Carreira

O poder do ativismo

Laura Kroeff e Felipe Attílio bolaram uma ferramenta online para traduzir o que as pessoas dizem nas redes sociais. Um projeto ousado, que acelerou a carreira de ambos

Laura e Felipe: eles criaram um projeto que virou o novo emprego de ambos  (André Lessa / VOCÊ S/A)

Laura e Felipe: eles criaram um projeto que virou o novo emprego de ambos (André Lessa / VOCÊ S/A)

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Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2014 às 11h17.

São Paulo - A diretora de planejamento Laura Kroeff e o coordenador de monitoramento e métricas de redes sociais Felipe Attílio estavam em uma reunião de brainstorming, no escritório de Porto Alegre da agência de comunicação W3Haus, e logo a discussão de trabalho enveredou para o tema das mobilizações.

Era junho de 2013 e os protestos que paravam o país haviam se tornado ­assunto na mesa de todos os brasileiros — do gabinete da presidente Dilma Rousseff ao bar da esquina. O governo e as demais autoridades não conseguiam acessar a liderança dos movimentos que estavam nas ruas. Outra dificuldade era entender qual era a pauta das reivindicações.

Foi quando um clique estalou na cabeça de Laura e na de Felipe. O trabalho da W3Haus é orientar o posicionamento de marcas de grandes empresas com base nas menções que os consumidores fazem sobre elas nas redes sociais. Os sites de relacionamento eram as principais formas de mobilização e viralização dos protestos de junho de 2013.

Então, por que não criar uma ferramenta online para entender o que se passava nas redes sociais e ia parar nas ruas? Laura e Felipe, autores da ideia, tocaram o projeto adiante. Assim nasceu o Causa Brasil, que documentou em tempo real os motivos que levaram cada um dos milhões de brasileiros para as manifestações.

A ferramenta online virou um case de sucesso e acabou pautando a mídia e também o documento Cinco Pactos, proposto pela presidente Dilma em resposta às mobilizações. Com o sucesso da iniciativa, a carreira de Laura e Felipe acelerou. Eles contam como tudo aconteceu.

"Nós não sabíamos se seria possível colocar o projeto em prática. Estávamos habituados com um volume muito menor de monitoramento de menções, então não tínhamos certeza se seria possível decodificar os milhões de informações sobre os protestos do ano passado.

Todos se mostraram muito animados com o projeto. Em um intervalo de 15 minutos, pessoas de várias áreas da agência estavam na sala, tamanho o interesse de todos em fazer parte do trabalho. Contamos com o apoio de engenheiros, que nos ajudaram com os motores de busca. Nossa equipe de TI também contribuiu muito. Em menos de 24 horas, tínhamos a engenharia do projeto.

Nunca vimos as pessoas tão engajadas. Todas as áreas se uniram para levar sua expertise para o projeto. Trabalhamos sem parar — em 48 horas o site estava no ar. A equipe tinha gente com diferentes formações, o que fez com que o projeto se concretizasse rapidamente.

Outras empresas tentaram algo semelhante, mas não conseguiram um resultado tão bom quanto o nosso por dois fatores: utilizávamos as redes sociais como base da informação e tínhamos uma tecnologia chamada clusterização semântica, que constrói pilares de assuntos, em vez de somente informar as palavras mais mencionadas, como no tag cloud.

No começo, não tínhamos noção do impacto do projeto. Nossa ideia era criar algo que interpretasse as vozes múltiplas das redes sociais, mas não imaginávamos que o projeto ajudaria a pautar até mesmo o documento Cinco Pactos, da presidente Dilma. As cinco propostas estavam alinhadas com os cinco tópicos mais mencionados nas redes. A Secretaria de Comunicação da Presidência declarou a contribuição de nosso projeto. Foi demais.

Em março deste ano, apresentamos o Causa Brasil no South by Southwest, um dos mais importantes eventos de cultura e interatividade do mundo, que acontece no estado americano do Texas. Lá, percebemos que a necessidade de interpretar as vozes públicas por meio de ferramentas digitais é uma preocupação global.

Em maio, criamos a startup Bloom Digital Research, um novo braço de negócio dentro da W3Haus, que tem como objetivo usar a mesma tecnologia para marcas e produtos. A ferramenta ajuda as empresas a ter acesso à sua reputação nas redes sociais usando modelos digitais, como quizzes, jogos e outras plataformas inovadoras, para entender o que os consumidores pensam e dizem das marcas. Com essa tecnologia, conseguimos um resultado muito mais espontâneo e preciso. É uma nova experiência."

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