitas pessoas acreditam que a ansiedade não é algo que valha a pena avaliar", diz Baker. "Mas é importante tratá-la, especialmente em crianças e adolescentes. Se não for tratada, pode ser associada a um risco maior de depressão." Existem vários métodos de tratamento para ansiedade, incluindo psicoterapia e medicação.

Relaxar com uma bebida pode tranquilizar a pessoa ansiosa.

Apesar de sua reputação de "tirar a tensão", não espere que uma cerveja descontraia alguém que luta com ansiedade ou pânico. Na verdade, segundo Keith Humphreys, professor de psiquiatria na Universidade Stanford, pode acabar piorando a condição. "Em curto prazo talvez ajude, mas em longo prazo pode ser uma porta para a dependência", ele disse anteriormente ao HuffPost Healthy Living. "É perigoso em longo prazo, porque essas substâncias podem acentuar a ansiedade."

Apesar dos riscos, um estudo publicado nos Archives of General Psychiatry [Arquivos de Psiquiatria Geral] concluiu que a maioria das pessoas que sofrem alguma forma de ansiedade tentou aliviá-la se automedicando com substâncias.

O estudo revelou que 13% das pessoas que tinham consumido álcool ou drogas no ano anterior o fizeram na tentativa de reduzir a ansiedade, o medo ou o pânico sobre determinada situação.


A ansiedade só surge a partir de um certo medo ou trauma.

Segundo Bienvenu, é incorreto pensar que a ansiedade vem principalmente de uma experiência ou medo específicos. Enquanto uma certa fobia -- como de voar ou de grandes alturas -- pode muitas vezes estar no centro da condição, também há uma base genética para distúrbios de ansiedade, diz ele.

Segundo Spiegel, a ansiedade crônica abrange mais que uma mera instância particular de medo e começa a torná-lo menos consciente do que você sente no momento. "Você começa a sentir-se ansioso por estar ansioso", disse ele.

Não há nada que se possa dizer para ajudar uma pessoa ansiosa a relaxar.

Existem muitas maneiras de se oferecer ajuda para alguém que enfrenta essa condição, diz Baker. Se você estiver tentando tranquilizar alguém com ansiedade, a melhor coisa é fazer perguntas. "Pergunte à pessoa: 'Como posso ajudá-la?' 'O que posso fazer ou dizer para ajudá-la neste momento?'", diz ela. "Use uma orientação da própria pessoa, em vez de embarcar na suposição do que elas podem querer de você."

Você deve evitar certas frases quando falar com uma pessoa amada que pode estar sofrendo de transtorno de ansiedade. Segundo Humphreys, ser sensível à situação também pode ajudar. "O paradoxo é que [uma frase empática] ajuda a acalmá-los, porque eles não sentem que têm de combater a ansiedade", diz ele. "Demonstra certa compreensão."

É difícil relacionar-se com alguém que tem essa condição.
Todos já passamos por um momento que traz crises de nervos, explica Baker. "Todos experimentamos a ansiedade em certo nível", diz ela. "Isso nos ajuda a preparar para falar em público e nos motiva a treinar ou ensaiar; todo mundo pode se relacionar com essa experiência. Um transtorno de ansiedade é quando esse nervosismo corriqueiro se torna uma experiência cotidiana crônica."

Para ajudar uma pessoa amada que sofre essa condição, Baker diz que pode ser útil lembrar algumas de suas próprias experiências. "Imagine como elas seriam em um estado avançado", diz. "Isso pode torná-lo mais empático com a situação."

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