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Retaliar e retalhar, você sabe a diferença de significado?

Professor de português do Damásio Educacional usa o exemplo do comportamento de Neymar para explicar a diferença entre os verbos retaliar e retalhar

Neymar discute com o árbitro Enrique Osses durante jogo do Brasil contra a Colômbia (REUTERS/Ivan Alvarado)

Neymar discute com o árbitro Enrique Osses durante jogo do Brasil contra a Colômbia (REUTERS/Ivan Alvarado)

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Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2015 às 12h00.

Última atualização em 2 de maio de 2017 às 11h39.

* Escrito por Diogo Arrais, professor d e Língua Portuguesa do Damásio Educacional

Fim de jogo. De repente, com um chute, a bola do jogo (im)pensada, certeira, nas costas do colombiano. Quando a câmera consegue focar a confusão, vê-se um Neymar endiabrado, obcecado pela violência. Antes de dois justos cartões vermelhos, ainda foi possível ver um desumano empurrão que decretara o fim da batalha.

Sob as arquibancadas, a caminho do vestiário, o habilidoso jogador brasileiro decide vociferar retaliações injuriosas ao árbitro.
O termo “retaliação” significa ato ou efeito de retaliar; remete a represália, vingança, desforra; revidar com dano igual ao dano recebido; impor a pena de talião a.

Historicamente, encontram-se os primeiros indícios da pena no Código de Hamurábi, no reino da Babilônia.

Ao contrário do que muitos pensam, “talião” (oriundo do radical latino talis) não é nome próprio, sendo – portanto – grafado com a inicial minúscula e resume-se na expressão “tal crime, tal pena”.

No palco da partida entre Colômbia e Brasil, houve infelizmente alguns exemplos práticos da retribuição de uma ofensa com a mesma intensidade. Você se lembra muito bem disso, caro torcedor.

Sob a óptica da semelhança gráfica, é comum vermos a palavra “retalhar” mal-empregada. Essa derivação prefixal (re+talhar) significa cortar em pedaços, despedaçar; deixar em retalhos.

Através dos olhos de Neymar, eram vistos os dois semelhantes termos em ação: a busca incessante por retaliar as injúrias e agressões; a busca incessante por retalhar, ao menos metaforicamente, o miserável sujeito do empurrão e o árbitro.

Durante a entrevista coletiva, ainda se viu o lateral-direito Daniel Alves (com seus trocadilhos castelhanos) buscando algumas justificativas para a dura lei de talião. Foi em vão.

Um grande abraço, até a próxima e siga-me pelo Twitter!

@diogoarrais
Professor de Língua Portuguesa – Damásio Educacional
Autor Gramatical pela editora Saraiva

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