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O profissional enrolador não pode ser exemplo para ninguém

Alguns tipos de profissional só funcionam e são engraçados na ficção, mas não devem servir de inspiração para quem leva a carreira a sério

Caricatura de Rogério Cardoso, famoso pelo personagem Rolando Lero (Dave Santana / VOCÊ S/A)
DR

Da Redação

Publicado em 7 de agosto de 2014 às 15h24.

São Paulo - Tenho saudade de Rogério Cardoso e seu inesquecível personagem Rolando Lero, da Escolinha do Professor Raimundo, do genial Chico Anysio. Terrível, no entanto, é depender de alguém com o perfil do personagem no dia a dia de trabalho .

O Rolando Lero da vida real é aquele profissional que promete entregar um relatório vital para o andamento de um projeto e, na data combinada, antes de pedir desculpas pelo atraso, só falta começar a frase usando a expressão “amado mestre”, que consagrou o personagem do humorista Rogério.

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Esse comportamento é antiprofissional e deselegante. E, para ser honesta, quando isso vira um hábito é desleal com os pares e com a equipe. Jamais prometa aquilo que não poderá cumprir. Principalmente quando o trabalho de outros depender de seu desempenho em uma atividade.

O enrolador corporativo quase sempre está atrasado para seus compromissos, seja internos, seja obrigações assumidas junto a clientes ou parceiros de negócio.

Na maior parte das vezes a desculpa é o trânsito. Salvo em situações atípicas, como um dia de greve do transporte coletivo ou algum outro transtorno que tumultue a vida na cidade, a justificativa do tráfego é falácia. Ser competente implica saber gerenciar a agenda de trabalho. E o trânsito caótico, infelizmente, é parte do cotidiano da vida nas grandes cidades do mundo.

Portanto, não use mais o congestionamento como explicação para seus atrasos. Se você é chefe, pare de aceitar a justificativa. Você estará formando menos profissionais com o perfil Rolando Lero.

O assunto parece engraçado, mas não é. A cada deslize que comete, o enrolador prejudica a imagem de seriedade e comprometimento da empresa da qual faz parte. As informações a ser partilhadas com os pares ou com outros departamentos quase sempre são pífias ou irrelevantes.

Ele sabe muito pouco sobre o que anda acontecendo com seu time, porque quase todo enrolador tem um perfil que o faz ser absolutamente centrado em suas necessidades e em si mesmo. Dificilmente alguém assim sabe trabalhar em equipe de maneira produtiva.

Suas apresentações são quase sempre rasas e cheias de piadas e citações engraçadas. São recursos para maquiar a falta de conteúdo. Alguns personagens só funcionam e são divertidos na ficção. O Rolando Lero não deve servir de fonte de inspiração para nenhum de nós que levamos a carreira a sério.

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