Carreira

Os conselhos de carreira do presidente do J.P. Morgan Brasil

José Berenguer, presidente do banco J.P. Morgan, conta as lições que aprendeu em sua trajetória no mundo das finanças

EXAME.com (EXAME.com)

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Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 15 de outubro de 2014 às 18h27.

São Paulo - O presidente do banco J.P Morgan no Brasil José Berenguer contou as lições que aprendeu durante mais de duas décadas trabalhando no mercado financeiro. Berenguer, que está à frente do banco desde 2013, participou de uma palestra online promovida pelo site Na Prática.

Advogado de formação, Berenguer conta que sofreu preconceito por não ter a formação clássica para o mundo das finanças. "O fato de eu não ter um diploma acadêmico alinhado com a profissão me trouxe muitas situações adversas", afirma ele, que lia livros de finanças por sua própria conta para se manter em dia com os colegas do banco.

A competitividade típica do mercado financeiro não passou despercebida na carreira do executivo. "Como se paga muito bem nessa área, é comum encontrar pessoas que podem te dar uma rasteira", comenta ele.

Hoje, com mais mais de duas décadas de profissão, Berenguer se adaptou a esse mundo. Com passagens pelo ING Bank Brasil, ABN AMRO e Santander, ele virou presidente do JP Morgan em abril de 2013.

O peso do estágio
Berenguer conta que se arrependeu por ter escolhido o curso de Direito. "Foi um processo mal conduzido, escolhi errado", diz ele. A carreira em bancos, no entanto, começou cedo. O executivo trabalhava na área jurídica de um banco quando foi chamado para atuar como operador de câmbio. "Foi o fim da minha carreira jurídica", brinca.

A situação o levou se tornar autodidata. "Tudo que sei de banco, contabilidade e matemática financeira tive que aprender na prática mesmo", conta ele.

Um "remédio" que ele recomenda para quem escolhe mal o curso é o estágio. "É uma ótima maneira de checar se você está no caminho certo", diz ele. Isso vale especialmente na área financeira, um mundo envolvido em glamour e altas expectativas sobre salários, segundo ele.

"Conheço muita gente que ambicionava trabalhar em um banco mas, seis meses depois em uma posição percebeu que não gostava. Nem todo mundo nasceu para isso", diz ele. 

De ouvidos bem abertos
O presidente do J.P. Morgan diz que todos deviam "abrir os ouvidos" para o mundo, tanto para trabalhar melhor quanto para conduzir sua carreira de forma equilibrada.

"Você precisa abstrair um pouco as pressões e ouvir o que as pessoas estão falando", afirma Berenguer. Segundo ele, a reflexão constante serve para tudo: seja para avaliar uma operação de crédito em um dia de trabalho, seja para sua vida pessoal.

"O problema é que ninguém gosta de ouvir o que não agrada", diz ele. Esse mecanismo de defesa precisa ser derrubado, na opinião do executivo. O feedback negativo leva à evolução profissional. "É preciso assumir o erro humildemente, aprender com ele e tocar a vida para frente", afirma Berenguer.

Vida e trabalho

Em meio a vários problemas pessoais, como a doença da ex-mulher, Berenguer conta que recebeu uma notícia surpreendente por telefone: a de que havia sido demitido do ING Bank, depois de oito anos bem-sucedidos na empresa.

"Nessas horas, é preciso colocar a vida em perspectiva", observa ele. A lição, para o executivo, foi aprender a evitar excessos colocando o trabalho à frente das suas necessidades pessoais e da vida familiar. "Olhando para trás, podia ter cuidado melhor desse equilíbrio", diz Berenguer.

Segundo ele, a tendência para quem encontra sucesso na carreira é entrar em um processo de equilíbrio. "Não estou dizendo que você não deve trabalhar, mas precisa buscar um desenvolvimento sustentável da sua carreira e da sua vida", conclui. 

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