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Imóvel virou um investimento como qualquer outro

Nossos avós já diziam que imóvel é sinônimo de estabilidade. E alimentamos o ideal de viver bem sem considerar que o mundo mudou

  Samy Dana é professor da Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (EESP-FGV) e Ph.D em administração e negócios (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 19 de fevereiro de 2013 às 18h59.

São Paulo - É cultural. No Brasil, comprar um imóvel sempre foi um investimento tradicional, de retorno garantido, uma meta de vida. Mas o cenário mudou. Hoje, esse investimento deve ser analisado como outro qualquer, com ganhos e riscos. E isso vale para quem vai usá-lo para morar, trabalhar, alugar ou especular a venda futura a um preço maior.

Se a intenção é finalmente conquistar a casa própria, é preciso considerar que um bem nunca vem sozinho. Ele traz custos. Fica fácil pensar assim quando compramos um carro, porque sabemos que vamos pagar IPVA, licenciamento, seguro, combustível, manutenção, estacionamento.

É verdade que casas e apartamentos costumam valorizar com o tempo, o que não acontece com os automóveis, mas também acarretam gastos com impostos, taxas, seguros, reformas, reparos. E contas mensais de condomínio, água, luz, gás... Pode parecer óbvio, mas muita gente se esquece de colocar esses “detalhes” na ponta do lápis e, no fim do mês, vê que as contas nunca fecham e as dívidas aparecem. Prejuízo à vista.

Os conselhos que sempre ouvimos dos pais e dos avós sobre estabilidade financeira para quem investe em imóveis a fim de ter uma renda também estão em cheque. Porque, resumidamente, o retorno deve ser avaliado comparando a taxa de aluguel com a taxa do juro base da economia. Por exemplo, se um apartamento no valor de 300.000 reais é alugado por 1.000, a taxa de aluguel é de 0,33%.

Com a Selic em 7,25% ao ano, portanto 0,58% ao mês, seria um retorno extremamente baixo. Negócio mais vantajoso nesse cenário é emprestar dinheiro ao governo ou a um banco grande por meio de títulos públicos ou CDBs, respectivamente. Além disso, quando você coloca um imóvel para locação, está sujeito a taxas de corretagem e se arrisca a ficar alguns meses com ele vazio, o que significa perdas.

Os que especulam acreditando que os preços vão subir indefinidamente, afinal o momento econômico é bom, devem repensar a estratégia. Não só pela discussão existente hoje sobre uma bolha imobiliária, mas também porque a taxa média dos aluguéis, de aproximadamente 0,3% ao mês, muito menor que a da Selic, deve provocar um reajuste. Ou aumentam as mensalidades para os inquilinos, ou diminuem o preço dos imóveis, sendo este último o mais provável.

Na dúvida, é sempre bom lembrar que em economês não existe a expressão "almoço grátis": todo grande investimento cobra uma disposição para correr riscos.

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São Paulo - É cultural. No Brasil, comprar um imóvel sempre foi um investimento tradicional, de retorno garantido, uma meta de vida. Mas o cenário mudou. Hoje, esse investimento deve ser analisado como outro qualquer, com ganhos e riscos. E isso vale para quem vai usá-lo para morar, trabalhar, alugar ou especular a venda futura a um preço maior.

Se a intenção é finalmente conquistar a casa própria, é preciso considerar que um bem nunca vem sozinho. Ele traz custos. Fica fácil pensar assim quando compramos um carro, porque sabemos que vamos pagar IPVA, licenciamento, seguro, combustível, manutenção, estacionamento.

É verdade que casas e apartamentos costumam valorizar com o tempo, o que não acontece com os automóveis, mas também acarretam gastos com impostos, taxas, seguros, reformas, reparos. E contas mensais de condomínio, água, luz, gás... Pode parecer óbvio, mas muita gente se esquece de colocar esses “detalhes” na ponta do lápis e, no fim do mês, vê que as contas nunca fecham e as dívidas aparecem. Prejuízo à vista.

Os conselhos que sempre ouvimos dos pais e dos avós sobre estabilidade financeira para quem investe em imóveis a fim de ter uma renda também estão em cheque. Porque, resumidamente, o retorno deve ser avaliado comparando a taxa de aluguel com a taxa do juro base da economia. Por exemplo, se um apartamento no valor de 300.000 reais é alugado por 1.000, a taxa de aluguel é de 0,33%.

Com a Selic em 7,25% ao ano, portanto 0,58% ao mês, seria um retorno extremamente baixo. Negócio mais vantajoso nesse cenário é emprestar dinheiro ao governo ou a um banco grande por meio de títulos públicos ou CDBs, respectivamente. Além disso, quando você coloca um imóvel para locação, está sujeito a taxas de corretagem e se arrisca a ficar alguns meses com ele vazio, o que significa perdas.

Os que especulam acreditando que os preços vão subir indefinidamente, afinal o momento econômico é bom, devem repensar a estratégia. Não só pela discussão existente hoje sobre uma bolha imobiliária, mas também porque a taxa média dos aluguéis, de aproximadamente 0,3% ao mês, muito menor que a da Selic, deve provocar um reajuste. Ou aumentam as mensalidades para os inquilinos, ou diminuem o preço dos imóveis, sendo este último o mais provável.

Na dúvida, é sempre bom lembrar que em economês não existe a expressão "almoço grátis": todo grande investimento cobra uma disposição para correr riscos.

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