Bernard não pensa em se aposentar, mas já está indicando seus filhos para as posições que ele quer nos negócios (Divulgação: Edward Berthelot / Colaborador/Getty Images)
Repórter
Publicado em 31 de janeiro de 2024 às 14h11.
Bernard Arnault, presidente do grupo LVMH, maior holding de artigos de luxo do mundo com 75 marcas de luxos, como Dior, Louis Vuitton e Sephora, disputa o status de homem mais rico do mundo com Elon Musk, diretor-executivo da SpaceX e CEO da Tesla.
O patrimônio de Bernard Arnault supera 200 bilhões de euros, segundo o ranking da Forbes, depois de um aumento de 9% no faturamento em 2023, em comparação ao ano anterior, batendo o recorde de 86,15 bilhões de euros.
Na lista dos mais riscos do mundo, também aparece Elon Musk com mais de US$ 200 bilhões e Jeff Bezos, CEO da Amazon, com patrimônio líquido de US$ 181,3 bilhões.
Com esse destaque global, Bernard com 74 anos não pretende se aposentar e já está adotando algumas medidas para manter o seu império - mas o que aprender com a gestão do homem que criou o maior conglomerado de luxo do mundo e a primeira empresa da Europa a entrar na lista das 500 maiores empresas do mundo em 2022?
Por ser conhecido como um visionário que adota até hoje estratégias agressivas nos negócios, Bernard já recebeu apelidos como “Exterminador do futuro” e o “Maquiavel das Finanças”.
A carreira do executivo, hoje o mais rico do mundo, é marcada por uma transição, afinal, Bernard não começou no mercado de luxo. Formado em escolas de renome na França, sua terra natal, Bernard concluiu seus estudos em engenharia na Ecole Polytechnique, em 1971, e no mesmo ano, com 22 anos, ingressou na Ferret-Savinel, empresa de engenharia criada por seu pai.
Aos 25 anos Bernard se tornou diretor e aos 29 anos chegou à presidência da companhia. Foi apenas na década de 80 que o executivo francês fez sua grande aquisição de empresas e entrou no mercado de luxo com a compra da Dior. Ao assumir a empresa, demitiu mais de 9 mil funcionários e se desfez de vários ativos da empresa, mantendo apenas a marca Dior – foi neste período que recebeu o apelido de “Exterminador do Futuro”.
Em 1989 tornou-se o principal acionista do grupo LVMH, ganhando as referências de “o lobo do cashmere” e “Maquiavel das Finanças”.
“Bernard é um homem de inteligência estratégica, ousado e determinado. Ele se cercou de pessoas competentes e agressivas em termos de olhar de mercado, por isso o apelido exterminador ou maquiavel. Ele trabalhou com profissionais como ele, pautados criteriosamente para crescimento e expansão, que é um legado do grupo LVMH”, diz Ferreirinha, fundador Presidente da MCF Consultoria, Especializada na Inteligência da Gestão do Luxo, que conheceu Bernard Arnault quando foi presidente da Louis Vuitton nas reuniões globais de executivos.
“A evolução dos negócios de Bernard Arnault é justamente sobre como a moda de luxo é vista hoje. Ele começou a pensar nessa tendência muito antes dos outros. Não é mais sobre roupa, luxo é sobre viver uma vida bacana, é o que chamamos hoje de life style”, afirma Costanza Pascolato, empresária, consultora de moda brasileira e integrante da Sociedade Brasileira de Moda.
Para Pascolato, essa tendência conhecida como “estilo de vida” pode ser observada pelos altos investimentos que Arnault fez no ramo da hotelaria e relojoarias. “Ele gasta fortunas com relojoarias e hotéis, como fez com a Tiffany & Co e com a rede de hotéis Belmond. Ele sabe exatamente o que fazer com aquilo que é a representação do luxo contemporâneo.”
O estilo de vida hoje se traduz no que as pessoas querem fazer, e no caso das marcas de Bernard ele conseguiu recriar esse estilo de vida de uma forma luxuosa, afirma Pascolato. “As marcas que ele ainda tem está neutralizando a moda. O foco hoje não está mais na criatividade da roupa, o foco é na expansão do negócio, principalmente por meio de acessórios e viagens.”
Bernard não pensa em se aposentar, mas já está indicando seus filhos para as posições que ele quer nos negócios, diz a empresária.
“Nunca encontrei com Bernard, mas conheci a filha dele, a Delphine Arnault, que agora comanda a Dior. Acredito que o fato dele se tornar o homem mais rico do mundo deve ter dado um ânimo para ele continuar firme nos negócios e ligado ao que pode acontecer ao redor do mundo, porque ele tem influências e lucros em todos os países.”
Bernard não foi o fundador da LVMH, mas ele foi o responsável pelo principal movimento posicional das marcas de luxo nesses últimos 30 anos, diz Ferreirinha. “Se falar de gestão profissional do luxo existe o antes e o depois do Bernard, afinal, a LVMH não é uma empresa só de moda, é dona de hotel, cruzeiro, beleza, bebidas, calçados.”
Para a economia global, Ferreirinha diz que o mercado de luxo não é uma atividade de necessidade global, apesar do ano de 2023 essa atividade ter alcançado aproximadamente 1,7 trilhões de dólares de resultado. “Esse resultado é muito expressivo, mas em alguns países não irá impactar a economia local, como é o caso da América Latina”, diz o executivo que reforça que o impacto econômico é diferente em países produtores como França, Alemanha, Inglaterra, Itália e EUA.
O lucro do grupo LVMH em 2023, inclusive, surpreendeu os acionistas, que segundo Pascolato, trata-se de um negócio em ascensão.
“O ego de Bernard cresceu junto com os negócios, mas fato é que ele é um sucesso absoluto no mercado, não apenas no mundo da moda, afinal ele está encarando a moda como um outro negócio”, diz Pascolato.