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Novo horizonte: a aposta da Latam Brasil para decolar na área de diversidade

Especificamente para as áreas de pilotos e manutenção, historicamente masculinizadas, a meta da companhia é atingir 10% de mulheres até 2030; veja como

Henrique Mendes, coordenador de Desenvolvimento Organizacional da LATAM Brasil: “Meninas não são estimuladas a serem pilotos de aeronave desde criança, mas queremos mudar esse cenário por meio da educação” (Latam Brasil /Divulgação)

Henrique Mendes, coordenador de Desenvolvimento Organizacional da LATAM Brasil: “Meninas não são estimuladas a serem pilotos de aeronave desde criança, mas queremos mudar esse cenário por meio da educação” (Latam Brasil /Divulgação)

Publicado em 31 de agosto de 2024 às 08h30.

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A jornada de diversidade e inclusão da Latam não se resume no Brasil. Por estar presente em 25 países, a companhia sentiu a necessidade de criar um comitê global de diversidade e inclusão para adaptar suas estratégias às particularidades de cada região.

“No Brasil, por exemplo, questões raciais são uma prioridade, diferentemente de outros países, como o Chile, onde esse tema não é tão relevante por não existir uma representatividade na sociedade que justifique tais ações”, afirma Henrique Mendes, coordenador de Desenvolvimento Organizacional da Latam Brasil.

O comitê, segundo Mendes, foi fundamental para implementar um plano estratégico e tático que visa aumentar a representatividade de grupos diversos dentro da empresa, assim como a sua inclusão.

“Conseguimos avançar a partir do momento que conhecemos as barreiras que impediam com que as pessoas diversas ingressassem na companhia, como a geografia, a educação bilingue e vieses inconscientes no momento da contratação”, afirma Mendes.

A era da aeromoça passou

Uma das formas de inclusão começou com o letramento interno, em que a companhia capacita funcionários para que possam compreender, respeitar e agir de maneira inclusiva e equitativa dentro e fora da empresa.

A mudança começou na contratação dos funcionários de bordo da Latam Brasil. A companhia substituiu o termo "comissário de bordo" por "tripulante de cabine" como parte de um esforço para adotar uma linguagem mais neutra para um cargo que por anos seguiu padrões estéticos e de gênero.

“Sempre tivemos muito mais mulheres comissárias de voo do que homens, por exemplo”, diz Mendes. “Saímos do termo ‘aeromoça’ para ‘comissário de bordo’, e buscamos com o ‘tripulante de cabine’ uma forma de neutralizar essa função que por muitos anos foi vista como um trabalho para mulheres”.

A diversidade decola com ações intencionais

Para atingir as metas de diversidade e inclusão, a LATAM Brasil implementou algumas ações afirmativas. Um exemplo foi a mudança no processo seletivo para tripulantes de cabine, que passou a ser realizado 100% online desde 2022.

“Pela primeira vez na história da aviação no Brasil, realizamos a contratação de um comissário de voo remotamente, que possibilitou com que pessoas do Brasil inteiro participassem. Com esse processo, aumentamos a possibilidade de diversidade regional e racial”, diz Mendes.

Só com essa mudança de processo seletivo, a Latam Brasil já conseguiu sair de um cenário de 8% de tripulantes negros há 3 anos para 20% atualmente.

O idioma é outro grande desafio para a maioria dos brasileiros que deseja seguir a carreira na área da aviação. No primeiro filtro do processo seletivo da Latam Brasil, Mendes conta que os testes de idioma eram os que excluíam candidatos.

“Quando falamos do Brasil, cerca de 1% das pessoas são bilíngues. Ou seja, apenas 1% da população poderia virar comissário no nosso país”, diz Mendes.

“Tomamos, então, a medida de eliminar o inglês como um critério eliminatório dos nossos processos seletivos”.

Para ajudar na inclusão e no desenvolvimento de todos os funcionários, a companhia área disponibiliza desde 2022 uma plataforma online de 12 idiomas, 100% gratuito, para todos os funcionários. “Afinal, o idioma é uma habilidade importante para funcionários de uma companhia aérea”, afirma Mendes.

Ainda na pauta de desenvolvimento, a LATAM Brasil está investindo em programas de bolsas de estudo e parcerias com instituições com o objetivo de formar profissionais diversos. O foco desses programas de bolsas será prioritariamente em mulheres, pessoas com deficiência (PCD) e negros, especialmente para áreas onde há uma menor representatividade desses grupos, como os cargos de pilotos e mecânicos.

"Pilotos e manutenção são áreas que historicamente sempre foram muito masculinizadas por uma questão de estrutura social. Meninas não são estimuladas a serem pilotos de aeronave desde criança, mas queremos mudar esse cenário por meio da educação”.

Em 2022, a companhia admitiu para a área de Manutenção Aeronáutica no Brasil o seu primeiro grupo de estagiários com foco na inclusão, com quase 80% de pessoas pertencentes a grupos sociais considerados minorizados entre os selecionados.

Novos voos

Como resultado das medidas de diversidade, em 2022, as mulheres representaram mais de 60% dos cargos executivos contratados pela LATAM no Brasil.

Até 2030, a meta global da companhia é alcançar é garantir uma disparidade mínima de 40% e máxima de 60% entre homens e mulheres em todas as áreas da companhia. Especificamente para as áreas de pilotos e manutenção, historicamente masculinizadas, a meta é atingir 10% de mulheres até 2030.

Quando o recorte é PCD, a companhia atingiu a meta inédita de 5% de contratações de pessoas com deficiência em 2023, ano em que também anunciou a abertura de 60 vagas para pessoas com deficiência para a função de auxiliar técnico nos centros de manutenção de aeronaves da companhia.

O recorte racial, que é uma das frentes de diversidade no Brasil, encerrou o ano de 2023 com 18% de pessoas negras no grupo de tripulantes de cabine da Latam Brasil, número 4% superior ao de 2022.

Nos seis primeiros meses de 2024, no quadro de contratações de tripulantes de cabine, mais de 46% de representatividade negra, 32% de residentes fora da região Sudeste do Brasil e 1% de pessoas trans.

"Apesar dos avanços, ainda estamos engatinhando. Temos muito potencial para avançar e queremos decolar no tema diversidade", diz Mendes.

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