Onomatopeia: modo de formação de palavras que consiste na imitação fonética do som emitido pelo referente. Para representá-las, criei a seguinte metalinguagem:

A casa sempre fica em euforia quando um filho começa a soltar sons. Mãe e pai, por amor, decifram até mesmo o espirro.

– Atchim!

– Bem, ele está quase falando...

– Toc-toc!

– Está vendo? Ele já sabe o que é a porta.

A mãe, para comprovar a façanha, aponta para a porta. O garotinho Luca é incisivo:

– Toc-toc! Mááaáááaá!

O pai, vibrante, parece não acreditar. Corre ao relógio.

– Lucaaaa, e isto?

– Trim-timmmmm!

Pronto! Festa feita! Luca conhece o topo das onomatopeias, das palavras que reproduzem sons.

A língua de Camões, daquele instante em diante, naquela casa, passa a ser onomatopaica.

– Lucaaaa, olha o toc-toc!

– Cof-cof não, é trimmmm!

E lá vai ele para mais um atchim! De repente, um gritinho e:

– Pum!

A mãe corre, busca a fralda, verifica e diz ao pai:

– Agora a gente já sabe que um atchim, um pum e... território a ser limpo.

Movido pelo olfato, vem nova palavra:

– Eca!

Eca se torna adjetivo. Exemplo: relacionar ao time rival no futebol.

– E o Vila, Luca? O Corinthians? O Atlético?

– Eca!

E as onomatopeias reverberam-se pela casa:

– Rá-rá-rá!

Luca até já conversa com as réplicas dos animais:

– Au-au! Muuuuuu! Quá-quá....

Entre tantos sons, brincadeiras e puns, eis que a campainha toca. São a avó e o avô. Vestidos com a mesma camiseta futebolística do temido time naquela casa, eles pedem:

– Vem cá, Luquinha!

O geniozinho dispara:

– Eca!

O casal solta um rá-rá-rá:

– Estão vendo? Luca já sabe falar.

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DIOGO ARRAIS
http://www.ETIMO.com.br
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Professor de Língua Portuguesa

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