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"O Brasil, ele vai evoluir". Essa frase está certa?

Diogo Arrais, professor do Damásio Educacional, explica o que é anacoluto, figura de linguagem que quebra a construção direta de uma frase - e deve ser evitada

Bandeira do Brasil (stock.XCHNG)

Bandeira do Brasil (stock.XCHNG)

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Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2015 às 08h38.

No estudo das figuras de linguagem, é muito comum a dúvida sobre o anacoluto. Etimologicamente, vem do grego “anakólouthos”, que significa “sem sequência, que não tem sequência com”.

Costumo dizer que o anacoluto é uma quebra na construção da frase; uma mudança abrupta de estruturação do enunciado.

Na fala, por exemplo, é recurso geralmente muito deselegante. Personalidades políticas costumam proferir assim:

“O Brasil, ele é país que vai evoluir.”

“O Obama, tenho certeza que ele vai ajudar o Brasil.”

Já se pode até afirmar que o anacoluto – na fala – tornou-se vicioso, uma espécie de muleta. Para se evitar, vale sempre a lembrança da relação “sujeito-verbo-complemento” das orações de nossa Língua:

“O Brasil evoluirá.”

“Tenho certeza de que Obama ajudará o Brasil.”

No entanto, no texto escrito, o anacoluto transmite construções poéticas interessantes. Gonçalves Dias, em Obras Poéticas:

“O forte, o cobarde
Seus feitos inveja”

Caso pensássemos tais versos sem o anacoluto:

“O cobarde inveja os feitos do forte.”

Além da construção poética, a ruptura presente no anacoluto serve para se reproduzir a fala de determinada personagem:

“Quero dizer que.. a minha vida, eu cuido dela!”
(Eu cuido da minha vida!)

Em termos mais simples, na fala e em textos considerados técnicos, o anacoluto não é um bom recurso. 

Um grande abraço, até a próxima e siga-me pelo Twitter!

Diogo Arrais
@diogoarrais
Professor de Língua Portuguesa – Damásio Educacional
Autor Gramatical pela Editora Saraiva
Acompanhe tudo sobre:Dicas de PortuguêsGramática

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