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Quanto custam suas resoluções de ano-novo?

Saiba como abrir espaço no orçamento mensal para pôr em prática projetos como entrar na academia, fazer mBa ou estudar outro idioma no exterior

Taças (Stock.xchng)

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Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2014 às 11h29.

São Paulo - Em janeiro, muitas pessoas começam a listar os desejos que gostariam de realizar no ano que está começando. É a época para fazer um balanço do que foi alcançado no ano anterior e do que ainda queremos realizar.

O problema é que, muitas vezes, projetos simples, como entrar na academia, viajar nas férias, ter uma previdência privada, fazer um MBA ou estudar outra língua no exterior, vão sendo deixados de lado por não caber no orçamento, que está no limite. 

No livro Happy Money: The Science of Smarter Spending ("Dinheiro feliz: a ciência de como gastar de forma mais inteligente", numa tradução livre), lançado em agosto de 2013, os autores — Elizabeth Dunn, professora de psicologia na University of British Columbia, no Canadá, e Michael Norton, palestrante na Harvard Business School, nos Estados Unidos — mostram que, para obter a máxima satisfação no uso do dinheiro, as pessoas deveriam priorizar as experiências, e não os objetos.

Segundo eles, o dinheiro gasto desnecessariamente em produtos caros acaba nos impedindo de investir nos projetos que realmente nos farão felizes.

"A maioria das pessoas quer fazer tudo ao mesmo tempo. o que poucas sabem é que até é possível ter tudo o que se quer, mas não de uma vez só. É preciso estabelecer prioridades e planejar", afirma o educador financeiro Mauro Calil, fundador da academia do Dinheiro, de São Paulo. Confira, a seguir, dicas de quatro profssionais que já conseguiram colocar em prática suas resoluções de ano-novo.


Fazer um MBA

Ricardo Passanese, 40 anos, gerente de operações e logística da Aurora importadora de Bebidas

O que fez: Durante dois anos, diminuiu o tamanho dos aportes na previdência privada de 600 para 200 reais, cortou gastos com passeios e viagens e poupou os bônus de fim de ano da empresa para pagar o curso 

Resultado: Ricardo conseguiu juntar os 20.000 reais para pagar dois anos de aulas na FGV, no Brasil, e uma semana de estudos em Ohio, nos Estados Unidos 

O paulistano Ricardo Passanese, gerente de operações e logística da Aurora Importadora de Bebidas, decidiu investir na carreira e fazer um MBA na Fundação Getulio Vargas (FGV). O investimento seria de 20.000 reais, incluindo os dois anos de curso no Brasil e uma semana de estudos em Ohio, nos Estados Unidos, com hospedagem e passagens aéreas incluídas.

"Quando não estudamos, terminamos bitolados ou presos aos mesmos processos", opina. Com esposa e dois filhos, o economista precisou conversar com a família para que todos se envolvessem no planejamento. "Deixamos de ter um carro mais sofisticado ou fazer uma viagem mais longa para que eu pudesse investir no estudo", afirma.

 O objetivo era poupar 833 reais mensais. Para garantir o dinheiro causando o menor impacto possível no orçamento familiar, Ricardo diminuiu os aportes em previdência privada de 600 para 200 reais mensais. "Com essas mudanças, consegui o dinheiro para quase 50% do curso", diz.

O total foi atingido com os bônus de fim de ano da empresa e a redução dos gastos com lazer. Agora ele pretende cursar um MBA Pleno, no valor de 50.000 reais. "Desta vez, pretendo fazer um pé de meia durante todo o ano de 2014 para dar uma entrada de 40% e conseguir entre 10% e 15% de desconto no preço total."


