Vale a pena ter certificações na área financeira?
Especialista explica o contexto em que surgiram exames como CPA e CFP, além de sua validade no mercado como "selo de qualidade"
Da Redação
Publicado em 20 de janeiro de 2015 às 14h56.
O debate sobre a necessidade de introduzir mecanismos de regulação da atividade bancária no Brasil aprofundou-se em 2002. Naquele ano eleitoral, o mercado financeiro sofreu significativa instabilidade devido à incerteza do futuro da economia, época em que a taxa de câmbio chegou próximo de 4 reais por 1 dólar.
Com isso, o retorno de muitos investimentos foi afetado e houve casos inclusive de retornos negativos mesmo em aplicações consideradas muito conservadoras, como Fundos Renda Fixa ou Referenciados DI.
Com isso, foram registrados grandes volumes de resgates, com investidores bastante apreensivos e inseguros acerca das características dos produtos de investimento. Esse episódio expôs, de certa forma, a falta de conhecimento dos funcionários bancários em relação aos produtos de investimentos que ofereciam aos clientes.
Com a resolução 3.158 de 2002, o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central passaram a exigir que os profissionais do mercado financeiro que possuem contato direto com investidores na comercialização de produtos de investimento e atendem investidores comprovem seu conhecimento por meio de exames de certificação, que são organizados por entidades de reconhecidas pela capacidade técnica.
No mesmo ano, a então Anbid, hoje Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), criou o Programa de Certificação como um dos pilares para contribuição do desenvolvimento sustentável do setor.
CPA-10 e CPA-20
Foi inicialmente lançada a CPA-20 (Certificação Profissional ANBIMA - Série 20), que se destina a certificar Profissionais das Instituições Participantes que desempenham atividades de comercialização e distribuição de produtos de investimento diretamente junto a investidores qualificados, que são aqueles que possuem mais de 300 mil reais para aplicar.
Pouco tempo depois, foi criada a CPA-10 (Certificação Profissional ANBIMA - Série 10), com um programa menos robusto, que destina a certificar o mesmo público alvo, mas que não atende investidores qualificados.
Em outras palavras, a CPA-10 se destina a profissionais que atendem investidores com volumes menores para aplicação e, por esse motivo, o programa menos amplo que o da CPA-20. A iniciativa foi tão promissora que, em novembro de 2014, havia mais de 67 mil profissionais com a certificação CPA-20 e praticamente 300 mil com a certificação CPA-10.
CFP
Outra certificação que ganhou destaque nos últimos anos é a Certified Financial Planner - CFP®, voltada para planejadores financeiros. O planejador financeiro CFP® é um multiespecialista, com visão estratégica e conhecimentos de administração de investimentos, gerenciamento de riscos, previdência complementar, seguros, planejamento financeiro, fiscal e sucessório.
Ele atua como um consultor, avaliando os objetivos, expectativas e necessidades de cada cliente visando desenvolver, apresentando e executando estratégias de planejamento financeiro adequadas ao perfil do cliente.
Para se tornar um planejador financeiro certificado e obter o direito de uso das marcas CFP®, o profissional deve comprovar conhecimentos técnicos, formação, experiência profissional e postura ética.
Uma vez certificado, ele está qualificado a exercer suas atividades em instituições financeiras, além de abrir novas perspectivas de carreira e trazer mais confiança para o cliente. Para manter a certificação, deverá permanecer em contínuo aperfeiçoamento.
O profissional CFP® possui números menos expressivos que as certificações CPA-10 e CPA-20 (há pouco mais de 1.500 profissionais com essa certificação), mas vem registrando altas taxas de crescimento e ganhando elevado reconhecimento no mercado financeiro.
Em resumo, as certificações representam um mercado promissor no Brasil, pois contemplam um programa de estudos muito detalhado e focado para cada área de atuação do profissional que, ao ter êxito no exame, ostenta ao mercado uma certificação que pode ser associada a um “selo de qualidade".
"Este artigo foi originalmente publicado no Na Prática, portal de carreira da Fundação Estudar"