Carreira

O benefício número 1 que mantém as pessoas felizes no trabalho, segundo executiva da Finlândia

O país mais feliz do mundo aposta em uma medida manter seus funcionários mais felizes, produtivos e engajados com o trabalho; veja qual é

Heidi Virta, diretora da Business Finland para a América Latina: “Aqui não existe esta cultura workaholic. O trabalho faz parte da vida das pessoas, mas a prioridade é a família, a saúde e os tempos de lazer.” (Business Finland /Divulgação)

Heidi Virta, diretora da Business Finland para a América Latina: “Aqui não existe esta cultura workaholic. O trabalho faz parte da vida das pessoas, mas a prioridade é a família, a saúde e os tempos de lazer.” (Business Finland /Divulgação)

Publicado em 14 de junho de 2024 às 11h37.

Última atualização em 14 de junho de 2024 às 12h00.

Tudo sobreFinlândia
Saiba mais

A Finlândia é o país mais feliz do mundo e, para levar esse sentimento para o mercado de trabalho, é preciso apostar em um grande benefício: a flexibilidade.

Um dos fatores que contribui para a flexibilidade no mercado finlandês é a confiança que as empresas depositam nos funcionários, segundo a finlandesa Heidi Virta, diretora da Business Finland para a América Latina.

“As pessoas na Finlândia confiam umas nas outras e isso permite um ambiente de trabalho flexível, porque a preocupação não é onde e quando a pessoa trabalha, mas o foco está nos resultados. Acreditamos na capacidade e nas palavras uns dos outros.”

O mercado de trabalho finlandês também tem uma hierarquia horizontal e igualitária, ou seja, o CEO da empresa e os funcionários trabalham no mesmo ambiente, juntos, e qualquer pessoa tem acesso à diretoria. “Isso torna o ambiente mais leve e flexível, pois há um ambiente de colaboração mútuo e de muito respeito.”

Outro ponto que a executiva reforça e que garante o sucesso da flexibilidade no mercado de trabalho da Finlândia é a filosofia de Work Life Balance - equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

“As empresas se preocupam com o bem-estar do funcionário, então, se para ele é melhor, por exemplo, trabalhar mais dias de casa e estar com a família, ou até viajar, isso não é um problema. As empresas entendem que não é preciso estar presencialmente no escritório para entregar resultado, e nem ter um horário fixo. O colaborador tem a flexibilidade de escolher o horário de iniciar a jornada de trabalho e quando vai tirar o tempo de descanso”, diz a executiva que reforça que as empresas têm uma carga horária de 8 horas por dia ou até 6 horas.

“Aqui não existe esta cultura workaholic. O trabalho faz parte da vida das pessoas, mas a prioridade é a família, a saúde e os tempos de lazer.”

Ela trabalha menos de 8 horas por dia

A brasileira Brena Valéria da Cruz Cardoso se mudou para a Finlândia em 2023 para assumir o cargo de UX Designer na Neon Koi, empresa de games que faz parte da PlayStation Studios. Ela é uma dessas funcionárias que se sente feliz com a rotina do trabalho. A companhia de jogos, que fica localizada na cidade de Helsinki, oferece para os seus mais de 40 funcionários um regime de trabalho de 7,5 horas por dia no formato flexível.

Entre os principais benefícios do trabalho na Finlândia, a brasileira reforça que está o equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho, ambiente inclusivo para imigrantes, educação, desenvolvimento profissional e claro, a tão querida flexibilidade.

“A flexibilidade realmente funciona aqui. Temos a liberdade de flexibilizar o horário de trabalho para equilibrar melhor nossas vidas pessoais e profissionais”, diz. “Por exemplo, eu me organizo para passar um tempo a mais com meu marido, porque devido ao trabalho remoto para o Brasil, temos horários diferentes, então as vezes eu escolho começar mais cedo ou mais tarde para passar um tempo a mais com ele, e está tudo bem para empresa, desde que cumpra as responsabilidades e mantenha dentro do horário principal de comunicação do time.”

“Work Life Balance” sempre pareceu uma palavra alienígena para Cardoso, não só por ser em inglês, mas porque ela não sabia muito bem como aplicá-la no dia a dia.

“Na indústria de jogos é muito comum ouvir histórias de jornadas de trabalho que passam das comuns e levam pessoas ao burnout. Às vezes você fica tão focada tentando entregar o melhor jogo que você acaba vivendo apenas para aquilo e deixando de viver. Eu sentia muito isso antes. Aqui, a saúde mental é levada à sério, se deu o seu horário você deve sair, a Finlândia leva isso à risca”, afirma Cardoso que reforça que inclusão também é muito relevante no país mais feliz do mundo.

“Como mulher trabalhando numa indústria majoritariamente masculina, eu sinto que aqui sou valorizada e respeitada, o que faz toda diferença na entrega final.”

Brena Valéria da Cruz Cardoso, UX Designer: "A flexibilidade realmente funciona na Finlândia" (Business Finland /Divulgação)

A flexibilidade que começa na sala de aula 

A cultura "Work Life Balance" se estende para todos os setores do país, segundo a finlandesa Virta. “Os professores e a educação são muito valorizados na Finlândia, entendemos que as crianças também precisam de tempo para estudar, brincar, se divertir, ficar com a família e descansar.”

Para ser professor no país mais feliz do mundo, é preciso ser um dos melhores alunos e todos precisam ter mestrado, afinal é uma das carreiras mais estimadas, afirma a executiva da Business Finland.

“Muitas vezes, o jogo e as brincadeiras são as melhores maneiras para ensinar as crianças. Por isso, as crianças não são obrigadas a começar a ler, por exemplo, antes dos 7 anos. A educação é um complemento da vida dessa criança, é uma parte importante, mas não é o centro de tudo, assim como o trabalho também não é o ponto mais importante da vida dos finlandeses.”

Acompanhe tudo sobre:FinlândiaFelicidadeflexibilidade-no-trabalhoAmbiente de trabalho

Mais de Carreira

Esses 3 comandos do ChatGPT podem fazer você aprender qualquer coisa e em qualquer idade

“Espírito de startup”: Como Luiza Trajano enxerga a força do empreendedorismo no Brasil

Como responder "Por que você tirou um ano sabático?" na entrevista de emprego

A estratégia de Bill Gates e Warren Buffett para ler livros em tempo recorde