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Tática dos EUA de atrair cérebros inclui visto bem mais “barato”

Visto EB-1 de residência permanente nos EUA não exige muito dinheiro – desde que você prove que é brilhante na carreira

Bandeiras EUA (Digital Vision/Thinkstock)

Bandeiras EUA (Digital Vision/Thinkstock)

Camila Pati

Camila Pati

Publicado em 21 de setembro de 2017 às 15h00.

Última atualização em 22 de setembro de 2017 às 10h28.

São Paulo – Não é de hoje que os Estados Unidos facilitam a entrada e a residência permanente de estrangeiros com saber público e notório em suas áreas de atuação profissional. Parte dessa estratégia é oferecer um visto bastante vantajoso a essas pessoas, o EB-1.

“É um visto pouco conhecido porque é bastante seletivo, de atratividade intelectual”, diz o presidente da consultoria de mobilidade internacional EMDOC, João Marques da Fonseca.

Exigente porque é voltado executivos, pessoas notáveis e àqueles que têm habilidades extraordinárias, porém bem mais barato do que o visto para investidores, o EB-5, já que não demanda que a pessoa esteja disposta a investir dinheiro na economia americana.

“A vantagem do visto EB-1 é que não há a obrigação de já ter oferta de emprego nos EUA e não tem a exigência do EB-5 de investir 500 mil dólares no país, o que, na prática com taxas e custos, acaba saindo 700 mil dólares”, diz Fonseca.

O EB-1 é oferecido em três categorias e todos os detalhes e requisitos estão descritos no site oficial do serviço de imigração. “A mais comum é para executivos de multinacionais transferidos para os Estados Unidos”, diz Fonseca.

A segunda categoria é para professores e pesquisadores de destaque acadêmico internacional.“Tem que ter publicação na sua área de pesquisa, além de três anos de experiência como professor ou em pesquisa”, diz Fonseca. Entre outros requisitos, é claro.

E o terceiro tipo é ainda mais raro para as pessoas que têm habilidades extraordinárias. “Pode ser, por exemplo, um cientista reconhecido que tenha várias patentes, que faça palestras em outros países.

Grandes advogados, com participação em painéis internacionais, ou médicos inovadores e de renome também podem pedir o visto, caso queiram morar nos Estados Unidos. É que, além de ciência, profissionais de grande destaque nas áreas de artes, educação, negócios e esportes também são elegíveis. Obviamente que em todos os casos é preciso saber falar inglês.

“O jogador de futebol Kaká poderia ter se candidatado ao visto EB-1 se quisesse. É um cara de sucesso, tem dinheiro, está na ativa e tem a contribuir”, explica. O jogador atualmente integra a equipe do time Orlando City, da Flórida.

Fuga de cérebros brasileiros?

O processo de aquisição do EB-1 dura dois anos e passa por apresentação da documentação e entrevistas. Quem não quiser esperar pode pagar uma taxa de urgência que faz o tempo cair pela metade. Quem falhar em provar seu brilhantismo de carreira tem o visto negado rapidamente. "Aos que não comprovam o  'não' é rápido, prático e objetivo", afirma.

Segundo o presidente da EMDOC, tem havido um aumento na procura desse visto por parte de pesquisadores e cientistas. “O Brasil vive uma fuga de cérebros”, diz ele que considera que a objetividade e clareza das regras para a concessão do EB-1 aumentam a atratividade dos Estados Unidos para esse público.

Infelizmente, diz Fonseca, a recíproca não é verdadeira e o Brasil não mostra ao mundo que está interessado em receber imigrantes altamente qualificados. “Aqui não dá nem para falar que são regras discricionárias porque as regras para esses estrangeiros simplesmente não existem”, afirma.

Apesar de o Brasil ter uma nova Lei de Migração, aprovada neste ano, a falta de clareza no processo de admissão de estrangeiros altamente qualificados não parece que será resolvida. “A regulamentação da lei seria o momento certo de o Brasil mostrar que quer atrair essa mão-de-obra”, diz ele, que é fã declarado do modelo estadunidense de atração de profissionais brilhantes.

“Adoro esse modelo e tanto ele é bom que é usado por vários países”, diz Fonseca. Singapura, Canadá, Austrália, Inglaterra e países da União Europeia, sobretudo Suécia e Alemanha, têm políticas de atração semelhantes à estratégia do Tio Sam.

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