Contratar uma previdência privada

Flávia Moinhos, 29 anos, country manager da Online Media Group no Brasil

O que fez: Passou a destinar 27,5% dos rendimentos como PJ — anteriormente descontados pelo imposto de renda, quando tinha carteira assinada — para investir em previdência privada. Também passou a economizar 600 reais mensais reduzindo as saídas com os amigos

Resultado: Deposita todos os meses 700 reais em previdência privada. Aos 60 anos, terá uma renda extra de 2.600 reais para complementar a previdência social

Apesar de sempre poupar para emergências, a publicitária Flávia Moinhos, country manager da Online Media Group no Brasil, não conseguia contratar uma previdência privada para garantir uma melhor aposentadoria no futuro. "Morar em São Paulo não ajuda a poupar dinheiro, por causa do alto custo de vida", afirma Flávia.

Quando saiu do Portal Terra, em maio de 2013, onde era contratada com carteira assinada, ela enxergou a oportunidade para colocar em prática o projeto da previdência complementar. Flávia decidiu redirecionar o valor que até então era descontado pelo imposto de renda, 27,5% do salário, ao plano de previdência.

Dessa forma, passou a fazer aportes mensais em torno de 700 reais. "Aos 60 anos, vou ter 2.600 reais mensais para acrescentar à minha aposentadoria", diz.

A publicitária também enxugou custos com saídas para jantar e encontrar amigos. "Hoje, recebo mais em casa, que é bem mais barato", afirma.

A mudança de hábito rendeu uma economia de cerca de 600 reais por mês. O esforço valeu a pena: com a reorganização financeira, além da previdência privada, Flávia conseguiu incluir no orçamento as parcelas para a compra de um apartamento. 


Fazer um intercâmbio para se aperfeiçoar em um segundo idioma

Rodolfo lozano, 29 anos, tradutor e intérprete

O que fez: Enxugou os gastos com cinema, teatro, parques de diversões e viagens nacionais durante um ano para economizar 600 reais mensais 

Resultado: Fez um curso de inglês voltado para negócios no Canadá durante seis meses 

Em maio do ano passado, o tradutor e intérprete Rodolfo Lozano decidiu deixar o posto de executivo de negócios do portal UOL para estudar inglês voltado para negócios no Canadá.

O pacote de seis meses custava 7.200 reais e incluía passagens aéreas, curso de inglês e visto de trabalho — além de hospedagem e alimentação no primeiro mês. Rodolfo ainda teria um gasto de 1.300 reais com despachante e seguro-saúde.

Antes de pedir demissão, Rodolfo juntou esse montante poupando 600 reais mensais. "Cortei cinema e teatro com os amigos", diz. Os custos adicionais foram pagos com o 13º proporcional recebido na demissão. No Canadá, Rodolfo se sustentou trabalhando com limpeza de carpetes. O esforço valeu: no Brasil há um mês, ele já recebeu duas propostas de trabalho.

Entrar na academia

Ana Paula Cavalcanti, 32 anos, cientista da computação e professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco 

O que fez: Recorreu à planilha para detalhar o impacto da academia no orçamento familiar e identificar gastos que poderiam ser reduzidos, como restaurante e cinema 

Resultado: Uma economia de 450 reais, que pôde ser revertida para cobrir a despesa com as mensalidades do clube onde faz ginástica 

Quando resolveu voltar a fazer academia, após o nascimento do segundo filho, a professora universitária Ana Paula Cavalcanti recorreu a uma planilha, na qual registra todos os recebimentos e os gastos fixos e variáveis do casal, para saber se o investimento caberia no orçamento de 2014.

"Isso nos ajudou a avaliar se o valor da academia era compatível com nossas despesas", diz Ana Paula. Assim, foi possível identificar os itens em que era possível reduzir custos. Gastos com lazer, como jantares em restaurantes e cinema, foram cortados, proporcionando uma economia mensal de 450 reais, valor sufciente para cobrir a nova despesa com o clube onde faz ginástica.

Outra decisão foi aderir a um plano de seis meses na academia, cuja mensalidade sairia mais barata do que no plano mensal.  

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