Carreira

O que a sua família acha da empresa em que você trabalha?

Pesquisa avalia a opinião dos familiares que trabalham em grandes organizações como GPA, Natura e Grupo HDI; entenda como a iniciativa pode ajudar a melhorar a reputação da marca e o engajamento do time

Em uma reunião de família e amigos, o que você fala da empresa onde trabalha pode dizer muito sobre o ambiente de trabalho (Divulgação: 10'000 Hours/Getty Images)

Em uma reunião de família e amigos, o que você fala da empresa onde trabalha pode dizer muito sobre o ambiente de trabalho (Divulgação: 10'000 Hours/Getty Images)

Publicado em 20 de fevereiro de 2024 às 08h07.

Última atualização em 21 de fevereiro de 2024 às 19h29.

É comum que nos encontros com família e amigos as pessoas troquem opiniões sobre como vivem as relações com seus colegas de área, com seus chefes, com o trabalho que realizam e com a cultura da organização. “Imagine uma roda de conversa em que alguém não recomenda certa empresa como bom lugar para trabalhar. Isso é ruim para aquela marca”, afirma Rogério Chér, sócio-fundador da Winx, HR Tech responsável por uma pesquisa inédita no Brasil sobre como a família avalia a empresa onde seu parente trabalha.

O estudo “Melhor Empresa para se trabalhar na perspectiva das famílias", foi realizado pela Winx com apoio da Biz, empresa especializada em multibenefícios flexíveis. Participaram da pesquisa as empresas BNP Paribas Cardif, Central Ailos, GPA, HDI, Modular e Natura, que entre os meses de outubro e dezembro de 2023, por meio de uma pesquisa on-line, ouviu uma amostra de familiares de seus funcionários, que somaram no total 1.052 respondentes.

“É muito comum vermos organizações de todo tipo ostentarem selos de ‘melhor empresa para se trabalhar’. Nessas pesquisas, as respostas são dadas pelos seus funcionários, mas qual seria o resultado se essas perguntas fossem feitas aos cônjuges desses trabalhadores, aos seus pais e a outros parentes?”, diz Chér, que reforça que familiares são partes interessadas e que não podem ficar de fora quando se pensa em experiência do funcionário.

“De algum modo, a família também ‘trabalha’ na empresa onde seu parente é funcionário. Logo, ignorar sua percepção de experiência é eliminar da equação do engajamento uma parte com significativa influência sobre os funcionários”, diz Chér.

As 4 dimensões analisadas

O questionário se baseou no modelo integral do ser humano, considerando suas 4 dimensões: mente, corpo, espírito e emoção. Com o objetivo de identificar a experiência dos funcionários em seus empregos com base na percepção dos seus familiares, os participantes responderam as perguntas seguindo a lógica da Escala Likert, ou seja, indicando se “concorda totalmente” ou se “discorda totalmente” às afirmações da pesquisa.

“Ficamos surpresos com o resultado da dimensão CORPO, com favorabilidade bem inferior às outras 3 dimensões”, afirma Douglas Barrochelo, head da Biz. “A diferença é de 25 pontos percentuais com a melhor dimensão, que foi MENTE. Não se trata de uma diferença pequena.”

Quais são as maiores preocupações dos familiares?

A dimensão “corpo” apresentou as piores respostas, considerando as quatro dimensões:

  • Corpo: 70%
  • Mente: 95%
  • Espírito: 93%
  • Emoção: 92%

Entre as maiores preocupações apontadas pela família relacionadas ao corpo são:

  • A qualidade do sono tem sofrido impactos negativos em razão do trabalho;
  • Não observa impactos positivos do trabalho em relação ao bem-estar físico e à alimentação.
  • Não mantém disciplina com check-ups e cuidados médicos.

“A saúde física do parente em decorrência do trabalho afeta diretamente a percepção do que significa trabalhar naquele lugar”, afirma Chér, que reforça que potencialmente todo familiar assume múltiplos papeis frente à empresa. “Ser consumidor dos produtos e serviços da empresa onde o parente trabalha é o papel mais óbvio, mas vamos lembrar que até pequenos acionistas podem se tornar, quando decidem investir suas economias em ações”.

