Seja uma pessoa menos ocupada
Se você faz hora extra todos os dias e está sempre estressado, algo anda mal: o principal não é trabalhar horas a fio, e sim ter foco no tipo certo de trabalho
Da Redação
Publicado em 7 de dezembro de 2015 às 09h50.
São Paulo - Desde cedo aprendemos que é preciso ralar pra ter sucesso, que Deus ajuda quem cedo madruga, e por aí vai. Mas acredite: os que mais ralam nem sempre se tornam os melhores. Claro que é preciso investir tempo para se tornar bom em algo.
Mas o principal não é trabalhar horas a fio, e sim ter foco no tipo certo de trabalho. Se você vive ocupado, está fazendo algo errado.
Diversos estudos mostram isso há muito tempo. Por exemplo, uma análise feita por psicólogos alemães sobre a rotina de violinistas da Universidade das Artes de Berlim , em 1993.
Eles dividiram os alunos em dois grupos de acordo com sua habilidade: os de "elite" e os "medianos". Os dois grupos dedicavam em média 50 horas por semana ao estudo do violino.
Só que os medianos praticavam aleatoriamente ao longo do dia, enquanto os de elite concentravam seu trabalho em dois períodos fixos: de manhã e à tarde. Quanto melhor o violinista, mais rígida era essa divisão entre trabalho e lazer.
E isso tinha um baita impacto nas vidas dos músicos. Os melhores dormiam uma hora a mais por noite e dedicavam mais tempo à diversão. No fim das contas, os mais habilidosos eram também os mais relaxados.
Outras pesquisas indicam que a qualidade das horas de trabalho importa mais que a quantidade. Um estudo de 2005 publicado na revista Applied Cognitive Psychology analisou dois grandes grupos de jogadores de xadrez: mestres e intermediários.
E concluiu que a diferença entre eles não era fruto de um dom ou do simples tempo de prática, mas da dedicação ao "estudo sério" - a tarefa árdua de rever jogadas de enxadristas melhores, tentando prever movimentos.
Durante sua primeira década de atividade, os mestres investiram em média cerca de 5 vezes mais tempo a esse tipo de estudo sério do que os intermediários. Ou seja: não bastava praticar muito xadrez, era preciso praticar direito.
Isso vale pra todo mundo. Se você é um estudante ou já tem anos de carreira, e se o seu objetivo é construir uma vida extraordinária, então fuja da exaustão.
Se você está cronicamente estressado e trabalha até tarde, algo anda mal. Você é o violinista mediano, não o da elite. A solução? Faça menos, mas faça com pleno foco. E depois aproveite a vida.
*Calvin Newport é professor assistente de computação na Georgetown University, EUA. Ele tenta descobrir por que algumas pessoas levam vidas bem-sucedidas e cheias de significado, enquanto outras, não.
São Paulo - Desde cedo aprendemos que é preciso ralar pra ter sucesso, que Deus ajuda quem cedo madruga, e por aí vai. Mas acredite: os que mais ralam nem sempre se tornam os melhores. Claro que é preciso investir tempo para se tornar bom em algo.
Mas o principal não é trabalhar horas a fio, e sim ter foco no tipo certo de trabalho. Se você vive ocupado, está fazendo algo errado.
Diversos estudos mostram isso há muito tempo. Por exemplo, uma análise feita por psicólogos alemães sobre a rotina de violinistas da Universidade das Artes de Berlim , em 1993.
Eles dividiram os alunos em dois grupos de acordo com sua habilidade: os de "elite" e os "medianos". Os dois grupos dedicavam em média 50 horas por semana ao estudo do violino.
Só que os medianos praticavam aleatoriamente ao longo do dia, enquanto os de elite concentravam seu trabalho em dois períodos fixos: de manhã e à tarde. Quanto melhor o violinista, mais rígida era essa divisão entre trabalho e lazer.
E isso tinha um baita impacto nas vidas dos músicos. Os melhores dormiam uma hora a mais por noite e dedicavam mais tempo à diversão. No fim das contas, os mais habilidosos eram também os mais relaxados.
Outras pesquisas indicam que a qualidade das horas de trabalho importa mais que a quantidade. Um estudo de 2005 publicado na revista Applied Cognitive Psychology analisou dois grandes grupos de jogadores de xadrez: mestres e intermediários.
E concluiu que a diferença entre eles não era fruto de um dom ou do simples tempo de prática, mas da dedicação ao "estudo sério" - a tarefa árdua de rever jogadas de enxadristas melhores, tentando prever movimentos.
Durante sua primeira década de atividade, os mestres investiram em média cerca de 5 vezes mais tempo a esse tipo de estudo sério do que os intermediários. Ou seja: não bastava praticar muito xadrez, era preciso praticar direito.
Isso vale pra todo mundo. Se você é um estudante ou já tem anos de carreira, e se o seu objetivo é construir uma vida extraordinária, então fuja da exaustão.
Se você está cronicamente estressado e trabalha até tarde, algo anda mal. Você é o violinista mediano, não o da elite. A solução? Faça menos, mas faça com pleno foco. E depois aproveite a vida.
*Calvin Newport é professor assistente de computação na Georgetown University, EUA. Ele tenta descobrir por que algumas pessoas levam vidas bem-sucedidas e cheias de significado, enquanto outras, não.