Comunicar: "Com uma palavra, posso construir ou destruir. A escolha sai de mim" (Rawpixel Ltd/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 11 de setembro de 2018 às 17h00.
Última atualização em 11 de setembro de 2018 às 17h00.
Quem fala e escreve bem sempre chega além. Como ser um profissional assim?
Falar bem não exige apenas o conhecimento do "pronome facultativo antes do verbo" ou do "invariável impessoal haver": é dedicar-se diariamente à questão da elegância ao representar um pensamento. Líderes (e não meros chefes) atêm-se a ouvir, a pronunciar uma expressão fática como "Está mesmo tudo bem?", a sorrir gentil, a entender; emocionar-se.
Um bom falante é, antes, um ser humano, respeitável na conjugação do "sentir". Às vezes sem ter os mais desejados títulos acadêmicos, mas dedicado a ler a alma alheia antes de expandir - pela boca - o vocábulo bem-educado. É um conhecedor da frase: "Com uma palavra, posso construir ou destruir. A escolha sai de mim."
Escrever bem é dedicar-se todos os dias. É ver o papel, a caneta, a tinta como propagadores do que mais queremos nesta vida: transformar nossos leitores; causar o riso; demonstrar quão apaixonados somos por um projeto ou uma tese; é vender algo com a sutileza de quem organiza sujeito e predicado.
Diferentemente de algumas teses libertárias do quesito gramatical (a norma em si), o bom escritor não quer apenas o amontoado de sílabas. É como o compositor que valoriza a importância da partitura musical (mesmo não tendo tal habilidade). É como a bailarina que - apesar de não ter chegado ao Bolshoi - respeita a Dança e suas vertentes.
Quem fala e escreve bem lê. Lê gente e alimenta a mente com Literatura (a Arte em si). Um dedicado à mensagem aprende a força do aplauso: valoriza Clarice, Machado, Eça, Rachel; vê no Escritor uma fonte inesgotável de lições e semânticas. Consegue achar-se ainda muito pequeno e privilegiado, quando se arrepia ouvindo o nordestino repentista a brincar com sintagmas, situação, Política e nações.
A vida de quem fala e escreve bem é sempre emocionante, porque não basta pronunciar ou redigir: o bastante é aprender.
Um dedicado ao vernáculo tem por intenção amar e ser amado, sendo o mais claro e respeitoso possível.
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DIOGO ARRAIS
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Autor Gramatical pela Editora Saraiva
Professor de Língua Portuguesa