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Mulheres ainda ocupam cargos mais baixos na imprensa, diz RSF

Segundo relatório da Repórteres Sem Fronteiras, mundo do jornalismo ainda é "amplamente masculino", "onde as mulheres estão excluídas"

Mulher repórter: estudo mostra que jornalistas são "preferidas" em ataques à profissão (Ivana/stock.XCHNG)

Mulher repórter: estudo mostra que jornalistas são "preferidas" em ataques à profissão (Ivana/stock.XCHNG)

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Da Redação

Publicado em 7 de março de 2011 às 12h31.

Paris - A mulher se incorporou ao trabalho de jornalista nos últimos 20 anos em muitos países, mas ocupa os cargos mais baixos, enquanto os de direção seguem sendo terreno exclusivo dos homens, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

Essa ausência de mulheres nos postos mais altos provoca uma visão determinada na imprensa, "um mundo ainda amplamente masculino onde as mulheres estão excluídas", assinalou a organização no relatório elaborado por ocasião do Dia Internacional da Mulher, celebrado na terça-feira.

Neste sentido, o estudo revela uma pesquisa de 2006 que estabelecia que as mulheres representassem menos de 20% das pessoas citadas nos artigos, ao tempo que assinalava que a imagem delas era "padronizada e desvalorizada".

Em outros lugares a situação é mais dramática, ressalta a organização defensora da liberdade de imprensa, que indica que as mulheres são "alvo preferido" de ataques, violências e encarceramentos ligados a sua profissão de jornalistas.

Neste sentido, o relatório denuncia os "grandes riscos" que comporta em alguns países para os jornalistas interessar-se pelos problemas das mulheres e a violência que sofrem fruto das tradições.

Em outros países, como o Afeganistão, "a segregação das mulheres jornalistas vai em paralelo com a das mulheres em geral", que "não encontram um lugar" na sociedade.


O estudo também revela alguns casos de jornalistas que, graças a sua implicação, conseguiram avanços na situação da mulher, em algumas ocasiões a custo de sua própria liberdade.

Em outros casos, segundo o relatório, a condição de mulher facilita o trabalho de alguns jornalistas, como relata a cubana Magali Norvis Otero Suárez, que afirma que "não batem nas mulheres nas manifestações quando vão cobri-las".

O estudo também presta homenagem às "mulheres de jornalistas e defensores dos direitos humanos assassinados ou presos" que "em algumas ocasiões se casaram com um homem e com sua causa".

Como exemplo cita às "Damas de Branco" de Cuba, o coletivo de mães e esposas de dissidentes presos desde 2003 que se reúnem todo domingo para reivindicar sua libertação.

Todos estes casos obrigam muitos jornalistas a exilar-se de seus países, como revela que entre 10% e 15% das ajudas emitidas pelo RSF para litigantes de asilo procedem de mulheres, a maior parte delas iranianas.

A organização recomenda que se iniciem programas específicos de proteção de mulheres jornalistas e que reforce a cooperação entre organizações defensoras dos direitos das mulheres e da liberdade de expressão.

Além disso, pede a criação de "Casas de Mulheres Jornalistas", que se apoie na criação de organismos de formação para elas com associações para reagrupar as reporteres.

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