O perfil dos familiares

Os familiares mais preocupados com os impactos do trabalho em seus parentes têm perfil específico. Conviver na mesma casa, não depender financeiramente desse parente e ser cônjuge desse indivíduo são as características que explicitam aqueles mais críticos com a qualidade da experiência dos funcionários que são seus familiares.

“Os familiares mais jovens também se mostraram mais preocupados quando comparados aos familiares com mais idade”, diz Chér, que afirma que aqueles entre 26 e 39 anos deram respostas mais desfavoráveis do que aqueles acima de 60 anos, sinalizando maior preocupação com a experiência dos seus parentes.

Por que grandes empresas decidiram participar?

O Grupo Pão de Açúcar é uma das empresas que participaram da pesquisa. Para Erika Petri, diretora executiva de RH e sustentabilidade do GPA, o grupo avaliou que participar do estudo seria uma oportunidade de entender qual é o impacto do dia a dia do trabalho na vida do funcionário e de seus familiares.

“O bem-estar envolve uma série de questões, não apenas a rotina do trabalho”, diz Petri que destaca que nas pesquisas internas já são analisados pontos de alerta dos funcionários como oportunidades de evolução.

“Entendemos que, ao ouvir o que o funcionário quer falar, podemos atuar de maneira efetiva para aprimorar determinada questão e assim impactamos diretamente no grau de satisfação dele com a empresa e, consequentemente, com a percepção que ele leva pra casa e compartilha com os seus familiares.”

Além dos benefícios individuais, o GPA estende alguns benefícios dos funcionários para os dependentes, como Gympass, carteirinha do SESC, convênio médico e o Programa Gestar, que é destinado ao acompanhamento e orientação para gestantes por meio de equipe multidisciplinar de saúde. “Desde 2022, estendemos esse benefício para as dependentes gestantes”, diz Petri.

Para o Grupo HDI, companhia de seguros, a prioridade da companhia é proporcionar segurança e qualidade de vida para todos os nossos stakeholders, incluindo os funcionários, afirma Delane Giannetti, Chief Talent Officer do Grupo HDI.

“Vimos essa pesquisa como um importante indicador que avalia diversos aspectos do relacionamento do funcionário no ambiente de trabalho, como oportunidade de desenvolvimento, liderança, comunicação, reconhecimento, benefícios, entre tantos outros”, diz Giannetti. “O processo de pesquisa é um trabalho de escuta muito enriquecedor das relações, que possibilita aperfeiçoar políticas e práticas de gestão de pessoas.”

Para além de profissionais, Mariana Talarico, diretora de desenvolvimento organizacional e bem-estar da Natura &Co América Latina, diz que a companhia busca apoiar os funcionários em seus diversos papéis e por isso decidiram apostar nessa pesquisa com os familiares para entender também as necessidades do seu time fora da empresa. “Para além de profissionais, os funcionários são mães, pais, filhos, ou seja, possuem outros papéis na sociedade que se integram e os formam como indivíduo. Por isso, considerar a sua rede de afeto, que é a família em diversos formatos, é garantir o bem-estar completo e integrado”.

Por acreditar que esse bem-estar em grupo pode gerar um funcionário mais engajado e produtivo, a Natura buscou estender alguns benefícios para a família que vão além dos dependentes. “No final de 2023, por exemplo, lançamos a telemedicina ampliada onde cada funcionário do Brasil pode indicar até 4 pessoas para ter acesso gratuito à telemedicina do Einstein Conecta, para além dos seus dependentes cadastrados no plano de Saúde e sem custo adicional. Além disso, no dia da Mães, as mães dos funcionários são presenteadas e contamos com a possibilidade de extensão de licenças maternidade e paternidade”, diz Talarico.

Acompanhe tudo sobre:GPA (Grupo Pão de Açúcar)

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