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Vaquinha online financia projetos de empreendedores

O crowdfunding, ou financiamento coletivo, está permitindo que as pessoas tirem suas ideias do papel e as transformem em negócios

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Redes sociais possibilitam que projetos recebam doações direto dos internautas (Caco Neves / VOCÊ S/A)

Redes sociais possibilitam que projetos recebam doações direto dos internautas (Caco Neves / VOCÊ S/A)

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Rafael Tonon

Publicado em 18 de junho de 2013 às, 14h44.

São Paulo - Boas ideias para negócios promissores surgem o tempo todo: em um encontro de família, em uma reunião de trabalho ou até em um papo de bar. O argumento é bom, o plano de negócios viável, o sucesso é quase garantido. Só falta encontrar quem tope entrar com a parte mais importante e a mais difícil de obter: a grana.

Na maioria das vezes, a falta de dinheiro (próprio ou a juro baixo) impossibilita que a ideia saia do papel. Mas na era digital, por meio das redes sociais, viabilizar uma iniciativa ficou muito mais fácil graças ao crowdfunding, ou financiamento coletivo, na tradução para o português, um modelo de negócio recém-chegado ao Brasil.

O modelo funciona de forma muito simples: você cria um projeto (que pode ser um novo software ou produto), estima a quantia que precisa arrecadar e o inscreve em algum site de crowdfunding (conheça alguns deles na página seguinte). As pessoas que acreditam na sua ideia tornam-se patrocinadoras dela, podendo doar as quantias que desejarem em troca do produto que estão patrocinando, ou simplesmente pelo crédito de agradecimento em seu trabalho.

O dono do projeto só receberá o dinheiro se a cota definida como necessária para concluir a empreitada for arrecadada dentro de um prazo estabelecido. Para tornar o processo transparente, os valores conseguidos são atualizados em tempo real e ficam à mostra na página de cada projeto.

Isso garante que o trabalho só comece quando houver o investimento inicial necessário, sem ter de parar o desenvolvimento da iniciativa. O site fica com cerca de 5% do valor arrecadado (esse montante varia de site para site) caso o projeto tenha sucesso. Se não alcançar o valor estipulado, o patrocinador pode escolher outro projeto para investir ou solicitar seu dinheiro de volta. Tudo simples e ao alcance de alguns cliques. 

Pioneiros da onda

A onda do crowdfunding começou nos Estados Unidos, em 2009, com o lançamento da rede Kickstarter, hoje a maior do mundo, com cerca de 25 milhões de dólares arrecadados, financiados por mais de 300 .000 pessoas, que custearam 4.000 projetos. Não demorou para que o modelo fosse exportado para o mundo todo.


No Brasil, o primeiro site do tipo é o Vakinha, dos sócios gaúchos Fabricio Milesi, Diego Izquierdo e Luiz Felipe Gheller. O site deles, mais abrangente, não aborda apenas negócios e projetos, mas também sonhos de consumo pessoais, como próteses de silicone, viagens e até um carro novo, se o usuário conseguir convencer os outros de que ele merece. Funciona como uma espécie de Porta da Esperança digital. 

Hoje, o maior site do tipo em operação no país é o Catarse, que surgiu no início deste ano e tem como foco ajudar a viabilizar modelos de negócios e projetos sociais. O site foi fundado pelos estudantes de administração de empresas Diego Reeberg, de 23 anos, e Luís Ribeiro, de 20, que queriam empreender algo novo e, ao conhecerem o Kickstarter, viram no crowdfunding uma nova possibilidade de fazer algum dinheiro.

"Ficamos fascinados pelo modelo, pois tinha tudo a ver com o que achávamos que um negócio deveria ser: colaborativo, conectado às mídias sociais e capaz de promover mudanças na sociedade", diz Diego, um dos sócios. O site já conquistou alguns fãs como patrocinadores e pessoas com ideias em busca de recursos. Em um mês, o Catarse arrecadou 14.500 reais.

Já entraram no ar 37 projetos em busca de financiamento. Desses, 18 já tiveram o prazo de captação encerrado, sendo que dez conseguiram sair do papel. "Até agora 1 475 pessoas já patrocinaram projetos que divulgamos", diz Diego.

O site, que começou com um investimento de 10.000 reais, hoje conta com a Softa, uma empresa de softwares de Porto Alegre, como sócia. "Para companhias baseadas na internet, ter gente técnica dentro do negócio é praticamente imprescindível", diz Diego.

O próximo passo do Catarse é fornecer sua tecnologia para outros sites de crowdfunding. "Já temos um cliente nos Estados Unidos e estamos em contato no México, na Colômbia, na China, na Rússia, em Israel, na Dinamarca e na Suíça."

Mais que investimento

O primeiro financiamento coletivo feito pelo Catarse foi a Rabiscaria, loja virtual de Goiânia que congrega designers e ilustradores para criar produtos personalizados, como utilidades domésticas, louças, peças de vestuário. A proposta é contar com artistas de todo o Brasil que queiram desenvolver esses produtos.  


"Fomos atrás de financiamento em bancos, mas as taxas de juro são impossíveis. Como a natureza do nosso negócio é colaborativa, foi natural enxergar no financiamento coletivo uma oportunidade para levantar o montante inicial sem a burocracia dos meios normais", diz Carlos Filho, um dos fundadores da Rabiscaria.

No início de março, o projeto captou 103% do valor necessário (25.000 reais). "Receber um financiamento coletivo vai muito além do dinheiro. Você ganha uma legião de fãs e de novos sócios da ideia", diz o jovem empreendedor. 

Histórias como a de Carlos e seus amigos estão se tornando comuns. Veja o caso dos jovens criadores da grife de roupas malaio-chinesa Ultra.

Assim que colocaram seu projeto de uma confecção de roupa totalmente sustentável no site americano Kickstarter, os quatro fundadores, todos na faixa dos 20 anos, não demoraram nem 15 dias para conseguir o valor necessário para produzir a coleção de outono de 2011.

Ganharam tantos adeptos e tanta repercussão pelo trabalho de aliar confecção com sustentabilidade que apresentaram sua última coleção, batizada de Ultra 10, na Semana de Moda de Paris. "Além de possibilitar captar o dinheiro necessário, a rede nos deu uma enorme visibilidade. Levamos as nossas criações para a capital da moda, algo que não imaginávamos", diz a chinesa Anita Hawkins, uma das proprietárias da marca. 

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