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Me dá dinheiro aí: Como marcas e o trabalho voluntário ajudam os blocos de carnaval a irem para rua?

Vejam como diferentes carreiras e marcas dão a estrutura necessária para colocar os foliões na rua

“Brega Fogo e Paixão” é um dos blocos do Rio que receberá patrocínio da marca Stanley (Divulgação: Bloco Fogo e Paixão)

Publicado em 13 de janeiro de 2024 às 09h30.

Última atualização em 11 de fevereiro de 2024 às 08h23.

Os blocos de Carnaval do Rio começaram em janeiro e devem contar com mais de 400 desfiles até a quarta-feira de cinzas, segundo a lista preliminar da Riotur (Empresa de Turismo do Rio de Janeiro), mas como são organizados os blocos que levam a alegria do Carnaval para milhares de brasileiros? Como eles são mantidos?

No Rio, é normal que um bloco de carnaval seja criado em uma conversa de bar. Foi entre uma cerveja e uma roda de samba, que dois blocos cariocas foram idealizados em um bar no bairro da Lapa: “Bloco Desliga da Justiça” criado em 2009, e o “Bloco Brega Fogo e Paixão” criado em 2010.

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Assim como a origem desses blocos pode ser curioso para muitos, a organização para que esses foliões cheguem às ruas e apresentem um desfile de sucesso depende de patrocínios e do trabalho voluntário de diferentes profissionais.

Os profissionais que levam um bloco para a rua

A organização de um bloco é como se fosse de uma empresa, afirma, Leandro Monteiro, presidente do Bloco Desliga da Justiça, que conta com cerca de 40 profissionais para o gerenciamento do bloco.

“Todos nós trabalhamos de forma voluntária, dedicamos talentos e pagamos uma anuidade para ajudar a manter a cultura do carnaval viva na cidade.”

Camila Dias, profissional de Relações Públicas do bloco Desliga da Justiça (Divulgação: Desliga da Justiça )

A parte artística, chamada de harmonia, são os únicos profissionais pagos dentro do bloco Desliga e Paixão, segundo Monteiro. “São cantores e músicos com instrumento de cordas, como violão, cavaquinho e contrabaixo.”

As fantasias costumam contar com serviço terceirizado também, assim como outras áreas que prestam serviços para o bloco. “É um período em que muitas costureiras e pequenos empreendedores como distribuidores, bombeiros civis e ambulâncias, conseguem gerar renda, porque contam com um boom de serviço nesta época do Carnaval”, afirma Monteiro, que reforça que é a uma exigência da prefeitura que o bloco tenha a própria ambulância com serviços médicos e de enfermaria, caso tenha alguma intercorrência.

Somando os funcionários voluntários do gerenciamento, com a bateria e terceiros, a escola reúne cerca de 150 profissionais.

Assim como há profissionais atuam com suas profissões no gerenciamento do bloco, há também profissionais que se encontram em outras profissões no Carnaval.

“O nosso mestre de bateria, por exemplo, é um engenheiro. De dia ele faz conta, e de noite nos ensaios ele faz ritmo,” diz o presidente do bloco Desliga da Justiça.

Comissões: ajudar como pode e aonde quer

O “Bloco Brega Fogo e Paixão”, inspirado por cantores como Wando, Sidney Magal e Reginaldo Rossi, sempre tiveram uma diretoria que controlavam todos os setores, mas desde 2022 criaram comissões.

“Qualquer integrante do bloco, de acordo com a sua formação e vontade de ajudar pode participar da forma que achar melhor. A pessoa pode atuar na área de comunicação, assim como também na bateria”, afirma João Marcelo Oliveira, um dos organizadores do bloco Fogo e Paixão.

São cerca de 150 pessoas que trabalham nas comissões, entre funcionários voluntários e terceiros.

Quem mais ganha com o patrocínio: o bloco ou as marcas?

“O nosso primeiro patrocinador é o dono do bar onde surgiu o bloco, e ele se mantém até hoje”, diz o diretor do Bloco Brega Fogo e Paixão, que ao se inspirar no Wando, já teve o cantor como padrinho, o qual ajudou na campanha de crowndfunding, que foi a primeira campanha de financiamento para colocar o bloco na rua no segundo ano de vida.

Mas não é só de “vaquinha” e de cota de voluntário que se mantém um bloco. Neste ano, segundo Oliveira, além do Bar do Augusto, o Fogo e Paixão contará também com o patrocínio da Stanley e do Samba Bet. “Neste ano prevemos arrecadar um valor entre R$ 120 e R$ 150 mil para realizarmos o desfile para um público de 45 mil pessoas.”

Esse valor que ajuda um bloco a ir para a rua pode variar, porque depende da estrutura de cada bloco, afirma Monteiro. “Com o público crescendo, é exigido um som maior, por exemplo, ou seja, a estrutura cresce junto com o público. Hoje para colocarmos o Desliga da Justiça na rua precisamos ter cerca de R$ 80 mil”.

O Desliga da Justiça também contará, segundo Monteiro, com o patrocínio da Stanley e do Guaraná Zero.

Para Oliveira, a marca ganha com o patrocínio uma forma diferente de se divulgar. "Com o Carnaval, a marca tem a possibilidade de se expor de forma descontraída e como incentivadora da cultura popular brasileira. O bloco, por meio do patrocínio, consegue viabilizar a festa com mais estrutura, além de movimentar uma indústria de fornecedores que é fundamental para que o carnaval aconteça, como empresas de som e trios, costureiras, ambulantes, músicos e técnicos."

A Stanley começou recentemente a apostar na festa que é uma das mais populares do país. Em 2022, a companhia fez a primeira ativação de carnaval em camarote da Sapucaí. Já em 2023, participaram do “Universo Spanta” e fizeram ativações nos blocos cariocas “Spanta Neném”, “Desliga da Justiça” e “Só Toca Bloco”, e no paulista “Beleza Rara”. No mesmo ano, já no carnaval, a marca esteve em camarotes do Rio de Janeiro e Salvador.

"Para 2024, estamos aumentando significativamente nossa verba de marketing dedicada aos blocos para expandir nosso apoio ao carnaval de rua", afirma Melissa Brunetto de Campos, gerente de marketing da Stanley.

Desfile do bloco Desliga da Justiça em 2023 (Divulgação: Desliga da Justiça )

A agenda do Carnaval não tem fim

Para quem gosta de um bloco de rua, é possível ver

Acabando o período do Carnaval, o trabalho voluntário e a busca por patrocínios continuam - e praticamente do zero. “Entre março e abril já estamos pensando no próximo ano e nos patrocínios. É o ano inteiro de trabalho para fazer parte do feriado que é cara do Brasil”, diz Oliveira.

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