Ilustração - O caminho do dinheiro (Denis Freitas/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2013 às 14h21.
São Paulo - De tempos em tempos, o governo nos convida a consumir. A redução do IPI é um exemplo desse tipo de convite, assim como a diminuição do compulsório dos bancos, a redução da taxa Selic e o aumento do salário mínimo acima da inflação. É fato que o consumo propicia maior bem-estar ao país do que dinheiro parado. Ao consumir, criamos renda em toda a cadeia produtiva, passando pelo comércio, pela distribuição, pela produção e pela extração.
Por outro lado, quando consumimos mais, deixamos de poupar. E aí cabe a questão: o que vale mais a pena? Contribuir para o crescimento do país hoje e acreditar que esse país retribuirá quando precisarmos, ou poupar e garantir o conforto no futuro por conta própria? A maioria dos brasileiros ainda segue a primeira opção, assumindo um grande risco.
Eu continuaria no caminho de poupar o suficiente para garantir a sustentabilidade de minha escolha, mesmo porque é possível contribuir com o consumo sem abrir mão da necessária poupança. O que falta aos brasileiros é perceber que é possível gastar mais com a simples melhoria da qualidade de consumo.
Por motivos que vão do comodismo à falta de tempo, muitos adquirem produtos pagando caro pela conveniência ou pela preguiça de pesquisar. Ao pagar mais por um mesmo produto, estamos enriquecendo apenas um elo da cadeia produtiva — normalmente o comerciante ou o distribuidor.
Outros, por dificuldade de planejar as aquisições, abusam do crédito disponível. Contribuem para uma estatística que seria estarrecedora em qualquer outro país do mundo: os brasileiros gastam cerca de 25% a 30% do que ganham apenas com o pagamento de juros, discretamente embutidos nas prestações de longos e caros financiamentos de automóveis, casas e outros bens, e com os juros proibitivos do cheque especial e do rotativo do cartão. Mais uma vez criam a carteira curta: do pouco que ganham, direcionam grande parte do dinheiro para os bancos.
Planejando melhor as compras, pesquisando taxas de financiamento e diminuindo os prazos das operações, gastaríamos menos com os juros e mais com o consumo, que faz a economia girar. É bom para a pessoa, é bom para o país. Se os consumidores não fossem tão ávidos para financiar sua falta de planos, os bancos poderiam ganhar um estímulo para financiar o crescimento dos negócios.
Em outras palavras, com uma sociedade financeiramente bem-educada, giraríamos com mais velocidade a roda da economia. Dinheiro já temos, agora, só falta usá-lo melhor.