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Microsoft: resultados ok; mão de obra, nem tanto

Gigante da tecnologia divulga resultados nesta quarta-feira, dias após fechar lojas físicas e demitir funcionários

MICROSOFT: pandemia impulsionou a nuvem, mas ampliou os desafios com pessoas (Dado Ruvic/Reuters)

Luísa Granato

Publicado em 22 de julho de 2020 às 06h36.

Última atualização em 22 de julho de 2020 às 07h23.

Impulsionada pelos serviços de computação na nuvem, a Microsoft divulga nesta quarta-feira os resultados financeiros do segundo trimestre de 2020. A depender do ritmo visto no começo do ano, o cenário é promissor. No trimestre encerrado em março, a gigante fundada por Bill Gates faturou 35 bilhões de dólares – 15% acima do período anterior.

Só em 2020 as ações da empresa já valorizaram 35%. Para os analistas, a pandemia pode até afetar o resultado agora, mas nada que preocupe muito. O mercado espera um lucro por ação de 1,34 dólar, seis centavos abaixo do resultado do primeiro trimestre, segundo a rede americana CNBC.

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O horizonte tranquilo permitiu inclusive à empresa anunciar, ontem, o primeiro investimento de um fundo de 1 bilhão de dólares para apoiar iniciativas de redução na emissão de carbono. O fundo é apoiado também por gigantes como a varejista Amazon e a fabricante brasileira de cosméticos Natura.

Se nas finanças não há muitas dores de cabeça, nos recursos humanos a Microsoft vem esbarrando num desafio: como treinar a mão de obra que ficou obsoleta com a pandemia? Em junho, a empresa fechou de vez 80 lojas físicas nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido. A decisão acompanha a mudança do portfólio da empresa, focado em serviços digitais, disse o vice-presidente, David Porter.

Aos mais de 3 mil funcionários das lojas fechadas, a empresa deu a opção de trabalhar em tarefas como o atendimento de clientes à distância. Apesar disso, nem todo mundo concordou. Segundo o site Business Insider, a empresa demitiu 1 mil funcionários na semana passada após resistências ao plano.

A Microsoft não está sozinha neste desafio. Com milhares de voos cancelados pela Covid-19, a companhia aérea Scandinavian Airlines (SAS) treinou mais de 300 funcionários, até então de braços cruzados, para trabalhar no sistema de saúde da Suécia. No Brasil, a varejista Via Varejo treinou vendedores de lojas físicas, fechadas pela Covid-19, para vender pelo WhatsApp.

Mais de 1 bilhão de empregos serão transformados pela tecnologia em dez anos, diz a OCDE, organização de países desenvolvidos. Com algumas funções se tornando redundantes, o outro lado da moeda é a falta de mão de obra especializada para funções técnicas na área de tecnologia.

Há quem veja a pandemia como um impulso aos investimentos em qualificação. “Um treinamento pode significar uma economia. Os funcionários já conhecem a cultura da empresa e a transição interna é boa para o negócio e para o trabalhador”, diz Irene Azevedoh, diretora de transição de carreira e gestão da mudança na consultoria LHH.

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