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Da Redação
Publicado em 19 de agosto de 2014 às 12h26.
Com a morte do candidato à Presidência Eduardo Campos, esperam-se mudanças nestas eleições. Que ocorrerá? Quem será, de fato, o novo candidato daquele partido? Diante dos fatos, estampou um dos mais conceituados jornais impressos brasileiros a seguinte manchete:
MARINA DÁ AVAL AO PSB PARA ENCAMINHAR SUA CANDIDATURA
Pronomes correspondem a uma classe nominal, variável em gênero e número, com enorme poder coesivo; poder de referência e apontamento textual. Na citada manchete, o possessivo “sua” tem, inicialmente, dois referentes: o PSB e Marina. Ambígua a frase, então? Em primeira análise, sim.
É certo que o leitor poderia pensar o seguinte: foi encaminhada a candidatura apoiada pelo partido ou a candidatura de Marina foi encaminhada, como a possível nova Presidente da República?
Sob olhar mais técnico, à referência anterior dá-se o nome de anáfora. Pronomes ou nomes - com a relação para o que aparece antes – são anafóricos.
Na visão de gramáticos, estaria ali, para a manchete, justamente o papel do contexto – aquilo que constitui o texto no seu todo.
Ratificando, o contexto não deixaria margem para a confusão; a presidenciável Marina seria a única possível a ter a candidatura encaminhada.
No entanto, como tudo em Política torna-se sempre relativo, e por se tratar de uma manchete, o leitor é levado à confusão. O partido teria, agora, uma candidatura dele? Não seria mais ela a aposta?
Com dois referentes, preferiria a expressão em concordância nominal, excluindo-se as hipóteses das relatividades políticas:
MARINA DÁ AVAL E DEVE SER A CANDIDATA DO PSB
Uma outra opção, com o futuro do presente (incisivo):
MARINA DÁ AVAL E SERÁ A CANDIDATA DO PSB
Em meio à situação de incerteza e ansiedade, não deixaria que o contexto resolvesse essa questão. Uma manchete deve primar por intensa clareza e brevidade, mas ainda bem que o texto tem tantas nuanças na arte da informação.
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