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Thiago Silva travou. Líderes podem fazer isso?

No duelo contra o Chile, o capitão da seleção brasileira tremeu nas bases. Até que ponto a fragilidade do líder pode abalar a confiança de uma equipe?

EXAME.com (EXAME.com)

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Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 1 de julho de 2014 às 09h12.

São Paulo - Líderes precisam ter consciência de que suas emoções influenciam profundamente o estado de espírito da equipe, segundo o especialista Yuri Trafane, sócio da Ynner Treinamentos.

Essa é uma verdade que vale tanto para os campos quanto para a vida profissional em geral.

Na sofrida vitória do Brasil contra o Chile pelas oitavas de final da Copa do Mundo, um dos personagens do “drama” surpreendeu os espectadores da partida.

Na hora da decisão por pênaltis, o capitão da seleção Thiago Silva desabou. Visivelmente inseguro, pediu para não bater nenhum pênalti. Sentou cabisbaixo sobre a bola e começou a rezar. 

Apesar da tensão, veio um final feliz para o Brasil. Mas de que forma o desalento do jovem líder poderia ter prejudicado os ânimos - e o desempenho - dos outros jogadores?

“O que minimizou o impacto negativo do desespero de Thiago, felizmente, foi a segurança mantida por Felipão, a referência central daquela equipe”, comenta o especialista.

Para ele, se o técnico tivesse perdido o controle, as chances de o Brasil levantar a cabeça e vencer o jogo seriam tragicamente reduzidas.

“Ainda que pudesse demonstrar o que estava sentindo, o capitão exagerou na dose”, diz Yuri.


O líder inesperado

Em meio à instabilidade geral, uma figura surgiu para acalentar os ânimos da seleção na hora H.

O volante Paulinho, que ficou no banco de reservas na partida contra o Chile, acalmou e motivou os companheiros - um gesto valioso sobretudo no momento em que o capitão dava sinais de insegurança.

“O caso de Paulinho é interessante porque ele não vem passando por um bom momento técnico, mas revelou ter inteligência emocional e força moral quando chegou a hora”, diz Yuri.

Na opinião do especialista, a situação mostra que existe uma desconexão entre capacidade técnica e preparo para liderar. “Em empresas, também é comum ver profissionais que podem não estar contribuindo tanto para os resultados, mas são fundamentais para empoderar os demais”, afirma.

Quando falta força moral por parte da chefia oficial, é comum que apareçam líderes espontâneos, como foi o caso de Paulinho, para reequilibrar as energias do grupo.
 

Humanidade sim, melodrama não

Na lógica do mundo empresarial, em que a racionalidade é um valor incontestável, demonstrações exageradas de emoção não costumam ser bem-vindas.

“Salvo por motivos pessoais, é uma catástrofe que um chefe chore diante de sua equipe”, afirma Yuri.

O especialista explica que, até meados da década de 1990, era comum a mistificação do líder como uma espécie de super herói inabalável e estóico.

“Hoje, vivemos uma fase em que a humanização da chefia passa a ser vista com bons olhos”, explica o especialista. Sofrer, admitir falhas e agir com humildade são atitudes esperadas de um chefe de "carne e osso".

O problema está na sua postura diante de uma crise - ou na iminência de um possível fracasso, como teria sido a derrota para o Chile.

“Na hora H, mesmo o chefe mais sensível precisa garantir que os outros podem segurar na sua mão e seguir em frente sem medo”, pondera Yuri.
 

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