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MBA focado em países emergentes vale a pena para você?

As escolas internacionais de negócios agora oferecem cursos para profissionais interessados em países emergentes

Ilustração - MBA para emergente (Céllus)

Ilustração - MBA para emergente (Céllus)

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Da Redação

Publicado em 28 de março de 2013 às 19h07.

São Paulo - As principais escolas de negócios do mundo estão revendo seu conteúdo curricular para os cursos de MBA. Isso porque as economias emergentes, como Brasil, China e Índia, têm despertado maior interesse de investidores, recrutadores e dos jovens de países desenvolvidos.

Entre as dez primeiras escolas no ranking do jornal inglês Financial Times, referência para o segmento, todas oferecem cursos voltados para os países emergentes. A inglesa London Business School criou um curso cuja temática são novos negócios em mercados em desenvolvimento. A americana MIT Sloan Management foi mais longe: fez uma parceria com a escola de negócios russa Skolkovo, a primeira essencialmente focada em cursos para os Brics, sigla para Brasil, Rússia, China e Índia. 

Os MBAs criados pela Skolkovo pretendem desenvolver líderes e empreendedores para atuar nos países emergentes. O curso tem 45 estudantes por turma e dura 16 meses. Os alunos começam a estudar em Moscou e depois viajam para Índia, China e Estados Unidos.

No Brasil, a Skolkovo conta com um MBA Executivo em parceria com a Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais. A escola brasileira recebeu uma turma de jovens da escola russa em março. “Em vez de termos estudos de caso e todas as teorias dos países ricos, contamos com a experiência e a vivência nos próprios países”, diz Stephan Dertnig, diretor de projetos da Skolkovo. O MBA russo está no início de sua terceira turma. 

Os primeiros quatro meses do curso acontecem na Rússia e os alunos moram em flats dentro do campus universitário. Essa é a parte mais teórica do programa, com estudos de caso e aulas em classe.

Depois disso, seguem-se dez meses de projetos reais na Índia e na China tocados por grupos de, no máximo, cinco alunos, além de uma temporada de aulas no MIT, em Boston, nos Estados Unidos. Em cada país, o foco se volta para uma especialidade local.

Enquanto na China os estudantes se debruçam sobre a linha de produção, na Índia o objeto de estudo é o empreendedorismo social e,   na Rússia, o relacionamento das empresas privadas com o governo. “É um misto de MBA clássico com coisas que você tem em várias escolas de negócios, e outros dez meses de projetos reais, muito próximos do trabalho de consultoria”, diz Stephan, o diretor da escola.

Depois desse módulo intensivo de gestão, os alunos voltam para Moscou para mais dois meses dedicados a iniciar os próprios projetos e tocá-los com a ajuda da instituição. 

O programa da Skolkovo de fato põe a pessoa em contato com realidades de diversos países relevantes no atual cenário global. Nesse sentido, ele está bem à frente do que é oferecido no Brasil. Mas não é só isso. Há outros três itens que integram a grade curricular da escola de negócios russa que não são encontrados na maioria dos MBAs brasileiros.


O primeiro deles é o foco no empreendedorismo. A Skolkovo dá todo o suporte para a criação de organizações sugeridas pelos alunos: desde assessoria jurídica e contábil até estrutura de escritório e consultoria. São dois meses de incubadora de negócios.

“Até depois de se formar, nossos alunos contam com apoio para iniciar uma empresa”, diz o coordenador do curso, Wilfried Vanhonacker. O segundo aspecto é a rede de relacionamentos.

As aulas, os estudos de caso e os projetos são feitos por profissionais vindos de países em desenvolvimento. Além disso, o contato direto gera relacionamentos sólidos com esses mercados, o que pode fazer a diferença no futuro. O terceiro ponto são os projetos e as turmas reduzidas, que permitem a participação efetiva de todos.

As turmas são divididas em equipes de cinco pessoas, que fazem um trabalho de consultoria em companhias parceiras do curso. Os projetos criados na Skolkovo continuam vigentes nas empresas e muitas vezes geram convite de trabalho aos alunos nessas mesmas companhias.

 O preço do curso é o ponto negativo. Ele custa 60 000 euros, o equivalente a 160 000 reais — valor duas vezes superior ao MBA One da Fundação Getulio Vargas, que também possibilita ao aluno a experiência internacional. Em tempos de dólar barato, o preço cobrado pela Skolkovo também é pouco competitivo se considerarmos as melhores escolas americanas.

Com 160 000 reais o estudante consegue pagar por um MBA nos Estados Unidos e ainda custear os dois anos de moradia no exterior. Porém, os poucos brasileiros (dois até o momento) que experimentaram o MBA russo não se arrependeram. “Achei muito mais interessante fazer projetos reais do que passar meus dias dentro da sala de aula estudando casos”, diz o economista mineiro Marcus Alves, de 31 anos, aluno do MBA da Skolkovo. 

A experiência russa, no entanto, mostra que há novas formas de pensar o MBA. Algo que os coordenadores no Brasil precisam aprender.

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