Liderança (phototechno/Thinkstock)
Claudia Gasparini
Publicado em 7 de novembro de 2017 às 15h00.
Última atualização em 6 de dezembro de 2018 às 12h35.
São Paulo — Qualquer profissional minimamente competente é capaz de dar ordens e cobrar resultados dos seus subordinados. Mas só líderes verdadeiros têm a capacidade de ir além do lugar-comum e agir como coaches.
Em vez de simplesmente determinar o que vai ser feito, quando, onde e como, o bom gestor faz com que seu subordinado se aproprie do problema e descubra sozinho a solução para ele, explica a master coach Eva Hirsch Pontes, professora convidada da Fundação Dom Cabral.
O objetivo é que o liderado não seja meramente um cumpridor de tarefas formuladas por outra pessoa, mas sim que seja capaz de encontrar suas próprias saídas — e se torne, portanto, o dono dos resultados. Os ganhos em desenvolvimento são muito maiores, inclusive a longo prazo.
Isso só é possível por meio de conversas estruturadas com cada membro da equipe, nas quais são colocadas em prática ferramentas típicas do universo do coaching, como a escuta profunda e a capacidade de fazer perguntas e até provocações.
“Ser um líder-coach é igual a falar uma outra língua no dia a dia”, diz Pontes. Segundo a professora, não é preciso fazer um curso de formação em coaching para chegar a esse objetivo. Há cursos específicos, normalmente oferecidos dentro da própria empresa, para treinar esse novo “idioma”.
“O que você acha que precisa ser feito para resolver esse problema?” é um exemplo de pergunta típica de um chefe que vai além das ordens e realmente desenvolve sua equipe.
É um tipo de pergunta que raramente se escuta no dia a dia das empresas, diz Silvina Ramal, fundadora da consultoria de educação corporativa Id Projetos Educacionais.
“O mercado de forma geral, dentro e fora do Brasil, é muito carente de líderes educadores”, afirma ela. “Embora não seja a norma, o líder precisa ter a capacidade de transformar as atividades do dia a dia em um desafio constante de crescimento, de expansão de limites”.
Na chefia, continua Ramal, as mulheres costumam ter naturalmente a preocupação com o desenvolvimento de suas equipes — e podem ser vistas como modelos nesse sentido para seus colegas do gênero masculino.
Na visão de Eduardo Abreu, sócio da consultoria Unique Group, o comportamento típico do líder brasileiro vai na contramão dos ideais pregados pelo coaching.
“Com a ameaça da demissão pairando sobre suas cabeças, muitos gestores não buscam empoderar seus liderados, muito pelo contrário”, afirma ele. “Em vez disso, centralizam decisões, e só passam atividades operacionais para a equipe, com o objetivo de conservar seu poder”.
O engessamento dos processos leva quase sempre a baixos níveis de motivação, o que traz consequências negativas tanto para o negócio quanto para o sucesso da equipe e do próprio chefe.
Para não produzir esse cenário, o líder precisa criar desafios, por menores que sejam, e sempre específicos para cada pessoa — não uma grande “meta geral”. É o projeto próprio que gera propósito e motivação, valores caros sobretudo para as gerações mais jovens.
Outra vantagem de aplicar princípios do coaching para gerar responsabilidade dentro da equipe é o alívio da sobrecarga. “Quando você estimula seus liderados a buscar autonomia, você pode delegar certas tarefas”, explica Abreu. “Com o tempo que sobra, você pode se dedicar a objetivos mais estratégicos e também investir no seu próprio desenvolvimento”.
Quer saber mais sobre o assunto? Confira o vídeo a seguir: