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O medo das instituições é positivo e necessário

Uma sociedade que não respeita suas instituições corre o risco de cair numa anarquia insustentável. Algo precisa ser feito


	Manifestante do Black Bloc picha muro com o símbolo anarquista durante protestos do 7 de Setembro
 (Marcelo Camargo/ABr)

Manifestante do Black Bloc picha muro com o símbolo anarquista durante protestos do 7 de Setembro (Marcelo Camargo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2014 às 17h40.

São Paulo - Já faz quatro anos que adotei o táxi como meu meio de transporte em São Paulo. Economizo tempo nos deslocamentos e não me aborreço procurando vaga para estacionar. Sem poder evitar o estresse do trânsito,  ao menos consigo reduzi-lo. De quebra, desfruto das opiniões dos taxistas sobre a vida, as pessoas e a cidade.

Um deles, o Benê, outro dia me deu uma aula de sabedoria. Ele me inspirou a escrever este artigo sobre como  exercemos nossa cidadania, uma ação que passa também pelo trabalho. Devido a uma  manifestação, estávamos parados num congestionamento, o Benê e eu, e começamos a conversar sobre as causas e os efeitos desses protestos.

Benê lançou a seguinte pérola: "As pessoas perderam o medo das instituições". É uma realidade absoluta. O jovem que agrediu o coronel da PM em São Paulo não teve medo da polícia. Os motoristas que passam o sinal vermelho, que param em faixas de pedestres, que abusam da velocidade e da bebida não se importam com a fiscalização, as multas ou mesmo a perda da carteira de motorista.

Os presos se articulam dentro das prisões porque o Estado e a Justiça não os intimidam mais. Nas salas de aula dos ensinos fundamental e médio,  os alunos perderam o medo do professor. É claro que não estou falando da coerção,  do temor da agressão física. Estou me referindo, como disse o Benê, à falta de medo das instituições. 

Perdeu-se o medo das instituições que são a base da sociedade civil. A corrupção não é apenas o desprezo pela Justiça, mas a falta  de medo de passar vergonha diante da sociedade. Na medida em que as sociedades perdem o medo e o respeito por suas instituições, podemos chegar a uma anarquia insustentável. De onde vem essa reação coletiva?

Provavelmente do processo educacional dentro de casa, da falta da prática dos valores, da ausência de consciência de cidadania.  O velho medo do olhar do pai, do gesto conhecido de  aborrecimento da mãe são ingredientes que não podem  desaparecer da sociedade em nome da educação sem limites.

A perda do medo das instituições estabelecidas no estado de direito, que podemos traduzir como perda  de respeito institucional, é que está provocando essas reações sem controle e sem limites. O exercício da cidadania é uma atitude pessoal, que deve ser praticada em todas as horas do dia, inclusive as que passamos no trabalho. Eu estou com medo.

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