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Com salários menores, bancos contratam mais

Instituições recrutaram mais mulheres no primeiro trimestre deste ano, mas ofereceram remuneração média menor para elas

Região da avenida Faria Lima, em São Paulo, que concentra os principais bancos do país

Região da avenida Faria Lima, em São Paulo, que concentra os principais bancos do país

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 11 de maio de 2011 às 18h58.

São Paulo - O saldo de contratações no setor financeiro volta a crescer no país. No primeiro trimestre deste ano, os bancos brasileiros admitiram 11.053 profissionais e desligaram 8.213. Ao todo, foram criados 2.840 novos postos de trabalho.

Há um ano, o cenário era diferente. Abalados com a crise financeira de 2008, os bancos reduziram custos e achataram suas equipes. Fato que determinou o fechamento de 1.354 empregos no setor durante os meses de janeiro a março de 2009.

"Nesse período, haviam três grandes fusões de bancos em curso no país. Esses processos sempre demandam diminuição das equipes e redução das contratações", explica Miguel Huertas, técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) responsável pela pesquisa.

Por outro lado, de acordo com ele, nesse período, houve uma estagnação do crédito nos bancos privados. "A concessão de crédito é uma das principais atividades bancárias. Quando isso fica estagnado, é de se esperar que a geração de empregos se contraia também", diz.

A partir do quarto trimestre do ano passado, o setor financeiro começou a viver uma reviravolta. No período, foram criados 1.455 novos empregos. Com relação a esse período, o primeiro trimestre de 2010 apresentou um crescimento de 95,2% na geração de postos de trabalho no setor.

Os salários, contudo, seguiram uma tendência oposta. Em média, a remuneração oferecida para os novos funcionários foi 37,85% menor do que a que era paga para os profissionais desligados dos bancos no primeiro trimestre. 

Enquanto 8.213 bancários deixaram seus empregos com um com salário médio de  3.536,38 reais, os novos foram recrutados com média de 2.197,79 reais.


A razão para isso reside no fato de boa parte dos novos empregos estarem concentrados nas faixas salariais mais baixas. Só para o segmento de remuneração de 2 a 3 salários mínimos foram contratados 4.233 profissionais. Por outro lado, na faixa salarial de 5 a 7 salários mínimos, houve uma diminuição de 1.293 postos de trabalho.

"A partir dessa faixa salarial estão os profissionais mais disputados pelo mercado", explica Huertas. Tanto que, segundo a pesquisa, 43% dos casos de desligamentos no setor foram feitos à pedido do próprio profissional. A hipótese é de que boa parte desses bancários tenham migrado para outras instituições financeiras.

Questões de gênero
Apesar de liderarem o ranking de contratações, as mulheres são as que recebem as piores remunerações. De acordo com a pesquisa, as bancárias foram admitidas com salário 32,71% inferior à dos homens. Enquanto eles conseguiram cargos com remuneração média de  2.630,59  reais, elas foram contratadas com um salário médio de 1.770,20 reais.

"Nos bancos, as mulheres acabam parando no cargos médios. Se você pegar a diretoria dos principais bancos, verá que a presença feminina nesses cargos é infinitamente inferior que a masculina", diz Huertas.

Em relação aos outros segmentos da economia, o setor financeiro foi o que menos gerou empregos no primeiro trimestre. Os bancos foram responsáveis pela criação de 0,43% dos montante total de postos de trabalho gerados no período.

Veja a tabela com o o número de admitidos, desligados,  a remuneração média, o saldo de emprego e a diferença da remuneração média por região do país para o período de janeiro a março de 2010 na próxima página

Leia mais: Executivos de bancos no Brasil ganham até 30% mais do que no exterior


Confira o número de admitidos, desligados,  a remuneração média, o saldo de emprego e a diferença da remuneração média por região do país para o período de janeiro a março de 2010

 

Região Admitidos Rem. Média

Desli-
gados

Rem. Média Saldo Dif. % da Rem. Média Admitidos e Desligados
    (em R$)   (em R$)    
Norte 320 1.371,52 209 2.615,89 111 -47,57%
Nordeste 830 1.639,09 679 2.943,79 151 -44,32%
Sudeste 8.023 2.379,78 5.796 3.680,09 2.227 -35,33%
Sul 1.248 1.870,67 1.056 3.485,90 192 -46,34%
C.Oeste 632 1.685,54 473 3.145,52 159 -46,41%
Total 11.053 2.197,79 8.213 3.536,38 2.840 -37,85%

Fonte: MTE/Caged                        
Elaboração: DIEESE - Subseção CONTRAF-CUT
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