Manifestação pelos direitos trans na avenida Paulista, em São Paulo: (NurPhoto/Getty Images)
Marina Filippe
Publicado em 29 de janeiro de 2020 às 14h37.
Última atualização em 30 de janeiro de 2020 às 15h57.
São Paulo -- Nesta quarta-feira, 29, é celebrado o Dia Nacional da Visibilidade de Transexuais e Travestis.
A data histórica surgiu em 2004, quando um grupo de ativistas trans lançou a primeira campanha contra a transfobia no Congresso Nacional.
Apesar de 16 anos desde o lançamento do Dia, ainda há muito a se avançar. No primeiro Guia Exame de Diversidade, lançado em março, apenas 14% das 109 empresas inscritas tinham iniciativas para a contratação de trans e travestis.
O baixo percentual é reflexo também de um problema educacional e social. Estima-se que 90% da população de travestis e transexuais se prostituem, devido dificuldade de inserção no mercado formal de trabalho por deficiência na qualificação profissional causada pela exclusão social, familiar e escolar, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA).
A evasão escolar, acontece em média quando a pessoa completa 13 anos de idade. Neste momento, são elas expulsos de casa pelos pais ou tutores e, sem amparo legal, passam a viver nas ruas. Como reflexo, estimou-se que, em 2018 no Brasil, cerca de 0,02% estavam na universidade, 72% não possuíam ensino médio e 56% não completaram o ensino fundamental.
Segundo a Antra, o Brasil é também o país que mais mata travestis. A expectativa de vida é de apenas 35 anos.
Para Maitê Schneider, fundadora da organização Transempregos, as empresas começaram a entender que a diversidade é importante e que competência não tem relação apenas com a identidade de gênero.
"Em cinco anos de existência temos tido uma melhoria no que tange a questão da inclusão de profissionais transgêneros no mercado de trabalho. Chego a atender seis empresas por dia no meu trabalho como consultora para Inclusão e Diversidade", diz. A Transempregos já atendeu 402 companhias.
Um exemplo é a prestadora de serviço Atento, onde há 71 000 funcionários e 1 300 deles usam crachás com nome social, ou seja, diferente do nome de registro. Desses, 300 alegam questões de identidade de gênero.
Já na varejista Carrefour há a contratação de profissionais transexuais e transgêneros e também a parceria com instituições que formam esses profissionais para o mercado.
A rede de cafeterias Starbucks aproveitou a data para anunciar hoje no Brasil a possibilidade do uso do nome social para seus funcionários. A ação ajuda as pessoas trans no processo jurídico da transição. "Com essa ação, queremos dar visibilidade ao processo de retificação de nome, que muitas pessoas desconhecem ou não tem acesso, também exercendo um importante papel de agente transformador da sociedade”, diz Claudia Malaguerra, diretora geral da Starbucks Brasil.